Liberdade de Expressão

 

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terça-feira, fevereiro 17, 2004

 
A questão não está de todo no PIB

Era uma vez um país. Neste país, 20% da população é forçada a produzir arroz, o único alimento disponível. Cada camponês produz 6 tigelas de arroz por dia. O estado paga 100 créditos a cada camponês pelo arroz. 80 Créditos vão para impostos. Cada camponês tem direito/é forçado a comprar 1 tigela de arroz por dia ao estado pelos 20 créditos restantes.

O resto da população dedica-se à principal actividade do país: abrir e tapar buracos. Cada operário é obrigado pelo estado a abrir/tapar 5 buracos por dia. Por cada 5 buracos abertos/tapados o estado paga 100 créditos. 80 créditos vão para impostos e 20 servem para pagar a tigela de arroz a que cada operário tem direito (e obrigação de comprar).

Se eu fiz bem as contas, sobra uma tigela de arroz por camponês que o estado arrecada e troca no mercado internacional por bens de consumo para o Partido Interno.

O Pib deste país é igual ao rendimento de cada cidadão. Neste caso, 100 Créditos per capita.

Um dia, o estado resolve endividar-se para subsidiar a actividade de abre/tapa buracos. São compradas máquinas de abrir e tapar buracos.

Cada operário passa a abir 25 buracos por dia. 5 vezes mais. Passa a receber 5 vezes mais: 500 créditos por dia. Mas, como neste país os impostos são progressivos, cada operário que ganha 500 créditos é obrigado a pagar 480 de impostos. Sobram 20 Créditos, o que dá à justa para a obrigatória tigela de arroz.

Pelas minhas contas, o PIB neste país aumentou mais de 400%. Abrem-se e fecham-se cada vez mais buracos. Por outro lado, aumentou o endividamento externo e cada trabalhador continua a comer apenas uma tigela de arroz por dia.

É claro que, quem diz abrir e tapar buracos, diz guerras inúteis, portos sem tráfego, exposições internacionais sem visitantes estrangeiros, rotundas, actividades culturais para o partido interno, estradas sem tráfego e estádios de futebol.

Moral da história: a questão não está de todo no PIB. Num país sem liberdade económica e em que os valores são definidos pelo estado, o PIB não nos diz nada porque não corresponde a actividade económica que satisfaz os valores dos trabalhadores.

PIBs há muitos. Há vários arranjos da economia que produzem o mesmo PIB. Mas alguns arranjos são melhores que outros. O arranjo liberal garante que as pessoas são livres de usarem o seu trabalho para atingirem os seus próprios objectivos. Os arranjos não liberais forçam as pessoas a trabalhar para os objectivos dos membros do Partido Interno.