Liberdade de Expressão

 

Comentários para este email

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

domingo, fevereiro 29, 2004

 
É verdade

as "Vanessas" envelhecem mal

 
Há petróleo no Haiti

Um contingente de marines norte-americanos prepara-se para seguir para o Haiti, anunciou este domingo o presidente norte-americano, George W. Bush.

sábado, fevereiro 28, 2004

 
Lies, Damn Lies, and Statistics

Receitas extraordinárias equivalem a 80% do défice

Esta percentagem é tanto maior quanto menor for o défice. Se o défice fosse zero, as receitas extraordinárias seriam equivalentes a uma percentagem infinita do défice.

 
Florida da Europa

A ideia do turismo como prioridade nacional é tentadora. Pensem só nas possibilidades. Os portugueses podem ser empregados de mesa, arrumadores, recepcionistas, empregados de quarto, jardineiros ou caddies.

 
Guterres nunca recorreu a receitas extraordinárias

EMPRESA DATA % do Capital vendido

BRISA 11/24/1997 35%
BRISA 11/09/1998 31%
BRISA 05/24/1999 20%
BRISA 07/16/2001 4.764%
CIMPOR 10/15/1996 45%
CIMPOR 05/18/1998 25%
EDP 06/16/1997 29.9%
EDP 06/26/1998 17.45%
EDP 10/23/2000 20%
PT TELECOM 06/01/1995 14.21%
PT TELECOM 06/11/1996 6.66%
PT TELECOM 10/09/1997 26%
PT TELECOM 07/12/1999 3.84%
PT TELECOM 12/04/2000 11%
CIMPOR 07/30/2001 10.049%


 
Economia Neo-Democrática III

Ver post no Intermitente

 
Economia Neo-Democrática II

Os Neo-Democratas querem baixar a taxa do IVA na restauração para 12 por cento, de forma a incentivar o turismo, encarado como "uma prioridade nacional.

Mas o IVA é um imposto inderecto que serve para obrigar os cidadãos a pagar pelos serviços do estado. Porque é que os Neo-Democratas acham que quem vai habitualmente jantar fora consome menos serviços públicos? E se o turismo é uma prioridade nacional, como é que isso se compatibiliza com as prioridades de cada um dos portugueses? É que se o turismo se fosse uma prioridade de cada um dos portugueses não precisaria de incentivos.

 
Economia Neo-Democrática

Os Neo-Democratas querem a redução, temporária, das contribuições das empresas para a segurança social.

Não se percebe porquê. As contribuíções para a segurança social, sejam elas pagas pelos trabalhadores ou pelas empresas, são o preço pago pelos beneficios sociais. Uma redução temporária deste preço não faz sentido nenhum, a não ser que seja acompanhada de uma redução igualmente temporária dos benefícios ou de melhorias excepcionais e igualmente temporárias da gestão dos fundos da segurança social.

Segundo os Neo-Democratas esta medida iria reduzir o desemprego. Eu duvido. É que, se as contribuíções diminuem temporariamente e os benefícios são os mesmos, então é porque o preço anterior é que estava certo. Os custos do trabalho são reduzidos artificialmente e os empresários são induzidos a alocar mal os seus recursos. São induzidos a alocar recursos em actividades de trabalho intensivo, quando se calhar o que deviam fazer era alocar os recursos em actividades de capital intensivo.





 
Flat Tax

Na verdade, o flat tax não é nada flat. É um imposto proporcional ao rendimento. Ora, os serviços que o estado presta a um determinado cidadão só por acaso é que são proporcionais ao seu rendimento.

 
Socialismo do lado da oferta

"Suply side economics" é uma corrente económica segundo a qual, pelo menos na sua versão mais popular, o estado deve estimular a produção de riqueza baixando os impostos.

Não funciona. Os impostos deviam ser o preço dos serviços do estado. E o preço dos serviços do estado não pode ser estabelecido por razões políticas como a vontade de estimular a economia. Tem que ser estabelecido por critérios económicos. Se os serviços do estado são vendidos ao preço "errado", o estado está a induzir os agentes económicos a produzirem bens e serviços que na verdade ninguém valoriza.


PS - É claro que, como não existe um mercado para os serviços do estado, o preço tem que ser estimado indirectamente, mas esse é outro problema.

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

 
Agora já não há nada para conservar

Bush quer conservar a instituíção do casamento. Mas já é tarde. Já não há nada verdadeiramente valioso para conservar.

Os conservadores deviam ter conservado o casamento quando ele ainda era uma instituíção privada.

Agora, o casamento é uma instituíção pública com privilégios especiais. Uma fonte de renda, renda que resulta das transferências coercivas dos solteiros para os casados.

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

 
E os serviços secretos servem para ... espiar

Annan ficará "desiludido" se informações sobre escutas se confirmarem

 
Separar o lixo prejudica gravemente o blogging

Lamento não estar a blogar. Tive que ir separar o lixo.

 
Um fiscal por caixote do lixo II

Declarações delirantes do Secretário de Estado do Ambiente. Pergunta o jornalista como é que o estado vai fiscalizar os cidadãos . Como é que o estado vai descobrir quais são os cidadãos que separam o lixo e quais os que não o separam? Para depois se aplicar a multinha. No fundo, se vai haver um fiscal por caixote do lixo?

O Secretário de Estado responde que os serviços camarários têm já a capacidade de, abrindo um saco do lixo, identificar o cidadão que produziu o seu conteúdo. E que a coisa se fará por aí.

Eu estou-me nas tintas para os óbvios problemas de irrealidade do Secretário de Estado do Ambiente. O homem parece inofensivo e é improvável que consiga fazer alguma coisa verdadeiramente desastrosa. Alguém mais sensato acabará, depois de uma boa gargalhada, por o meter dentro de um colete de forças.

Estou mais preocupado com a minha privacidade. Eu desde já exijo que o meu lixo seja equiparado às minhas telecomunicações . Exijo que o meu lixo só possa ser aberto por ordem de um juiz e exijo que toda a informação irrelevante seja apagada dos arquivos dos fiscais do lixo. E vou começar a encriptar o meu lixo para confundir os fiscais. E sou contra o cruzamento dos dados obtidos no lixo com os dados da segurança social.

 
Os valores são subjectivos:harmonização implica coerção

O Blog Liberal Social propõe políticas ambientais liberais. Uma delas é a harmonização das política ambientais ao nível Europeu:

Não faz sentido, num mercado comum, que alguns países sejam mais exigentes que outros, pois isto apenas significa que aqueles que optarem por normas menos restritas, irão no curto prazo beneficiar economicamente deste facto. Obviamente isto cria distorções ao nível dos mercados, que não são aceitáveis num mercado que é suposto não ter fronteiras.



Não percebo como é que esta medida pode ser considerada liberal. A maior parte dos problemas ambientais têm consequências locais. Os valores são subjectivos e cada individuo terá a sua lista de preferências. A posição dos bens ambientais na lista de preferências de cada um depende das inclinações e das circunstâncias pessoais, as quais tenderão a ser mais uniformes quanto mais uniforme for a comunidade.

Comunidades em estágios de desenvolvimento diferentes têm preferências médias diferentes. Normalmente, os bens ambientais sobem na escada de valores à medida que as outras necessidades materiais forem sendo satisfeitas. A harmonização das leis ambientais, quando mais nada é uniforme, implica a imposição de valores das comunidades mais ricas às mais pobres.

Ora, se as comunidades mais ricas acham que os bens ambientais têm um dado valor, terão que pagar o preço correspondente. E o preço, neste caso, são custos de produção mais elevados.

As comunidades mais pobres não podem é ser obrigadas a inverter a sua escala de valores só porque alguém acha que o ambiente deve ser imposto como valor supremo.

Não é bem verdade que "aqueles que optarem por normas [ambientais] menos restritas, irão no curto prazo beneficiar economicamente deste facto". Ou antes, é verdade, mas isso não significa que a este benfício corresponda uma perda das comunidades onde as normas são mais restritas. Isto só aconteceria se os valores fossem absolutos e se os bens ambientais não tivessem valor económico. Na verdade, se uma comunidade uniforme opta democraticamente por normas mais restritas é porque nessa comunidade os bens ambientais têm mais valor que nas comunidades que optam por normas menos restritas. As perdas económicas convencionais por causa de regras mais restritas tenderão a ser compensadas pelo ganho económico em bens ambientais. Aliás, um país com normas ambientais mais restritas pode obter produtos mais baratos através de comércio com países com normas ambientais menos restritas. A imposição de regras uniformes prejudica os países mais ricos que deixam de poder importar produtos mais baratos.

 
Princípio do poluidor beneficiário

Parece que o governo se prepara para atribuir, aos grandes poluidores, créditos de CO2 gratuitos proporcionais à quantidade emitida no presente. Acontece que os créditos não são gratuitos. Têm um determinado preço na bolsa de emissões que dependerá da oferta e da procura.

Aqueles que reduziram as emissões no passado são agora "premiados" com menos créditos. Aqueles que optem por energias alternativas limpas não passam a ter grandes vantagens competitivas por causa disso porque as empresas poluidoras não pagam nada pelos créditos iniciais. Só pagam se precisarem de créditos adicionais. Ou seja, algumas toneladas de CO2 são mais caras que outras. As empresas ineficientes que mais poluem neste momento são as que mais têm a ganhar porque, tendo mais margem de manobra para reduzir as emissões, podem vir a vender os seus créditos obtidos gratuitamento.

 
Um fiscal por caixote do lixo


Um(a) reponsável do governo pelo ambiente dá hoje uma entrevista ao DN. À pergunta: O que vai mudar no novo regime geral dos resíduos, em preparação?

O(a) sr(a) do governo responde:

Queremos partilhar a responsabilidade da reciclagem, uma obrigação apenas cumprida pelas entidades públicas. Se tem um ecoponto ao pé de casa tem obrigação de lá pôr embalagens separadas. Queremos obrigar os cidadãos a fazerem a triagem dos resíduos e a depositarem-nos em locais adequados. Previmos coimas de 25 a 100 euros para quem não cumprir. Os sistemas terão objectivos de reciclagem específicos. Queremos que as metas gerais do País sejam cumpridas devido a um esforço de todos e não só de alguns.


Está cá tudo.

O governo nos seus planos quinquenais estabelece metas para toda a sociedade com base na nova religião do ambientalismo. O cidadão é forçado a contribuir para fins com os quais pode não concordar sob pena de pagar uma quantia arbitrária que nada tem a ver com as externalidades por si produzidas. O custo da reciclagem nem sequer é tido em conta porque o tempo, a paciência e o trabalho de cidadão são considerados gratuitos. Finalmente, e como sempre, a solução não é viável porque o estado não pode colocar um fiscal em cada caixote do lixo.


quarta-feira, fevereiro 25, 2004

 
Actividades culturais alternativas II

Hoje vou escrever uma história

 
What would we do if space aliens landed in Queens?

E de repente, o Pentagono tornou-se numa fonte credível . Estes esquerdistas não aprenderam nada com a história das armas de destruíção maciça.

Anda muita gente entusiasmada com esta notícia do Observer sobre um relatório secreto do Pentagono sobre mudanças climáticas. Parece que o relatório do Pentagono prevê agumas coisas desagradáveis para o futuro próximo: a Holanda vai-se transformar na nova Atlantida e a Inglaterra vai-se transformar na Nova Sibéria. Segue-se a fome, a miséria, a guerra e o holocausto nuclear. Tudo por causa do aquecimento global que pelos vistos é mesmo causado pelo efeito de estufa.

Pois, o Liberdade de Expressão teve acesso ao relatório secreto do Pentagono. Na primeira página pode- ler-se:

Imagining the Unthinkable


The purpose of this report is to imagine the unthinkable – to push the boundaries of current research on climate change so we may better understand the potential implications on United States national security.

We have interviewed leading climate change scientists, conducted additional research, and reviewed several iterations of the scenario with these experts. The scientists support this project, but caution that the scenario depicted is extreme in two fundamental ways. First, they suggest the occurrences we outline would most likely happen in a few regions, rather than on globally. Second, they say the magnitude of the event may be considerably smaller.

We have created a climate change scenario that although not the most likely, is plausible, and would challenge United States national security in ways that should be considered immediately.


Ou seja: alguém no Pentagono anda a estudar cenários pouco prováveis.

 
Doentes não se dão ao trabalho de escolher os medicamentos mais baratos

Introdução dos medicamentos genéricos beneficia Estado mas penaliza doentes

O mesmo é dizer: Introdução dos medicamentos genéricos beneficia o contribuinte mas penaliza doentes que não se dão ao trabalho de escolher os medicamentos mais baratos.

terça-feira, fevereiro 24, 2004

 
O meu pequeno Israel

Nos anos 80 tivemos uma "questão" por causa de um muro. O muro do vizinho caiu. O vizinho achou que a culpa era nossa e foi para tribunal.

Esta é uma "questão" atípica. Normalmente as disputas são sobre delimitação de terras ou por causa da repartição de águas de rega. Ainda hoje morrem pessoas por causa disso.

A vida esteve parada durante anos. O muro ficou lá, no chão, a ocupar parte significativa das nossas "terras", as quais ficaram inutilizadas para a agricultura.

A guerra do muro foi intensa com insultos e provocações à mistura. Fomos obrigados a estabelecer uma rede de alianças para contrabalançar a rede de alianças do adversário. Em tribunal, as nossas testemunhas deveriam dizer o contrárias das testemunhas deles, e vice-versa. O Sr Novais, Guarda Republicano reformado, foi um aliado de peso, determinante para o desfecho final.

Os advogados de ambos lados ganharam muito dinheiro, mais dinheiro que o valor do muro, no fim ganhamos nós, o muro foi reconstruído e anos mais tarde o vizinho passou a ser visita da casa.

 
CIA não tem o dom da profecia

CIA soube em 1999 identidade de terrorista que viria a pilotar avião no 11 de Setembro

 
Sampaio contra princípio da subsidariedade

Sampaio Propõe Agência Europeia para a Sida


segunda-feira, fevereiro 23, 2004

 
Actividades culturais alternativas

Hoje vou escrever uma enciclopédia

 
Economia portuguesa produziu menos rotundas

Economia Produziu Menos em 2003 do Que em 2001

 
Diferença entre 'despesas extraordinárias' e 'despesas correntes'

O Terras do Nunca acha que despesas extraordinárias são despesas com jobs e mordomias para os boys. Não são. Essas são as despesas correntes relativas a funções essenciais do estado estabelecidas pela tradição. Fazem parte da natureza do Monstro. Coisas que a Escolha Pública explica.

As 'despesas extraordinárias' são as que decorrem do ciclo normal da economia. Em tempo de crise, aumentam as despesas da segurança social.

Para alem disso, as receitas habituais do estado diminuem porque os impostos são mais ou menos proporcionais à actividade económica. Em tempo de crise as receitas diminuem.

O Terras do Nunca diz que "o défice não é estrutural". Para o Terras do Nunca, a contabilidade parece ser o que um homem quiser. Por isso é natural que conclua que não ha uma melhoria estrutural do déficit. O mais interessante é que os dados relativos ao déficit estrutural têm sido publicados na imprensa e esses dados indicam que tem havido uma melhoria estrutural do deficit desde 2001.

E qual é a a questão política relevante em tudo isto? A única questão política relevante é que uma das alternativas políticas (o governo) defende menos despesa enquanto a outra (a oposição) defende mais despesa. O Terras do Nunca parece defender a terceira via, a via do estado perfeito sem jobs nem mordomias for the boys. Mas esta terceira via ignora a natureza do Monstro. Querem um estado social? O estado social é isto. Come muito. Num estado social existem apenas duas correntes políticas dominantes: os que fazem o Monstro engordar devagar e os que fazem o Monstro engordar depressa.

 
Diferença entre exploração infantil e contraditório

Exploração infantil é quando Barbara e Carrilho se fazem fotografar com o rebento à saída da maternidade por uma revista de sociedade.

Contraditório é quando um fotógrafo de uma revista concorrente tenta comprovar os factos.

Intromissão na vida privada é outra coisa.

sábado, fevereiro 21, 2004

 
Déficit versão Terras do Nunca

Déficit=Despesas fixas + Despesas Extraordinárias- Receitas fixas - Receitas extraordinárias

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

 
Manuela Ferreia Leite errou

Manuela Ferreia Leite falhou o objectivo do deficit para este ano. O deficit ficou-se pelos 2.8% e Manuela Ferreira Leite tinha previsto um deficit de 2.994%.

A oposição ainda não se decidiu se deve criticar o governo por ter um déficit nominal baixo que não estimula a economia ou se deve criticar o governo por recorrer a receitas extraordinárias para esconder um déficit real elevado. Ainda não decidiu se deve sugerir uma lista de despesas a cortar ou se deve sugerir uma lista de "investimentos" a fazer.

Entretanto, Ferro Rodrigues especializa-se em profecias. Depois de profetizar o descalabro das contas públicas em 2002 e depois de profetizar o descalabro das contas públicas em 2003, passou a profetizar o descalabro das contas públicas em 2004.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

 
As eleições dos outros

O Deseperada Esperança informa-nos que, o que interessa nas primárias democratas é encontrar o candidato com mais hipósteses de derrotar Bush.

Más notícias para a esquerda lusa pura e dura. Num sistema bipartidário, o candidato com mais hipósteses de derrotar Bush é o candidato à esquerda de Bush mais parecido com Bush.

Para a esquerda pura e dura, todos os presidentes americanos serão detestáveis. Os presidentes democratas serão apenas um bocadinho menos destestáveis.

 
Quem quer ser Raínha de Inglaterra?

Tanta gente cheia de vida quer candidatar-se às presidenciais. Mas aquilo é pouco mais do que um cargo decorativo.

Guterres já ganhou, porque Guterres é especialista em não fazer nada e essa é a maior qualidade de um presidente.

O outro, seja ele Marcelo, Santana ou Cavaco, vai ter que provar em campanha que também consegue não fazer nada. Mas Guterres não precisa. Já todos sabemos que Guterres tem uma enorme vocação para a inação. E isso é tudo o que queremos de um presidente.

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

 
As pessoas vão pela Estrada Nacional nº 1

Bruxelas Aconselha Lisboa a Gastar Mais nas Pessoas e Menos em Auto-estradas

 
Adopção experimental

Luís Villas Boas , presidente da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção portuguesa, afirmou que mais vale uma criança passar toda a vida numa instituição ou em famílias de acolhimento à "infelicidade de ser educado por homossexuais, sejam dois ou um".

Eu, sinceramente, não sei. Nunca passei a minha vida numa instituição ou em famílias de acolhimento. Acho mesmo que nunca fui adoptado. Também nunca fui educado por homossexuais. E suspeito que o sr. Villas Boas também não.

Luís Villas Boas diz ainda que não há homossexualidade genética, mas parece sugerir que existe uma sexualidade natural heterossexual o que pressupõe uma heterossexualidade genética. Mas se a heterosexualidade natural pode ser pervertida pela adopção por homossexuais, como é que sabemos que o que é natural não é a homossexualidade, a qual é habitualmente pervertida pelo convívio com pais heterossexuais?

Villas Boas também diz que "Ser lésbica não é ser mulher na plenitude natural do termo". Também não posso ajudar. Não sou lésbica nem mulher, nem lésbica-mulher. O curioso é que o sr Villas Boas também não é nenhuma das três coisas.

Finalmente, Villas-Boas vê o carinho transmitido por homossexuais como "um carinho falso". Disto já percebo mais um bocadinho. Não sei se o carinho homosexual é falso ou verdadeiro. Mas suspeito que o carinho falso sabe tão bem como o verdadeiro.

Entretanto, a Opus Gay considera que as declarações de Villas-Boas constituem "um ataque aos direitos humanos e à dignidade dos homossexuais". O que é estranho porque eu não sabia que o direito de imunidade contra a crítica era um direito humano. Mas fico feliz que seja apenas um ataque à dignidade dos homossexuais. Ficava mais preocupado se fosse um ataque à dignidade das crianças. Alguém devia explicar à Opus Gay que a lei de adopção existe para servir as crianças, não existe para servir os direitos dos homossexuais.

A Opus Gay pergunta ainda: "Como é possível? Um cientista, ainda por cima com responsabilidades políticas, vir dizer que a homossexualidade não é um comportamento normal?"

Eu suspeito que isso deve ter alguma coisa a ver com a liberdade de divulgar teorias e hipóteses científicas. E já agora, qual é a definição de "normal"?

Mas para a Opus Gay essa coisa do debate científico já está ultrapassada:

Segundo todos os estudos sobre homoparentalidade, diz a Opus Gay, "as crianças desses pais crescem bem, com todo o amor e carinho, são estatisticamente tão heterossexuais como os filhos de pessoas heterossexuais e têm até a vantagem de construírem modelos de masculino, feminino e de união familiar mais ricos e diversos".


Discussão encerrada. Esta deve ser a área científica mais chata do mundo.

Eu, que sei muito pouco, tenho muitas dúvidas. A civilização não foi inventada ontem. A espécie humana não apareceu na semana passada. Alguma coisa as gerações anteriores devem ter aprendido. Cada um é livre de seguir novos modelos de masculino, feminino e de união familiar mais ricos e diversos que ainda não foram sujeitos ao teste do tempo. Mas esse é um risco pessoal que não pode ser tomada de ânimo leve em nome de uma criança.

Mas, claro, é preciso que se perceba que estamos perante um risco.

 
Uma ideologia desastrosa não deixa de ser desastrosa só porque é popular

Torna-se é ainda mais desastrosa.

O Barnabé ri de quê?

terça-feira, fevereiro 17, 2004

 
O Bagão, os Imigrantes, o Lucro e a maternidade


Ninguém reparou, mas a verdade é que na entrevista Renascença/RTP/Público, Bagão Felix disse que não se pode afirmar que os imigrantes dão lucro. E usou os mesmos argumentos utilizados por este blogueador em Janeiro. Argumentos que foram considerados graves, simplistas, demagógicos, irresponsáveis e incitadores de comportamentos xenófobos pelo Manuel da Grande Loja. O mesmo Manuel que considera que as medidas de Bagão Felix são invariavelmente lúcidas.

Na versão divulgada pelo Público não aparece essa passagem da entrevista. Não a acharam suficientemente importante. Daqui a uns meses podem sempre publicar mais um estudo que "demonstra" que os imigrantes dão lucro. Tudo pela causa.

Entretanto, Bagão Felix também concorda com a ideia de que as licenças de maternidade incentivam a discriminação das mulheres:

Quanto a mim, se fosse possível, até defenderia uma licença de maternidade de um ano, mas também sei que se a licença de maternidade passasse para um ano ninguém contrataria jovens futuras mães.


Só que se ilude quando pensa um prolongamento da licença de maternidade por mais 2 ou 3 semanas não constitui um incentivo à discriminação.

 
A questão não está de todo no PIB

Era uma vez um país. Neste país, 20% da população é forçada a produzir arroz, o único alimento disponível. Cada camponês produz 6 tigelas de arroz por dia. O estado paga 100 créditos a cada camponês pelo arroz. 80 Créditos vão para impostos. Cada camponês tem direito/é forçado a comprar 1 tigela de arroz por dia ao estado pelos 20 créditos restantes.

O resto da população dedica-se à principal actividade do país: abrir e tapar buracos. Cada operário é obrigado pelo estado a abrir/tapar 5 buracos por dia. Por cada 5 buracos abertos/tapados o estado paga 100 créditos. 80 créditos vão para impostos e 20 servem para pagar a tigela de arroz a que cada operário tem direito (e obrigação de comprar).

Se eu fiz bem as contas, sobra uma tigela de arroz por camponês que o estado arrecada e troca no mercado internacional por bens de consumo para o Partido Interno.

O Pib deste país é igual ao rendimento de cada cidadão. Neste caso, 100 Créditos per capita.

Um dia, o estado resolve endividar-se para subsidiar a actividade de abre/tapa buracos. São compradas máquinas de abrir e tapar buracos.

Cada operário passa a abir 25 buracos por dia. 5 vezes mais. Passa a receber 5 vezes mais: 500 créditos por dia. Mas, como neste país os impostos são progressivos, cada operário que ganha 500 créditos é obrigado a pagar 480 de impostos. Sobram 20 Créditos, o que dá à justa para a obrigatória tigela de arroz.

Pelas minhas contas, o PIB neste país aumentou mais de 400%. Abrem-se e fecham-se cada vez mais buracos. Por outro lado, aumentou o endividamento externo e cada trabalhador continua a comer apenas uma tigela de arroz por dia.

É claro que, quem diz abrir e tapar buracos, diz guerras inúteis, portos sem tráfego, exposições internacionais sem visitantes estrangeiros, rotundas, actividades culturais para o partido interno, estradas sem tráfego e estádios de futebol.

Moral da história: a questão não está de todo no PIB. Num país sem liberdade económica e em que os valores são definidos pelo estado, o PIB não nos diz nada porque não corresponde a actividade económica que satisfaz os valores dos trabalhadores.

PIBs há muitos. Há vários arranjos da economia que produzem o mesmo PIB. Mas alguns arranjos são melhores que outros. O arranjo liberal garante que as pessoas são livres de usarem o seu trabalho para atingirem os seus próprios objectivos. Os arranjos não liberais forçam as pessoas a trabalhar para os objectivos dos membros do Partido Interno.

 
Os reguladores

Os reguladores querem regular, e começam por regular a concorrência. Querem impedir os monopólios. Regulam os preços do gás, da electricidade, da banda larga, dos telefones ...

Os jogadores do Preço Certo em Euros guiam-se pelos preços de mercado, e às vezes acertam. Os reguladores guiam-se pela sua infinita sabedoria, em vez de descobrirem os preços que resultam do processo económico, estabelecem-nos a priori. Os preços deixam de ser sinais fiáveis que indicam o que falta fazer e passam a ser uma expressão da vontade do regulador.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

 
Maria Filomena Mónica deve ter aprendido biologia com os Filhos de Rousseau

O Declínio do Cromossoma Y e Sociedade Civil Portuguesa

 
Pessoas estéreis ajudam mães portuguesas

Quem paga impostos demasiado elevados não pode pagar tratamentos de fertilidade de qualidade. Mas devia dar-se por feliz por sustentar as licenças de maternidade dos outros.

Um milhão de portugueses (des)espera por um filho

Mulheres Vão Poder Escolher Entre Quatro e Cinco Meses de Licença de Maternidade

 
Virose

Os Frescos parecem o Anarca Constipado.

sábado, fevereiro 14, 2004

 
Estatistas da semana

O governo.

É inevitável. Quem tem um martelo acha que todos os problemas se parecem com pregos. Quem tem poder para legislar, acha que tudo se resolve com novas leis. As leis deixam de ser acordos entre agentes privados e passam a ser ordens que emanam de uma autoridade central. E depois vem o nosso presidente queixar-se que em Portugal as leis são vistas como meras sugestões. Não admira, pois a alternativa é serem vistas como ordens.

O governo, que não consegue desempenhar as suas funções básicas correctamente, acha-se capaz de decidir o que é melhor para cada um.

Esta semana o governo resolveu anunciar que tenciona condicionar as opções de cada um relativas ao alcool, ao tabaco e ao sexo.

Não têm mais nada que fazer?

 
All your brains are belong to us!

O estado não consegue que os meninos aprendam física e matemática nas escolas. Os governos já tentaram de tudo. Tentaram, inclusive, mudar a matemática e a física. Não tem resultado.

Agora o estado vai meter-se num novo e mais ambicioso empreendimento. O estado pretende utilizar a educação para controlar os comportamentos sexuais :

Neste capítulo, é proposta uma disciplina obrigatória com avaliação, que tem como objectivo o ensino de comportamentos de civilidade e a prevenção de comportamentos de risco e com enfoque na educação para a saúde sexual e reprodutiva.


Acontece que os factos da vida já eram ensinados nas aulas de biologia. O que se pretende com esta nova disciplina não é ensinar os factos, mas transmitir uma determinada ideologia. Ideologia essa que, se bem absorvida, deveria mudar os comportamentos sexuais dos meninos.

Os ideólogos de serviço acham que as ideias determinam comportamentos, logo se mudarmos as ideias às criancinhas, elas comportam-se de acordo com os padrões dos ideólogos.

A única questão que parece merecer discussão é a de se saber se deve ser implementada a ideologia do preservativo ou se deve ser implementada a ideologia da abstinência. Ou se as duas devem ser conjugadas numa ideologia mista. Só varia o dogma e a intensidade da auto-repressão.

Ora, na vida real, os comportamentos sexuais dependem muito mais da biologia e da experiência do que das ideologias. As ideologias não conseguem substituir a experiência comum de cada um. E haverá sempre quem, com base na experiência, pense que o sexo é bom, que o sexo sem preservativo é melhor e que o sexo sem preservativo com vários parceiros é melhor ainda. Quem disser o contrário é roto. E, azar dos azares, a SIDA propaga-se através dos nodos mais sexualmente activos das redes sociais. Bastam meia dúzia de inconscientes que tenham estado distraídos nas aulas de educação sexual para propagar uma epidemia.

É curioso que, os progressistas, depois de terem atacado os tabus sexuais por serem irracionais, pensam agora que a liberdade sexual tem mesmo que ser refreada por tabus e o novo tabu é o preservativo. Descobrem, tarde demais que os tabus das sociedades tradicionais afinal tinham alguma razão de ser. Não eram totalmente irracionais. Sobreviveram ao longo de milhares de anos porque eram uma boa adaptação à realidade. E, claro, não é possível substituir tabus que sobreviveram ao teste do tempo por tabus que foram inventados a semana passada e ainda têm que demonstrar o seu valor. Nem é possível voltar aos tabus antigos, agora que o génio está fora da lâmpada.

A nova sociedade não é, nem uma pequena aldeia onde a castidade de cada um está sob vigilância permanente, nem um grande aldeia onde meia dúzia de iluminados especificam o comportamento sexual das massas. Nenhum destes modelos é viável. A nova sociedade é esta coisa complexa na qual nenhuma mente pode ser controlada, nenhuma ideia pode ser imposta, nenhuma vida pode ser programada e nenhuma receita pode substituir a experiência. A educação sexual nas escolas públicas resulta de uma desadaptação, de um equívoco. A sociedade não é uma família, o estado não é o pai de todos nós e a escola não é a nossa mãe. Communities don’t scale. A sociedade não é uma família em ponto grande.

Viver, na nova sociedade é muito mais um processo de descoberta do que era nas sociedades tradicionais. Aliás, eu pergunto-me de onde vem a sabedoria dos professores de educação sexual. Da teoria? Da experiência pessoal? Das acções de formação? Se as ideias determinam mesmo os comportamentos, que comportamentos têm professores que nunca tiveram uma disciplina de educação sexual?

 
Ética invertida da clonagem


Um embrião é um óvulo fecundado com um código genético próprio. Não é nem uma célula da mãe, nem uma célula do pai. É uma nova célula, um novo ser. Um embrião humano está vivo, e logo é vida humana.

A chamada clonagem terapêutica utiliza embriões humanos como um instrumento para produzir células estaminais, células estas que poderão ser utilizadas para fazer tecidos ou órgãos.

A chamada clonagem reprodutiva consiste em transformar uma célula adulta num "embrião", este "embrião" é em seguida colocado num útero onde crescerá. Acabará por nascer, por crescer, por ser reconhecido e por ser amado (ou não) como qualquer outro ser humano. E será muito parecido com o dador da célula original, mas não tão parecido como um gémeo idêntico com o seu irmão.

Pois, os legisladores parecem estar de acordo num ponto: a clonagem terapêutica é eticamente mais correcta que a clonagem reprodutiva.

Ou seja, é mais ético transformar uma vida humana num rim do que gerar um novo ser humano. É mais ético considerar uma vida humana como um instrumento do que considerar uma vida humana como um fim em si mesma.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

 
O caso a favor da guerra (reposição da versão de 4 de Novembro de 2003)

Alguns Blogs tendem a reduzir o caso a favor da guerra do Iraque às posições do Pentagono, ou à posição americana ou à questão das armas de destruíção maciça. No entanto, a discussão sobre a guerra no Iraque foi muito mais rica e não pode ser reduzida às posições simplistas que agora são atribuídas aos defensores da intervenção.

O que se segue é a minha justificação da Guerra contra o Iraque, escrita no dia 9 de Março de 2003 publicada aqui. Publico-a outra vez para mostrar que a existência de armas de destruição maciça no Iraque foi/é para mim irrelevante para a justificação da guerra.



1 - Todo e qualquer ser humano tem o direito fundamental à vida, à liberdade e à participação política numa democracia. Saddam Hussein viola sistematicamente
todos estes direitos dos iraquianos, logo o uso da força para acabar com o regime iraquiano é legítimo.

2 - Saddam Huessein é um apoiante declarado do terrorismo em Israel;

3 - Saddam Hussein violou consecutivamente 17 resoluções das Nações Unidas, incluindo a última. Logo, o uso da força contra o Iraque é legítimo.

4 - Um sistema legal internacional que não possua meios para impor as suas decisões pela força é inútil.

5 - Os EUA e o Reino Unido defendem a única solução não utópica para a violação dos direitos humanos no Iraque e para forçar o cumprimento das resoluções da ONU.

6 - Os pacifistas defendem apenas a continuação do Status Quo o que significa a perpetuação da ditadura, da violação sistemática dos direitos humanos, da violação
de resoluções da ONU e da ameaça militar iraquiana. Nenhum pacifista defendeu até ao momento uma solução para o problema do Iraque. Aliás, para os pacifistas nem parece haver um problema.

Perante esta situação, eu apoio a única solução viável para o problema, como aliás já apoiei a invasão do Afganistão e as intervenções na Bosnia e no Kosovo.



[Nota: antes da guerra já se sabia que o Iraque tinha violado a 17ª resolução do Conselho de Segurança. O Iraque não colaborou activamente com os inspectores da ONU como era obrigado a colaborar e não declarou, como era obrigado a declarar, o destino das armas químicas e biológicas que existiam em 1991. O destino dado a estas armas nunca foi esclarecido.]

A intervenção americana no Iraque acabou com um regime despótico e puniu adequadamente as violações constantes das decisões do Conselho de Segurança. A presença dos americanos e dos britânicos no Iraque continua a ser a única solução não utópica para a transformação do Iraque num país livre e democrático. A esquerda continua sem soluções para o Iraque, com a excepção das utopias que envolvem a ONU, a França e a Alemanha. A esquerda ainda acredita na teoria dos patriotas iraquianos que defendem o seu país da ocupação anglo-saxónica. A esquerda ainda não percebeu que os alegados patriotas são terroristas (em todos os sentidos possíveis da palavra), muitos dos quais estrangeiros, que parecem mais interessados em combater a democracia, os próprios iraquianos, a ONU e a Cruz Vermelha, do que em combater os ocupantes.

Após meses de discussão parece que muitos Blogs de esquerda não perceberam de todo os argumentos dos vários Blogs da UBL. Ninguém defendeu a intervenção do Iraque seria uma solução perfeita para os problemas do mundo. Ninguém defendeu que os EUA faziam a guerra por altruísmo. Ninguém defendeu que o problema ficaria resolvido de um dia para o outro. Foi defendido, em vários Blogs, que a intervenção era a melhor das soluções possíveis e que todas as soluções possíveis eram imperfeitas. Vários Bloggers explicaram que apoiavam a intervenção americana, não porque acreditavam na bondade dos americanos, mas porque acreditavam no seu egoísmo.

 
Pretextos não são causas IV


But the poet Euripides threw a curve into the story. According to him, the actual Helen had been carried off by the gods to Egypt, where she lived for the duration of the Trojan War, while only a phantom Helen accompanied Paris to Troy. After the war, it was Menelaus and the phantom Helen who set sail for Greece and got blown off course to Egypt, where eventually the phantom disappeared and he was reunited with his real wife. He was of course delighted to learn that his wife was no adultress, but shocked to realize that Greeks and Trojans had fought and died at Troy for something not worthe fighting and dying for--and that sure wasn't the last time something like that happened. (fonte)

 
Pretextos não são causas III


Archduke Franz Ferdinand Alive and Well! WWI Fought By Mistake!:

"Euripides wrote a tragedy, the Helen, in which Helen of Troy is entirely innocent of starting the Trojan War. The real Helen is stranded in Egypt the whole time, while the Greeks and Trojans fight over a very life-like phantom."


 
Pretextos não são causas II

Diz o Carlos Miguel Fernandes:

a teoria que defendia a existência de armas de destruição em massa no Iraque pertence, cada vez mais e a cada dia que passa, ao domínio da fantasia ou da mentira. Ou seja, na carência de um pretexto, criou-se uma razão artificial. Não acredito que seja historicamente inédito, mas talvez seja democraticamente saudável não aceitarmos esta manipulação de uma forma tão leviana.


Dando de barato que "se criou uma razão artificial", o que está por provar, o que esta questão mostra é que a discussão pública e a democracia têm limites. A discussão pública não vai nunca além da superficialidade dos pretextos. Por muito que isso custe a todos os que consideram a democracia como um fim em si mesma, a verdade é que o público em geral tem coisas mais importantes em que pensar. As pessoas em geral estão muito mais motivadas para se informarem correctamete sobre tudo o que se relaciona com a sua vida privada e muito pouco motivadas para se informarem sobre a coisa pública. E têm muito boas razões para se comportarem assim.

As razões da guerra foram muito mais complexas que a caricatura que agora querem fazer delas. O Partido Anti-Guerra está usar a falácia do homem de palha que lhe permite atacar um argumento mais fraco que aquele que foi efectivamente defendido pelo Partido Pró-Guerra.

O público é tão vulnerável às manipulações do Partido pró-guerra como às manipulações do Partido anti-guerra. Quando o partido anti-guerra tenta passar a ideia de que a guerra só foi feita por causa das ADMs, está a tentar manipular o público. Quando tenta passar a ideia de que os governos mentiram acerca das AMD, o partido anti-guerra ignora o problema da tomada de decisão a partir de informação imperfeita e está a manipular o público.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

 
Recomendações

O post do Maradona "Encómios à parte... " sobre as armas de destruíção em massa.

 
Pretextos não são causas

Os gregos cercaram Tróia para resgatar Helena.

A explosão do USS Maine causou a guerra Espano-Americana.

A 1ª Guerra Mundial foi travada por causa do assassinado do Arquiduque da Áustria.

Os Estados Unidos entraram na 1ª Guerra Mundial por causa do afundamento do Lusitania.

A 2ª Guerra Mundial começou por causa de um incidente na fronteira polaca.

Os Estados Unidos entraram na 2ª Guerra Mundial por causa do ataque a Pearl Harbor.

A Guerra do Vietname escalou por causa do Incidente de Tonkin.

Os EUA invadiram o Iraque por causa das Armas de Destruíção em Massa.




quarta-feira, fevereiro 11, 2004

 
Educação sexual obrigatória nas escolas secundárias

Eu tenho uma ideia mais revolucionária: física obrigatória nas escolas secundárias.

 
Uma economia é mais que a soma das suas empresas

O Cinzas do Tempo, a propósito de um post meu, diz que "se cada gestor cuidar da produtividade da sua empresa, a produtividade nacional será maior".

Num post anterior eu defendi que isto não é necessariamente verdade. Só é verdade se as mensagens transmitidas aos agentes económicos através dos preços não estiverem "erradas".

Se as mensagens transmitidas aos agentes através dos preços estiverem "erradas", as boas decisões de gestão dos agentes individuais podem prejudicar a economia nacional.

Vamos supor que o governo resolve subsidiar a produção de croissants pagando 10 cêntimos por croissant a cada produtor. O preço não subsidiado do croissant reflecte a melhor alocação de recursos possível dadas as restrições de matérias primas, capital, informação e mão de obra e dadas as preferências do consumidor. Ao subsidiar os croissants o estado está a induzir a economia a alocar de outra forma os recursos e esta outra forma é mais ineficiente. A alocação dos recursos é tanto mais ineficiente quanto melhores forem os gestores privados. Isto acontece porque se os gestores forem bons, as empresas adaptam-se mais rapidamente ao novo subsídio e a economia afasta-se mais rapidamente da alocação óptima de recursos.

Por exemplo, em Portugal, um clube de futebol bem gerido é um clube de futebol que constrói estádios. Do ponto de vista do clube essa é uma boa decisão de gestão porque permite ao clube captar subsídios e benesses várias das câmaras e do estado central. E no entanto, a economia nacional sai prejudicada porque os recursos são mal alocados.

 
A maravilhosa educação cubana

Leio algures no Blog de Esquerda (nos comentários) que a educação é um dos sucessos da revolução cubana. Deve ser. Só não percebo como pode haver educação de qualidade num país sem liberdade de expressão nem liberdade de informação.

 
Saudades de Cunha Rodrigues

Grupo de políticos exige demissão de Souto Moura

PS- Entre os subscritores está um tal Carlos Antunes, ex-dirigente do PRP.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

 
Boas notícias

A Vítima da Crise arranjou emprego.

sábado, fevereiro 07, 2004

 
Ideias da semana

1. As patentes protegem os inventores da apropriação do seu trabalho por parte de terceiros.

2. As personalidades públicas agem de acordo com os seus interesses e não de acordo com uma qualquer moral social.

3. Os jornais de fim de semana continuam a publicar notícias de ficção sobre o destino próximo das várias personalidades políticas.

4. No norte de Portugal, as novas áreas metropolitanas estão a organizar-se ao longo dos rios, o que é um sinal de que se estão a organizar de acordo com afinidades antigas.

5. Um líder democraticamente eleito pode tornar-se num ditador ou num quasi-ditador. A democracia e o legalismo não são tudo. Golpes contra líderes democraticamente eleitos podem ser o menor dos males.

6. Nas eleições de 2000, Bush teve mais votos que Gore, porque no sistema americano, quem elege o presidente são os estados (com uma dada ponderação), não são os eleitores.

7. O liberalismo não é uma filosofia de gestão que falicilita a maximização dos interesses colectivos. O liberalismo é uma filosofia política que pretende responder à pergunta: "Quem tem legitimidade?".

8. As decisões políticas são tomadas com base em informação imperfeita e não podem ser julgadas a posteriori à luz de novas e melhores informações.

9. "Educação" e "Organização" são as consequências e não as causas do desenvolvvimento.

10. O Inimigo Público é o melhor jornal nacional.

11. O governo não pretende atacar o principal problema das "florestas" portuguesas: o regime propriedade. Vamos continuar com o sistema "reflorestação pública e lucros e incúria privada".

12. Quase 20 anos depois de Cavaco Silva ter chegado ao governo, o estado continua a brincar às empresas.

 
Governo renacionaliza GALP

aqui:

Por sua vez, a saída da ENI do negócio de petróleo da Galp é realizada através da venda da correspondente participação à Parpública. A "holding" do Estado tem até dois anos para pagar à ENI, prazo durante o qual "alienará a participação a entidades privadas", segundo o acordo.

 
Governo prepara época de incêndios de 2016

O governo já está a preparar a época de incêndios de 2016.

Para isso, o Ministério da Agricultura vai gastar 200 milhões de euros para reflorestar 60% da área ardida em 2003. O restante, espera o governo, vai crescer naturalmente. O dinheiro vai ser gasto ao longo dos próximos 3 anos.

Desta forma o governo consegue:


  • incentivar os proprietários a plantar florestas que não pretendem proteger nem segurar;
  • convencer os proprietários que não precisam de se preocupar em fazer seguros ou poupar dinheiro para o caso de ser necessário reflorestar tudo outra vez. O estado trata disso.
  • sincronizar o crescimento das áreas florestais. Só assim se conseguem incêndios colossais.
  • dizer aos empreiteiros florestais que o fogo posto compensa.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

 
Inimigo Público: Recomendações

Coreias arranjam solução para divisão do país.

Leitor da 'Xis' morre de felicidade.

VPV vai fazer um elogio.

 
Sampaio na Noruega

Sampaio descobriu o segredo do sucesso da Noruega: "organização", "concentrar esforços na educação" e "fazer poucas coisas e bem".

Claro que uma das poucas coisas que os noruegueses fazem bem é extrair petróleo do Mar do Norte. Isso talvez lhes facilite as coisas.

Quanto ao resto, "educação" e "organização", suspeito que eles já eram bem sucedidos antes de serem tão educados e tão organizados como são hoje.

 
Pensar é mais fácil que fazer

A informação é cara.

Bush invadiu o Iraque porque pensava que o Iraque tinha armas de destruíção maciça. O Iraque não tinha armas de destruíção maciça, logo Bush não devia ter invadido o Iraque.

O que é que está errado neste raciocínio?

Várias coisas.

Toda a gente sabe que o Bush não invadiu o Iraque por causa das armas de destruíção maciça que o Iraque pudesse ter. A realidade é bem mais complexa que isso. As pessoas deviam deixar de acreditar em propaganda.

Toda a gente sabe que o Bush invadiu o Iraque por causa do petróleo. É só fazer as contas. Quanto é que os Estados Unidos gastaram com a guerra e com a ocupação do Iraque? E quanto é que ganharam com o petróleo? Pois ...

Mas não nos podemos esquecer que o Bush é estúpido. Sendo estúpido, tendo que tomar decisões a partir de informação imperfeita, tende a errar. Bush não tem a omnisciencia e a omnipotência dos comentadores de esquerda que tudo sabem a priori e tudo podem com a força do pensamento.

A guerra e a espionagem são ciências exactas. Qualquer comentador de esquerda conseguiria dirigir a agência de espionagem perfeita que tudo saberia, que tudo descobriria. Que seria invulnerável à contra-espionagem, à desinformação, à traição, à incompetência e aos interesses privados dos seus agentes. Porque para os comentadores de esquerda a informação é de borla. Aliás, para que serve a espionagem se tudo se pode saber sem esforço?

Os comentadores de esquerda, como são omniscientes, sempre souberam que não existiam armas de destuíção maciça no Iraque, da mesma forma que sempre souberam que Bagdad se tonaqria na Nova Estalinegrado. E por isso julgam uma decisão de Bush tomada em Março de 2003 à luz da informação disponível em Fevereiro de 2004.

A experiência entretanto adquirida é inútil. A experiência é inútil para os omniscientes. Só os estúpidos homens de acção aprendem com a experiência porque são os únicos que têm alguma coisa a aprender.

 
Esclarecimento

O Timshel acha que os liberais defendem que tudo o que é bom para o país é bom. Ou que a eficiência económica é o valor supremo para os liberais.

Nada disso é verdade. Quem defende que tudo que é bom para o país é bom são os colectivistas e os estatistas. Quem defende que a eficiência económica está acima dos direitos indivíduais são os que têm uma visão dirigista da economia. E esses tanto existem à direita como à esquerda, mas não são liberais.

Os liberais defendem que as liberdades negativas de cada um são invioláveis. E isto significa que essas liberdades não podem ser violadas em nome do que quer que seja. Não podem ser violadas nem em nome dos interesses do estado, nem em nome da eficiência económica, nem em nome da compaixão ou da solidariedade para com os mais fracos.

 
Resultados das eleições americanas de 2000

George W. Bush ------ 271
Al Gore ------------------- 266
Ralph Nader-------------- 0
Patrick J. Buchanan ---- 0
Harry Browne ------------0
Howard Phillips ----------0
John Hagelin -------------0

Abstenções ---------------1

Como se pode ver, o vencedor teve mais votos que o seu adversário.


 
Já ninguém se lembrava de Kumba Yala

Já ninguém se lembrava de Kumba Yala, o presidente democraticamente eleito da Guiné-Bissau, deposto por um golpe de estado ilegal.

Mas o Posts de Pescada lembrou-se:

A Direita de hoje apoia golpes de estado contra um líder democraticamente eleito ao mesmo tempo que esquece os actos criminosos de um presidente eleito com menos votos que o seu adversário.


O Posts de Pescada tem razão. Há aqui uma inconsistência qualquer.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

 
Racionalista do Dia

Manuel Carvalho com o seu editorial Os Perigos da Descentralização.

Manuel Carvalho defende que " não faz sentido algum dividir Trás-os-Montes e Alto Douro em duas Comunidades Urbanas". E depois anda à volta desta ideia.

Mas o que é interessante neste editorial é que não é apresentado nenhum argumento a favor da ideia de que uma região é melhor do que duas. Há apenas uma alusão a um "valioso pensamento reflectido que existe sobre o território".

O problema é que não é possível determinar a priori se um pensamento é valioso, ou não. Só a experiência permitirá determinar o valor do dito "valioso pensamento". E a verdade é que o tal "valioso pensamento" nunca tinha sido testado antes.

O que o processo de descentralização está a mostrar é que existe um factor importante que não foi "pensado valiosamente". Alguém se esqueceu de considerar as afinidades entre sub-regiões da mesma região. Ora, o que se passa é que as cidades periféricas não querem ser dominadas pelos grandes centros urbanos. Este factor foi determinante para a derrota do processo de regionalização do Eng. Guterres. Braga não queria ficar sob a alçada do Porto e o Porto gostaria de dominar toda a região Norte. Resultado: o mapa agradava aos autores do "valioso pensamento", mas não agradava aos principais interessados.

Curiosamente, o mapa que emergiu da vontade das autarquias parece ter algumas virtudes que escaparam aos senhores do "valioso pensamento". No Norte, as autarquias organizaram-se em torno dos rios (Minho, Lima, Ave-Cávado, Sousa, Douro). É também ao longo dos rios que se organizam os sistemas locais de comunicação, as redes regionais de água e saneamento. E estes sistemas estão relacionados com as competências mais óbvias que as novas regiões devem ter. Não se corre o risco de o sistema de abastecimento de águas do vale do Minho ser prejudicado porque o dinheiro é desviado para o eixo dominante e politica e demograficamente mais poderoso do vale do Lima. Nem se corre o risco de, por razões de equilíbrio político entre sub-regões, se criar um sistema de abastecimento de água que não respeita as restrições geográficas, sendo por isso mais caro e mais irracional. Por outro lado, existem poucas assimetrias no interior de cada região. Os riscos de uma sub-região captar todos os investimentos regionais são mínimos porque as regiões que se formaram são suficientemente homogéneas. Mas se, por exemplo, o vale do Sousa estivesse na mesma região que o Porto, como ditaria "o valioso pensamento", o investimento seria todo aplicado no grande Porto, politica e demograficamente mais poderoso, e o vale do Sousa seria excluido.


domingo, fevereiro 01, 2004

 
Marcelo Clausewitz de Sousa

O comentário político não é mais do que a continuação da política por outros meios.

 
Só lhe falta ser eleito para o cargo



Alberto João Jardim presidente da Assembleia da República

 
Hoje Vitorino fica na Comissão Europeia


Os jornais já publicaram mais desinformação sobre o destino de Cavaco, Guterres, Vitorino, Marcelo, Alberto João e Santana do que sobre todo o caso Casa Pia.

Ninguém se indigna, ninguém defende a auto-regulação, ninguém quer mudar a lei de imprensa...

 
José Clausewitz Mourinho

As conferências de imprensa não são mais do que a continuação do jogo por outros meios.

 
Patentes

A propósito da discussão na Causa Liberal e no Mata Mouros:

1. As ideias não são recursos escassos. Podem ser copiadas facilmente. Mas o tempo, os recursos e o trabalho dispendidos para inventar algo com interesse são escassos.

2. Copiar ideias não é difícil. Difícil é tê-las pela primeira vez.

3. O direito de propriedade deve ser protegido, não porque a propriedade seja escassa, mas porque a propriedade é o fruto do trabalho humano. É o fruto da forma como cada um dispõe da sua liberdade. Quando o direito de propriedade é desrespeitado há alguém que está a dispor da liberdade e do trabalho de outrem. A isso chama-se escravatura.

4. Quando se defende que as patentes das farmacêuticas devem ser violadas, o que se está de facto a defender é que o trabalho e o capital das farmacêuticas deve ser usado para servir terceiros.

5. Empresas que produzem ilegalmente genéricos estão a aproveitar-se do trabalho de investigação dos outros, o mesmo é dizer, estão a aproveitar-se da liberdade dos outros, isto é, estão a fazer dos outros seus escravos.

6. Se o sistema de direitos de autor não existisse, acabaria por ser inventado. Acabaria por evoluir um sistema semelhante baseado em sistemas anti-cópia e contratos privados entre autores e compradores.

7. Se o sistema de patentes não existisse, um sistema com os mesmos efeitos práticos (ou efeitos piores) acabaria por ser inventado. Acabaria por evoluir um sistema baseado em segredos industriais, ofuscação de invenções, contratos privados e distribuição controlada das invenções.