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sexta-feira, fevereiro 13, 2004
Pretextos não são causas II
Diz o Carlos Miguel Fernandes:
a teoria que defendia a existência de armas de destruição em massa no Iraque pertence, cada vez mais e a cada dia que passa, ao domínio da fantasia ou da mentira. Ou seja, na carência de um pretexto, criou-se uma razão artificial. Não acredito que seja historicamente inédito, mas talvez seja democraticamente saudável não aceitarmos esta manipulação de uma forma tão leviana.
Dando de barato que "se criou uma razão artificial", o que está por provar, o que esta questão mostra é que a discussão pública e a democracia têm limites. A discussão pública não vai nunca além da superficialidade dos pretextos. Por muito que isso custe a todos os que consideram a democracia como um fim em si mesma, a verdade é que o público em geral tem coisas mais importantes em que pensar. As pessoas em geral estão muito mais motivadas para se informarem correctamete sobre tudo o que se relaciona com a sua vida privada e muito pouco motivadas para se informarem sobre a coisa pública. E têm muito boas razões para se comportarem assim.
As razões da guerra foram muito mais complexas que a caricatura que agora querem fazer delas. O Partido Anti-Guerra está usar a falácia do homem de palha que lhe permite atacar um argumento mais fraco que aquele que foi efectivamente defendido pelo Partido Pró-Guerra.
O público é tão vulnerável às manipulações do Partido pró-guerra como às manipulações do Partido anti-guerra. Quando o partido anti-guerra tenta passar a ideia de que a guerra só foi feita por causa das ADMs, está a tentar manipular o público. Quando tenta passar a ideia de que os governos mentiram acerca das AMD, o partido anti-guerra ignora o problema da tomada de decisão a partir de informação imperfeita e está a manipular o público.
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