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segunda-feira, junho 30, 2003
Dicionário de Novilíngua VIII
O Dicionário de Novilíngua é recomendado a tod@s @s que desejam entender @s textos d@ Daniel Oliveira
Dicionário de Novilíngua VII
#Cidadania – actividade desenvolvida por aquel@s que defendem os pontos de vista do Partido Interno.
Dicionário de Novilíngua VI
#Incluir (#Inclusão) – atribuir privilégios a@s noss@s amig@s. Excluir defensores da Moral #Hegemónica. Marginalizar o prof. César das Neves
Dicionário de Novilíngua V
Moral #Hegemónica – moral que já não é praticada pela maioria da população mas ainda defendida por grupos #Hegemónicos minoritários. Moral defendida pelo prof. César das Neves.
Dicionário de Novilíngua IV
Grupo #Hegemónico – todo o grupo que não é o #Noss@ grup@.
Dicionário de Novilíngua III
Comissão #Independente – Comissão composta por pessoas que pensam como #Nós. Comissão sem representantes da moral #Hegemónica.
Dicionário de Novilíngua II
#Independente – indivíduo que pensa como #Nós e que tem as #Noss@s idei@s.
Dicionário de Novilíngua I
#Regular (#Regulação) – impor as ideias d@ Partid@ Intern@ @ tod@ @ sociedade de forma dissimulada através de um@ comissão #Independente.
sábado, junho 28, 2003
Correio dos Leitores II
Do leitor J. P. recebi o email seguinte, relativo a este post do Nelson de Matos:
O senhor D. Quixote preocupado com a concorrência quer que os estados legislem para o proteger e livrar dos malvados dos concorrentes que, conforme está escrito no céu, ou na Constituição, editam com menos qualidade do que ele, já que são marcas brancas, repugnantes e perigosas. Mas sobretudo ainda tem a lata de invocar a protecção dos autores, quando eu e todos os autores deste país somos explorados por essa cáfila que dá pelo nome de editores, que editam «por caridade» os nossos livros e só por caridade nos conseguem dar 5% do preço de capa (sem IVA). 5% de direitos sobre um n.º de exemplares vendidos DECLARADO PELO EDITOR! O autor só teoricamente tem garantias, por exemplo, de vistoriar os armazéns, mas como pode saber quantos foram vendidos se os editores alegam que eles estão nos retalhistas, ou em depósitos? Como pode o autor saber que eles não foram simplesmente incobrados (porque cobrar pode dar prejuizo ao editor ou este, estando a habituado a nâo dar contas, vai roubando na conta do autor os
extraviados, os mal controlados, os roubados, os negligenciados pelos serviços medíocres de certas editoras) ou mesmo vendidos sem que isso se reflicta no stock oficial?
Sei lá se os ofereceu às livrarias, aos amigos, aos jornalistas que depois os oferecem à família ou aos amigos? Este choradinho dos editores dá-me a volta ao estômago [...]
Correio dos leitores I
Recebi este interessante email do Maradona:
Um apreciador empedernido do seu blog, varejo-o, no entato, pela inclusão na classe de "mito" a afirmação de que a "floresta é uma riqueza nacional".
Não é um mito, é um facto verdadeiro, se bem que apenas potencial.
Podia dar milhares de exemplos. Fico-me pelo seguinte:
os solos portugueses, à excepção do vale do tejo a partir de abrantes, dos barros de beja e de um lameiro ou outro lá no norte, só aguenta floresta. Qualquer tentativa de colocar outra coisa que não floresta de espécies autocnes (e não eucaliptais ou palmeiras) é uma faca a mais que damos na unica riqueza natural biologica que temos no continente.
Os produtos da floresta e seus derivados são a nossa ultima hipotese de ser competitivos em termos de agricultura. Não perceber isso, e apoiar projectos de morangos no alentejo como fez cavaco, é pedir, de joelhos, o suicidio.
Vou tentar explicar-me. Não duvido que existam muitas razões para considerar a floresta como uma riqueza nacional. Há outros exemplos de que também se fala, como o mar.
No entanto, a economia real e os agentes económicos não têm essa percepção. Os agentes económicos não valorizam a floresta, não a protegem dos incêndios e não a desenvolvem. E isso tem que significar alguma coisa.
Não duvido que a floresta seja uma alternativa melhor que determinadas culturas agrícolas, mas essa é uma questão dificil de resolver numa economia semi-estatizada como a nossa. É uma questão que devia ser resolvida pelo mercado e não pelos decisores políticos. Se um decisor político defende a floresta como riqueza nacional eu desconfio. Se é mesmo uma riqueza, o mercado acabará por reconhecer isso mesmo e acabará por transferir capital de sectores menos rentáveis para o sector florestal.
O que é importante em economia não é a riqueza natural, mas a capacidade de organizar e transformar recursos em bens e serviços comercializáveis. É sempre possível afirmar que o sector X é uma riqueza nacional em potencial se ... O importante no entanto é este se. O se é normalmente tudo aquilo que representa a verdadeira riqueza: organização, iniciativa, inteligência ...
sexta-feira, junho 27, 2003
Mistério desvendado
Ao que parece, a reportagem do Paulo Querido no expresso não revela quem é o meu Pipi. Mas as informações divulgadas, quando cruzadas com informações públicas obtidas por outros meios, são suficientes para o identificar. E mais não digo.
PS - A entrevista está aqui.
As linhas que a Nike tece
O Linhas de Esquerda pegou num artigo da BBC de 2001 para voltar ao caso da Nike e para dizer: Espero que os blogues que cegamente defenderam a Nike [Valete Fratres e Jaquinzinhos] e a sua boa vontade em melhorar as condições de vida dos pobrezinhos admitam o seu erro (como é a sua política comum esta exigência). (link directo)
O Linhas de Esquerda é sem dúvida o Blog de esquerda que dá mais luta aos liberais. No entanto, o JAK ainda não percebeu completamente os argumentos liberais. Cá vai uma tentativa de explicação:
1- O liberalismo não defende nem é porta voz das grandes multinacionais como a Nike. O liberalismo defende a liberdade política e económica dos cidadãos individuais.
2- O liberalismo não acredita que a Nike tenha intenções altruístas. O que os liberais defendem é que ao perseguir os seus interesses, a Nike contribui involuntariamente para a melhoria das condições de vida dos habitantes dos países onde se instala. O Jaquinzinhos até se referiu ao Adam Smith: "It is not from the benevolence of the butcher, the brewer, or the baker, that we expect our dinner, but from their regard to their own interest. We address ourselves, not to their humanity but to their self-love, and never talk to them of our necessities but of their advantages."
3 – Os liberais não defendem que os trabalhadores da Nike levam uma vida boa e confortável. O que os liberais defendem é que os trabalhadores da Nike levam uma vida melhor que aquela que teriam se a Nike não existisse.
4 – Os liberais defendem que atacar empresas como a Nike tem efeitos contrários aos desejados porque favorece empresas que oferecem remunerações ainda piores.
5 – Para argumentar contra o que os Liberais defendem, o Linhas de Esquerda tem que mostrar que a situação dos trabalhadores dos países em desenvolvimento é melhor sem a Nike do que com a Nike. Não basta mostrar que a situação com a Nike tem problemas, porque os liberais dirão sempre que sem a Nike os problemas seriam muito maiores.
6- Finalmente, o Linhas de Esquerda devia estar menos preocupado com a Nike e mais preocupado com a coerção exercida pelos governos de países subdesenvolvidos sobre os seus próprios cidadãos. O Linhas de Esquerda devia defender para esses países a liberdade de expressão, direitos de propriedade para todos, inclusive para os mais fracos, os direitos à livre associação dos trabalhadores e dos cidadãos, a igualdade perante a lei, eleições livres e imprensa livre.
7 – Há ainda uma outra linha de argumentação que pode interessar ao JAK: mostrar que a Nike é cúmplice de governos coercivos e que a coerção aumentou para beneficiar a Nike.
Direitos de Autor VIII
O Incongruências lembra que o Stephen King não precisou de intermediários para vender alguns capítulos de um dos seus livros.
Direitos de Autor VII
A Wikipedia é uma enciclopédia que pode ser livremente copiada, modificada e distribuída. A versão em língua inglesa tem 135 mil artigos. É um milagre, e por detrás deste milagres estão milhares de voluntários e dois editores fundadores: Jimmy Wales e Larry Sanger.
Direitos de Autor VI
Nelson de Matos pergunta para que serve um editor. Michael Hart mostra que um editor também serve para colocar sob formato electrónico livros que se encontram no domínio público. Em 1971 fundou o Projecto Gutenberg e já publicou 6267 livros, incluindo Os Lusíadas.
Direitos de Autor V
Felizmente, na Austrália, as obras caem no domínio público 50 anos após a morte do autor: Nineteen Eighty Four . Será que o Download deste livro ou a divulgação deste link é ilegal em Portugal?
Direitos de Autor IV
Opposing Copyright Extension
Direitos de autor III
Nelson de Matos escreve:
E Fernando Pessoa, em 2005, lá ficará também em domínio público...
O problema é que nas estruturas estatais ninguém pensa nestas questões.
Defender o património cultural "dá" poucos votos e muita maçada.
Fernando Pessoa não ficará em domínio público. Voltará ao domínio público de onde nunca devia ter saído e de onde saiu graças a uma lei retroactiva que prolongou os direitos de autor por mais 20 anos. Esta extensão dos direitos de um autor morto é injustificável. Não incentiva a produção literária e desincentiva a edição.
Nelson de Matos quer que o estado intervenha e altere a lei. Se calhar Nelson de Matos quer mais uma extensão com efeitos retroactivos. O problema é que qualquer extensão dos direitos de autor é uma usurpação dos direitos de propriedade de cada um dos membros do público a favor dos interesses das editoras.
Direitos de autor II
Um livro que cai no domínio público passa a pertencer a todo e qualquer membro da sociedade. Não é propriedade do estado. Cada membro da sociedade é livre de publicar qualquer obra no domínio público ou de a partir dessa obra criar produtos derivados.
Direitos de autor I
Todos os Homens têm direito ao fruto do seu trabalho: a propriedade. A propriedade intelectual não é excepção. No entanto, cada Homem tem obrigação de suportar os custos da sua propriedade e nenhuma propriedade é mais difícil de proteger do que a propriedade intelectual. A protecção é feita essencialmente pelo estado e os custos de protecção encontram-se distribuídos por toda a sociedade. Por isso, os direitos do autor devem expirar e reverter a favor do público em geral ao fim de um determinado período de tempo.
quinta-feira, junho 26, 2003
Fogos Florestais
O Gonçalo publicou um post sobre fogos florestais que faz referência a este artigo sobre o assunto (pdf).
Duas notas:
1 - 79% da floresta potuguesa está nas mãos de privados. Estes privados não parecem muito interessados em proteger a sua própria riqueza e ficam à espera que seja o estado a proteger a floresta. Daqui se conclui que a floresta só é uma riqueza nacional na cabeça dos planeadores centrais do Terreiro do Paço. Os agentes económicos não têm a mesma percepção.
2 - Os incêndios florestais são um pretexto para a compra de equipamentos mais modernos. No entanto, quanto mais equipamento é comprado, mais a floresta arde. Três explicações:
- o aumento dos incêndios provoca o aumento das compras de equipamento
- o aumento das compras de equipamento provoca o aumento dos incêndios
- quem provoca os incêndios quer vender equipamentos
upgrade
Após o upgrade do Blogger passou a ser possível linkar individualmente cada post. Por exemplo: Objectos em extinção . No entanto, isso só é possível nos Blogs que fizerem a partir de hoje uma republicação dos arquivos em "Publishing".
quarta-feira, junho 25, 2003
Liberdades privadas, financiamentos públicos
Estatuto da Cruz Vermelha Portuguesa:
"A Cruz Vermelha Portuguesa, abreviadamente por CVP, é uma instituição humanitária não governamental, de carácter voluntário, que desenvolve a sua actividade devidamente apoiada pelo Estado, reconhecida como pessoa colectiva de utilidade pública administrativa, sem fins lucrativos, com plena capacidade jurídica para a prossecução dos seus fins."
Maria Barroso, ao DN:
A Cruz Vermelha é uma instituição inspirada por princípios universais, que considero indiscutíveis, entre os quais o da independência. Não aceita, nem deve aceitar a intromissão, na sua esfera interna, do Governo do país a que pertence.
Assumi a presidência da Cruz Vermelha Portuguesa quando se encontrava numa situação particularmente difícil. [...] Basta lembrar o passivo de mais de dois milhões de contos (10 milhões de euros, na moeda actual) que encontrei na instituição e, especialmente, no Hospital da Cruz Vermelha. Esse défice foi ultrapassado com a compreensão do Governo de então.[...]
O texto a negrito é esclarecedor.
terça-feira, junho 24, 2003
Mitos fundadores das discussões de Silly Season - Fogos Florestais
1 - Até ao século XIX Portugal era um país com florestas exuberantes que arderam entretanto;
2 - A floresta é uma riqueza nacional;
3 - É fácil prevenir fogos florestais;
4 - Os fogos florestais não são um fenómeno natural;
5 - Os bombeiros precisam de mais meios;
Um continente ameaçado pela fome
O Miguel Cabrita dos Relativos diz [Para Bush] O continente "ameaçado pela fome" é, atenção, a Europa, uma notícia que não pode deixar de nos inquietar a todos - e manifestamente inquieta também Bush, de certeza preocupadíssimo com o futuro do aliado que tanto preza.
O que o Bush realmente disse. Resumindo: o proteccinismo europeu não tem fundamentos cientificos e as pressões europeias impedem os países Africanos de adoptarem os transgénicos.
Elites IV
Uma elite não é uma elite só porque os seus membros se reconhecem uns outros como membros de uma elite.
Elites III
Num país com 10 milhões de habitantes, nenhum projecto pode depender de uma única pessoa, por muitos méritos que essa pessoa tenha.
Elites II
Os membros de uma elite não são aqueles que nasceram no seio de um determinado grupo, mas aqueles que se tornaram dignos de admiração pelos seus feitos.
Elites I
Não pertence a uma elite quem quer, pertence a uma elite quem pode.
Equador
Quem eram as 741 mil pessoas mortas pelas políticas do Estado Novo? Eram africanos sujeitos a trabalho forçado nas colónias. O romance do Miguel Sousa Tavares explica.
segunda-feira, junho 23, 2003
Administração Musical
Mas afinal o administrador Pedro Burmester não é responsável por nada?
Observatório da Blogosfera III
O Blog do Pedro Lomba é o florobsessao não é o flordeobsessao.
O Blog da Modus Vivendi é o amata não é o modusvivendi
Normas sociais: Como qualquer outro meio, a Blogosfera também tem normas sociais e deixa quem não as cumpre a falar sozinho. Coisas que a memética explica. Brevemente neste Blog.
Novos Democratas: Tenho que fazer uma lista dos Blogs dos adeptos do PND.
Pela Santa Liberdade: A meteórica passagem do Professor Adelino Maltez é um poço de lições sobre a Blogosfera.
Bem vindos: Aviz, Conta Corrente, Mata Mouros, Portugal dos Pequeninos.
Crónica infantil de Pedro Rolo Duarte: A crónica para quem não a leu. Discutido no Dicionário do Diabo, no Desejo Casar, nos Marretas e no Gato Fedorento .
Economia: Vale a pena ler o Venda-se, em particular o post Pop Economics II.
Economia e Caos: O Crítico Musical voltou a responder e a discussão estendeu-se à Modus Vivendi , aos Filhos de Viriato e ao Complot.
sábado, junho 21, 2003
Economia como um sistema caótico VI
(resposta ao crítico )
1 – Todos os problemas científicos são antes de mais problemas filosóficos.
2 – Má economia é muitas vezes má filosofia.
3 – O economista-filósofo tem que responder previamente a algumas questões filosóficas.
4 – O que é que tem valor?
5 – O que tem valor, tem valor para quem?
6- O que podemos saber?
7 – Os valores em economia são subjectivos. Cada bem ou serviço tem um valor diferente para cada agente e cada agente é o único que está em posição para avaliar aquilo que tem valor para si próprio.
8 – Estes valores subjectivos estão em permanente mutação.
9 – Entretanto, nenhum agente tem acesso a toda a informação sobre a economia. Na verdade, cada agente tem acesso a uma percentagem muitíssimo baixa da informação.
10- Nenhuma autoridade central pode alguma vez saber quais são as preferências de cada agente individual.
11 – Nenhuma autoridade central pode ter acesso à informação sobre as condições locais de cada agente.
12 – A economia é um sistema complexo com um número elevadíssimo de graus de liberdade.
13 – A economia não é um sistema estático. É um sistema dinâmico em que os agentes ajustam actividade e as suas preferências às condições ambientais e à actividade e preferências dos outros agentes.
14 – A economia é por isso um sistema adaptativo (tal como a biosfera).
15 – A adaptação ocorre a nível local.
16 – A força directriz da adaptação é o conjunto de valores de cada agente.
17 – Por isso, qualquer progresso em economia ocorre apenas a nível local com a satisfação das ambições de cada agente.
18 – Alguns agentes desempenham um papel exploratório, experimental e criativo.
19 – Inovações e aumentos de eficiência na economia provocam aquilo a que o crítico chamaria turbulência. Esta turbulência não é mais do que um reajustamento macroeconómico absolutamente necessário que resulta das inovações a nível local.
20 – A intervenção do estado na economia consiste na imposição dos valores do estado a cada um dos agentes que constitui a economia e uma violação da liberdade destes agentes.
21 – As intervenções do estado são sempre macroeconómicas e baseadas em informação limitada expressa em estatísticas.
22 – O crítico acha que o estado deve procurar janelas de estabilidade manipulando os parâmetros do sistema.
23 – A estabilidade, pensa o crítico, impede as falências e garante o emprego.
24 – Primeiro problema: a economia tem muitíssimos graus de liberdade o que significa que tem muitíssimos parâmetros.
25 – Segundo problema: a economia é um sistema adaptativo e os parâmetros estão em constante mutação.
26 – Terceiro problema: a procura de janelas de estabilidade demora tempo. Entretanto, alguns agentes adaptam-se, os parâmetros mudam e outros agentes perdem a paciência.
27 – Quarto problema: como o sistema depende das condições iniciais e como é impossível saber quais são essas condições, podemos ir parar a uma zona de estabilidade, mas nada nos garante que vamos parar a uma boa zona de estabilidade.
28 – Quinto problema: o estado será tentado a substituir os verdadeiros parâmetros do sistema por estatísticas macroeconómicas. O problema é que os modelos macroeconómicos não permitem prever detalhes microeconómicos e como já foi explicado os acontecimentos verdadeiramente importantes ocorrem ao nível microeconómico.
29 – Sexto problema: um sistema estável é um mau sistema. A economia de mercado é um sistema bem sucedido precisamente porque não é um sistema estável, mas um sistema dinâmico e adaptável que gera inovação.
30 – Na verdade, a intervenção do estado no mercado tende a destruir os mecanismos de adaptação e inovação.
31 – Por exemplo, ao proteger empresas à beira da falência o estado está a proteger bens e serviços que já ninguém na economia valoriza. É necessário realocar os recursos destas empresas.
32 – Ao fixar determinados parâmetros macroeconómicos o estado impõe esses parâmetros como valores a todos os agentes, impede cada agente de satisfazer os seus próprios valores e destrói os mecanismos de inovação económica do mercado.
33- Infelizmente, estas intervenções do estado geram frutos políticos porque os seus alegados benefícios estão concentrados e servem alguns grupos de pressão enquanto os seus prejuízos estão dispersos por toda a economia.
34 – Claro que o estado deve garantir alguns parâmetros na economia. Mas, provavelmente, não são esses parâmetros que o crítico tem em mente. Os parâmetros que o estado deve condicionar são aqueles que garantem a liberdade dos agentes e que permitem que o sistema permaneça aberto e criativo.
35 – Curiosamente, a obsessão do crítico pela matemática e pelas equações é criticada por Hayek. Hayek defende que esta obsessão gera uma preferência por modelos que estão muito longe de serem úteis para estudar a economia real.
35 – Segundo Hayek, os métodos matemáticos não podem tratar um sistema tão complexo como a economia porque os maus modelos não funcionam e os bons modelos necessitam de informação inacessível.
36 – Estes problemas não serão ultrapassados pela evolução dos sistemas de aquisição e processamento de informação porque esses mesmos sistemas estão a contribuir para transformar a economia num sistema ainda mais complexo (digo eu, Hayek tem um argumento muito mais fraco).
37 – Finalmente, o crítico sabe perfeitamente que um bom juiz pode ou não usar gravata.
38 – Por isso, não percebo porque é que ele acha que um bom argumento não pode ser expresso por um divulgador que nem sequer usa equações.
Flor de Obsessão
Novo Blog do Pedro Lomba
Francisco Louçã e a Teoria do Caos
No seu último post sobre este assunto, o Crítico fez um comentário à tese de doutoramento do Francisco Louçã: Turbulence in Economics: An Evolutionary Appraisal of Cycles and Complexity in Historical Processes. Será que o Louçã também acredita que o caos é uma característica indesejada do sistema para logo a seguir propôr a regulação dos mercados por parte do estado? Lembro-me vagamente de o ouvir falar disto e penso que a tese era mesmo esta.
(continua)
Society is the result of human action, but not of human design
Every step and every movement of the multitude, even in what are termed enlightened ages, are made with equal blindness to the future; and nations stumble upon establishments, which are indeed the result of human action, but not the execution of any human design.
An Essay on the History of Civil Society, Adam Ferguson, 1767
sexta-feira, junho 20, 2003
Todos são inocentes até prova em contrário, mas uns ... MCVIII
Engenheiro Informático julgado e condenado pela comunicação social após confissão do crime.
Crimes contra a moral púdica (lucrativo negócio de pornografia), bigamia e racismo contribuíram para o desfecho final do julgamento. Toda a vida familiar do réu revelada.
Justiça rápida condena réu em menos de uma semana. Prisão preventiva aceite como um bem (des)necessário. O réu reitera a sua confiança na justiça.
Observatório da Blogosfera II
O Thomaz vs. Cunhal quer transformar a Assembleia da República num carrocel. Grande contributo para a ciência política: o espaço de fases de Vosem/THOMAZ. Com tanta capacidade visual não lhe deve ser dificil resolver o Cubo Mágico Tetradimensional
O Valete anda irreconhecível. Passa a vida a citar um socialista anti-americano dos anos 30 cuja política económica tem muitos pontos em comum com a primeira Declaração de Princípios do Partido Socialista (1973).
(continua no fim de semana)
quinta-feira, junho 19, 2003
Constituição Europeia – Uma proposta
artigo 1: The enumeration in the Constitution, of certain rights, shall not be construed to deny or disparage others retained by the people.
artigo2:The powers not delegated to the Union by the Constitution, nor prohibited by it to the states, are reserved to the states respectively, or to the people.
(Acaba aqui. Os nossos leitores preferem posts curtos)
Obrigado!
O Pedro Lomba citou o Liberdade de Expressão no “Escrita em Dia” . Obrigado!
Entretanto, o Pedro prepara-se para lançar um novo Blog. O Ginecologista Casto foi ocupado por alguém.
Relatório Completo
O Contrafactos conta tudo o que se passou no programa “Escrita em Dia” de Francisco José Viegas dedicado à Blogosfera.
Economia como um sistema caótico IV
Out of Control (texto integral) de Kevin Kelly explica as extraordinárias capacidades dos sistemas complexos e as virtudes da descentralização e da autoorganização.
Economia como um sistema caótico III
O sistema imunitário humano é um sistema caótico. É caótico porque só um sistema imunitário caóticos consegue ao mesmo tempo:
- Reconhecer e atacar qualquer ameaça conhecida;
- Aprender a reconhecer ameaças desconhecidas;
- Não se atacar a si próprio nem ao próprio corpo;
Qualquer tentativa para regular o Sistema Imunitário terá como inevitável consequência a diminuição das suas capacidades para se autoregular e para se adaptar a um ambiente em mudança.
Economia como um sistema caótico II
Resposta ao crítico : Os sistemas caóticos caracterizam-se pela dependência sensível às condições iniciais. Isto é, dois estados iniciais muito semelhantes terão consequências muito diferentes. Os sistemas caóticos são imprevisíveis. Caos não deve ser confundido nem com balbúrdia nem com acaso . Neste contexto, caos é sinónimo de complexo. Longe de ser uma característica indesejada que é necessário regular, o caos é uma característica indispensável de uma economia ou de qualquer outro sistema cujo objectivo é resolver problemas novos e descentralizados através de informação dispersa.
quarta-feira, junho 18, 2003
Dicionário do Diabo
Novo Blog do Pedro Mexia.
Economia como um sistema caótico
Primeiro, quero dizer que compreendo que o Crítico não seja um crítico de economia. Tudo bem. A minha observação serviu apenas para dizer que os liberais não são liberais porque acreditam no mercado como num Deus. Os liberais são liberais porque acham que os argumentos a favor do mercado são melhores que os argumentos contra. Não se trata de uma questão de fé.
O Crítico na sua resposta diz que a economia é um sistema caótico. Muito bem, aceito. Mas se é um sistema caótico então o estado não deve interferir no seu funcionamento. Isto porque o estado não tem informação nem poder computacional suficientes para prever as consequências das diferentes alternativas.
O crítico diz ainda:
Claro que um sistema deste tipo é caótico. Mas ainda falta perceber para onde tende a taxa de lucro e como varia em termos dinâmicos com a intensificação do capital e a taxa de exploração, embora estudos recentes apontem para um decréscimo, num sistema capitalista, e rapidamente no caso liberal. O que significaria que um sistema liberal está condenado a longo prazo.
Num sistema capitalista, o lucro não tende a desaparecer. O que acontece é que nas actividades antigas e sem riscos o lucro tende a diminuir. No entanto, há sempre lucro a fazer em actividades inovadoras e de alto risco. Por isso, em vez de ser um problema para o capitalismo, a diminuição do lucro nas actividades antigas é um incentivo à inovação e à modernização. Por exemplo, os lucros na área da saúde continuam muito elevados e enquanto não formos todos imortais haverá sempre lucro a fazer nessa área.
O facto de o lucro diminuir em determinadas actividades é uma demonstração da superioridade do capitalismo. Mostra que o sistema funciona, a currupção é baixa, não há carteis nem assimetria de informação e que há confiança no futuro.
Finalmente, aceito que o crítico tenha uma predilecção pelo estatismo por razões de solidariedade. Mas nesse caso, terá que reconhecer que está a fazer solidariedade com o trabalho e o capital dos outros interferindo dessa forma num sistema caótico. Sendo o sistema caótico, temo que os resultados sejam imprevisíveis e provavelmente contrários aos desejados.
terça-feira, junho 17, 2003
Catedral vs. Bazar
Catedral ------------Bazar
Windows------------Linux
Britannica-----------Wikipedia
Criacionismo---------Evolucionismo
Artificial-------------Emergente
Robot ---------------Homo Sapiens
URSS----------------EUA
Economia
Planificada-----------Mercado
Media
Tradicional ----------Blogosfera
Esperanto-----------Português
Keynes--------------Hayek
King’s law------------Common Law
Exército regular------Guerrilha
Ditadura-------------Democracia Liberal
Rebeldes-------------Império
ETA------------------Al Qaeda
Método de Newton---Algoritmo genético
Monoteísmo----------Politeísmo
O Império------------Os rebeldes
Post dedicado ao Thomaz vs. Cunhal.
Primeira frase da Constituíção Europeia
A nossa Constituição chama-se "democracia" porque o poder está nas mãos, não de uma minoria, mas do maior número de cidadãos. Tucídides II, 37
Podemos parar por aqui. O poder não deve estar nas mãos, nem do maior número de cidadãos, nem de uma minoria. O poder deve estar igualmente distribuído por cada um dos cidadãos. São estes cidadãos que delegam temporariamente uma ínfima parte do seu poder aos seus legítimos representantes. Cada cidadão conserva para si a esmagadora maioria do seu poder e dos seus direitos.
É o custo de oportunidade II
Sobre o Euro2004, Nuno Mota Pinto do Mar Salgado lembra a importância das externalidades positivas:
Claro que no caso vertente também se deve ter em conta as externalidades que possam surgir do investimento e da organização do torneio - parece no entanto díficil de argumentar que vão ser em montante tal que o justifiquem. Há um estudo da Federação que vai por este caminho mas dado os interesses em causa talvez seja melhor esperar por outros estudos de outras fontes.
As externalidades são outro dos argumentos mais utilizados para justificar investimentos do estado. Mas é um argumento que também tem o problema do custo de oportunidade. O euro2004 não é a única opção com externalidades. Um programa público de renovação de hospitais ou uma redução de impostos também teriam externalidades. Toda a actividade económica tem externalidades, mesmo a actividade privada. Pode um estudo económico comparar o euro2004 e as suas externalidades com as restantes opções e as respectivas externalidades? E porque é que esse estudo só é feito depois da decisão tomada?
No Venda-se também se discute este assunto, inclusive nos comentários. O Gonçalo tem razão quando escreve:
Não deixa de ser curioso a comparação do João, com os Hospitais. Isto porque, vindo dum liberal Hayekiano, esperaria uma política do lado da oferta, algo do género: uma redução dos impostos pelo montante gasto com o EURO 2004. Provavelmente o argumento era apenas conceptual.
segunda-feira, junho 16, 2003
É o custo de oportunidade
Santana Lopes defende que, como o dinheiro investido pelo estado no Euro2004 é recuperado através do IVA então o Euro2004 não custa quase nada.
O mesmo tipo de argumento foi usado para justificar a EXPO 98.
O problema é que o custo de um determinado investimento não é seu custo financeiro mas o seu custo de oportunidade. O custo do Euro2004 são os hospitais e as escolas que não se fazem entretanto. O mesmo investimento poderia ser aplicado noutra actividade qualquer que gerasse um retorno maior. A alternativa ao Euro 2004 não é não fazer nada. É aplicar o mesmo dinheiro noutros fins. Por exemplo, se o mesmo dinheiro fosse utilizado para fomentar a construção de hospitais haveria retorno de IVA à mesma. A diferença é que com o EURO temos estádios em vez de hospitais.
Observatório da Blogosfera
O Pedro Lomba não aguentou nem uma semana e está a postar nos Marretas . ;
A Modus Vivendi continua a discutir Blogosfera e tem um post sobre privacidade. Um excelente tema. Nas entrelinhas da Blogosfera é possível antever os bastidores da política e dos media portugueses. Aprende-se muito.
Vários Blogs citaram o post sobre Bazares e Catedrais. Obrigado!
O Crítico Musical
diz ”O que mais me irrita na chamada direita é o liberalismo e a ideia de que a liberdade de mercado é o Deus, que não se devem pagar impostos que atrofiam as empresas e impedem o progresso económico e, logo, social.” Mas fica por aqui. Não argumenta. Não mostra que os impostos não atrofiam as empresas. Não mostra que os impostos não impedem o progresso económico. Criticar não é opinar. Criticar deve ser opinar de forma fundamentada. O Crítico tem ao menos que admitir que os liberais argumentam. Desbobinam a teoria toda da Escola Austríaca, falam em incentivos, oferta e procura, citam exemplos, índices de liberdade económica, falam de Public Choice Theory e Teoria dos Jogos.
No Blog de Esquerda, Daniel Oliveira exclui as mães de Bragança do Fórum Social Português. É pena, não há movimento mais social, nem mais português nem mais antiglobalização do que o das Mães de Bragança.
Ainda no Blog de Esquerda Ricardo Noronha diz que A pós-modernidade, diversa, plural, contraditória mesmo, não nega as sínteses como não nega praticamente nada à partida. Pois não. Para a pós-modenidade um sapato é um cão, um cão é um lápis, um lápis é uma borboleta e uma borboleta é uma côdea de pão de milho. Nesse ambiente intelectual outro mundo é mesmo possível.
Alguns Bloggers andam a produzir muito abaixo das suas capacidades: Cruzes Canhoto, Contra a Corrente, A causa foi modificada , Valete Fratres, Pedro Mexia. Solução 1: Mudar os sistema de incentivos. Solução 2: nacionalizar os Blogs.
O kuro5hin é o melhor Weblog Colectivo do Mundo. Este artigo discute espectros políticos uni, bi e tridimensionais.
Aparentemente, o endereço da Causa Liberal mudou de .or para .net. Esta semana, Carlos Novais defende aTaxa Única de Tributação . Reparem que os Liberais argumentam.
O Contra a Corrente explica porque é que Oakeshott não é um relativista moral.
sábado, junho 14, 2003
A Blogosfera é um Bazar
1- Há diferenças entre uma Catedral e um Bazar ;
2 – As Catedrais são concebidas por um arquitecto;
3 – Os Bazares emergem das acções individuais de centenas de mercadores. A influência de cada um destes mercadores no aspecto final do Bazar depende do seu poder e da ordem de chegada;
4 - As Catedrais obedecem a uma determinada hierarquia de valores e expressam essa hierarquia de valores. Por isso é que os elementos religiosos mais importantes são colocados no centro;
5 - O Bazar não obedece a nenhuma ordem nem a nenhum objectivo global. A disposição das lojas no Bazar e a disposição dos produtos nas lojas obedecem a uma ordem que é determinada localmente e que depende da negociação continua entre vendedores e entre vendedores e compradores;
6 – A Blogosfera é um Bazar em que cada Blog se estabelece, expõe as suas ideias e faz as suas ligações com outros Blogs;
7 – O modelo da Catedral é o modelo em que está organizada a personalidade humana, a família nuclear, a escola ou o estado;
8 – Não é por isso estranho que tenhamos assistido a algumas tentativas para transpor o modelo da Catedral para a Blogosfera;
9 – No Bazar, o valor de uma mercadoria depende da apreciação subjectiva de cada comprador. Na Catedral o valor é estabelecido por uma doutrina religiosa e é absoluto;
10 – Alguns Bloggers tentaram estabelecer uma hierarquia de valores na Blogosfera através da figura de Blog de referência;
11 – No entanto, a escolha destes Blog de referência foi feita por um pequeno grupo de não mais de 20 pessoas com ligações pessoais entre si;
12 – A tentativa de um pequeno grupo de pessoas de estabelecer valor funciona numa Catedral, mas não funciona num Bazar;
13 – Como a Blogosfera é na realidade um Bazar, o valor encontra-se em permanente negociação e é estabelecido localmente pelos outros Blogs e pelos leitores. O valor não pode ser estabelecido por uma autoridade central;
14 – É possível que um ou outro Blog se torne num Blog de referência;
15 – Mas isso só acontecerá se as ideias produzidas por esse Blog tiverem efectivamente valor para muita gente;
16 – E mesmo nesse caso, não é claro que o conceito de Blog de Referência tenha algum sentido na Blogosfera porque um Blog de referência apenas o é para a sub-Blogosfera que se reconhece nele (nos media tradicionais acontece a mesma coisa);
17 – Claro que os Media tradicionais contribuíram para o estabelecimento do que tem valor na Blogosfera;
18 – Por exemplo, o valor atribuído pelos outros Bloggers ao Abrupto depende mais da reputação ganha pelo Pacheco Pereira fora da Blogosfera do que da reputação ganha na Blogosfera;
19 – Os Media tradicionais construíram pequenas Catedrais no interior da Blogosfera e amplificam o valor de determinados Blogs quando citam os seus textos fora da Blogosfera;
20 – Mas como o custo de entrada na Blogosfera é quase nulo, depressa começarão a surgir bancas da fruta e lojas de loiça à volta dessas pequenas Catedrais que depressa ficarão rodeadas por Bazares;
21 – O valor atribuído a um Blog como o Abruto será condicionado pelos Blogs que se instalam há porta da Catedral. Esses Blogs terão o poder de atenuar, modificar ou amplificar as mensagens emitidas;
22 – Por isso, a importância na Blogosfera de um Blog dito de referência dependerá muito mais da forma como as suas mensagens se propagam do que da sua alegada reputação;
23 – A importância de um Blog fora da Blogosfera dependerá da reputação que o seu autor já tinha entre a comunidade política e jornalística.
sexta-feira, junho 13, 2003
Forum da TSF
Despois dos apelos de Jorge Sampaio ao respeito pelos políticos, o povo respondeu através do Forum da TSF.
O povo manda dizer que só respeita quem se fizer respeitar.
O SISTEMA JUDICIAL DEVE PRESUMIR a inocência até prova em contrário
logo, o sistema judicial deve presumir a inocência
- do Bibi;
- do Paulo Pedroso;
- da Fátima Felgueiras;
Para o sistema judicial, o O. J. Simpson é considerado não culpado uma vez que já foi julgado e não pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime.
Mas as posições do sistema judicial não podem impedir a sociedade civil de fazer os seus próprios julgamentos.
Todos são PRESUMIDOS inocentes até prova em contrário
logo, cada um de nós deve presumir a inocência
- do O J Simpson;
- do Bibi;
- do Paulo Pedroso;
- da Fátima Felgueiras;
Perguntas inocentes
Há alguma relação entre presunção de inocência e inocência?
Se o Carlos Silvino nâo for condenado e se nada for provado contra ele deve ser readmitido na Casa Pia?
Se nada se provar contra Paulo Pedroso, os eleitores são obrigados a considerá-lo inocente?
Quem é que acredita na inocência do O. J. Simpson?
Fim da Coluna
O José Manuel Fernandes lamenta o fim da Coluna Infame.
Já passaram 3 dias e o Pedro Mexia ainda não criou um novo Blog. Não percebo como é que ele aguenta.
quinta-feira, junho 12, 2003
Liberal do dia
Sérgio Vasquez desmonta a taxa Lula (a taxa sobre o comércio internacional de armas)
Dois bons argumentos:
- A taxa Lula é um bom pretexto para os governos dos países desenvolvidos desviarem os actuais apoios ao terceiro mundo para outros fins;
- Os vendedores de armas tenderão a passar a taxa Lula para os compradores. Os compradores são os governos do terceiro mundo que tenderão a desviar mais dinheiro da construção de escolas e hospitais para a compra de armas. Resumindo: a Taxa Lula é um imposto sobre os pobres para alimentar burocratas, e intermediários da ajuda internacional e do comércio de armas.
Liberalism versus Majority Rule
Liberalism is a doctrine about what the law ought to be, democracy a doctrine about the manner of determining what will be the law. Liberalism regards it as desirable that only what the majority accepts should in fact be law, but it does not believe that this is in fact good law. Its aim, indeed, is to persuade the majority to observe certain principles. It accepts majority rule as a method of deciding but not as an authority for what the decision ought to be. For de doctrinaire democrat the fact that the majority wants something is sufficient ground for regarding it as good; for him the majority determines not only what is law but what is good law.
F. Hayek
O estado da Blogosfera
O Abrupto está em forma.
O Intermitente rebate mais uma falácia anti-liberal. A de que o liberalismo fracassou na América Latina. É a confusão frequente entre dirigismo estatista e liberalismo.
O criticomusical crítica a crise na Blogosfera. E acerta.
O Venda-se é um adepto das Individual Transferable Quotas. Esta é a ideia número 18 dos 80 contributos para um fórum liberal
A Bomba Inteligente pergunta como é possível reconhecer a qualidade na escrita sem haver liberdade de expressão. Não é possível. Os empreendimentos intelectuais são actividades sociais. Nenhum intelectual pode ter confiança nas suas ideias se não as submeter à crítica dos seus pares. As comunidades académicas funcionam como sistemas de processamento de informação e descoberta da verdade. A Liberdade de Expressão é essencial para a propagação das boas teorias e para a eliminação das teorias falaciosas. Sem Liberdade de Expressão, algumas das boas teorias podem ser erroneamente eliminadas do sistema e algumas das más podem ser erroneamente promovidas.
Sampaio indignado
É a táctica da vitimização a funcionar mais uma vez.
Sampaio dá-se muito mal com as críticas. E em vez de argumentar contra os críticos faz aquilo que a maior parte dos políticos portugueses sabe fazer melhor: indigna-se
Uma pérola:
"Não posso tolerar que ao fim de 28 anos de democracia se possa continuar a pôr em causa os órgãos de soberania"
Estranho conceito de democracia.
Outra pérola:
"é intolerável que ao fim de 29 anos da democracia portuguesa se possam continuar a tolerar suspeições sobre os regentes políticos portugueses eleitos."
Deve ser uma referência à Fátima Felgueiras, à Edite Estrela, ao Ferreira Torres e ao deputado Cruz Silva.
Só há uma maneira de os portugueses deixarem de suspeitar dos políticos: os políticos têm que ganhar credibilidade através das suas acções. A retórica e a indignação não convencem ninguém.
Um outro mundo é possível II
O Jaquinzinhos anda muito inspirado.
É a Liberdade, estúpido!
Muita gente indignada com a entrevista de Fátima Felgueiras.
A televisão pública transmitiu em directo uma entrevista que não cabe no seviço público? Mas isso é inevitável no serviço público generalista. Se a RTP fosse a única a não transmitir a entrevista ficava às moscas. Um serviço público generalista às moscas serve para quê?
As televisões privadas transmitiram em directo uma entrevista de uma foragida? Fizeram muito bem. Não cometeram nenhum crime. Os canais privados usaram a liberdade a que têm direito da forma que bem entenderam. Os telespectadores usaram a liberdade a que têm direito vendo ou não vendo. Ninguém tem o direito de interferir nestas liberdades.
Vários blogs criticaram a emissão da entrevista em directo e em horário nobre. Estão no seu direito. Não têm é o direito de proibir ou de impor leis que proibam este tipo de emissões por televisões privadas. A crítica neste caso deve ter como objectivo convencer os telespectadores a deixarem de ver este tipo de programas.
terça-feira, junho 10, 2003
Marte: outro mundo é mesmo possível
80 Contributos para um fórum liberal
(via Valete Fratres )
Afinal, outro mundo é mesmo possível.
O respeito não se exige, conquista-se ...
Jorge Sampaio exige respeito pelos políticos
segunda-feira, junho 09, 2003
Liberdade de Expressão
Os portugueses continuam a dar-se mal com a Liberdade de Expressão (não o Blog, o conceito). E os juizes ainda se dão pior.
A Liberdade de Expressão serve para proteger as opiniões que são desagradáveis para alguém. As outras não precisam de protecção.
António Marinho foi demitido por críticas feitas aos juízes. Foi criticado, não pelo conteúdo das críticas, mas por ter feito críticas com que toda a gente concorda. Se ele não tivesse razão bastava contra-argumentar. Mas em Portugal ninguém contra-argumenta. Todos se indignam.
António Marinho era presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados. Não foi por defender mal os direitos humanos que foi demitido. Foi por os ter defendido bem. Foi demitido porque defendeu os direitos humanos, mas prejudicou os interesses corporativos da ordem.
O Bastonário da Ordem dos Advogados demitiu António Marinho e assumiu ele próprio a presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados. Para que a comissão passe a defender os interesses da ordem. Está no seu direito de transformar a comissão num órgão decorativo.
Crise na Blogosfera
Please don't feed the trolls, that will only encourage them.
Lista de personalidades que repetiram como boas as mentiras sobre as declarações de Wolfowitz
Mário Soares, Maria de Lurdes Pintasilgo, José Socrates, Pedro Santana Lopes e Miguel Sousa Tavares.
O Picuinhas acrescenta Paulo Paixão, Ruben de Carvalho e Ana Sá Lopes.
sábado, junho 07, 2003
Desenvolvimentos do caso Casa Pia II
Segundo o Público O ex-provedor da Casa Pia, Luís Rebelo, e o seu adjunto Manuel José Abrantes (arguido por abuso sexual de menores) aparecem fortemente indiciados pela prática dos crimes de falsificação de documentos e participação económica em negócio num relatório concluído, em 1998, pela inspecção-geral do Ministério da Segurança Social e do Trabalho.
Segundo o DN Bagão Félix não hesitou em demitir o anterior provedor, Luís Martins Rebelo, em Novembro de 2002, mal este pronunciou uma «declaração infeliz», minimizando a existência de apenas um alegado pedófilo entre a totalidade de funcionários da Casa Pia. Pelo contrário, tal não foi feito quando o PS estava no Governo, a despeito de no relatório da Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho se recomendar sem subterfúgios: «Mostra-se conveniente propor, de imediato, ao senhor ministro do Trabalho e da Solidariedade a suspensão preventiva do provedor da Casa Pia de Lisboa.» Isto porque «a sua presença se revela inconveniente para o serviço e para o apuramento da verdade».
O ministro do Trabalho e da Solidariedade não suspendeu o provedor.
Quem era Ministro do Trabalho e da Solidariedade em 1998? Um tal Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues . Quem era secretário de estado no mesmo ministério? Um tal Paulo José Fernandes Pedroso
Caso Wolfowitz no Gildot
Acabei de aprovar um artigo no Gildot sobre o papel da Blogosfera no caso Wolfowitz. Provável discussão a não perder.
sexta-feira, junho 06, 2003
Os Liberais no Forum Social Português
Os liberais portugueses deviam contibuir com algumas palestas para o Forum Social Português. Por exemplo:
- A importância do comércio de emissões de CO2 no Protocolo de Quioto.
- A importância dos direitos de propriedade no combate à pobreza, com a participação especial de Hernando De Soto
- Microcrédito no Bangladesh e no Conselho de Moura
- Protecionismo: o maior inimigo dos países pobres.
- Competição no sistema monetário: O Banco do Tempo de Abrantes
- Alimentos transgénicos: o instrumento mais eficaz de combate à fome.
- Arroz Dourado: como os alimentos transgénicos podem salvar milhões da cegueira.
- Aumentar o Deficit é roubar os nossos filhos.
- Por um ensino verdadeiramente alternativo: o Cheque Educação.
- Descentralização do sistema de ensino: quem deve gerir a Escola Primária do Cruzeiro, o Tino de Rans ou o Ministro da Educação?
- Sistemas monetários alternativos: o caso dos Ithaca Hours
- O papel do comércio internacional no combate à pobreza.
- Soluções de mercado para os problemas ambientais: a privatização dos direitos de exploração do Mar.
- Análise Racional de Risco, uma alternativa ao Princípio da Precaução.
- Agricultura biológica, um risco ambiental
- DDT, uma arma contra a Malária
- Importância dos ciclos solares no aquecimento global.
- Porque é que o rendimento per Capita não pára de aumentar em todo o mundo.
- Tranferências gratuitas e expontâneas de propriedade intelectual dos países ricos para os países pobres: pirataria de medicamentos e software.
quinta-feira, junho 05, 2003
Privatização dos rios
O De Direita discute a privatização dos rios e no fim conclui:
Felizmente para todos nós, este tipo de pensamento monodimensional não passa de um produto de entretenimento.
De forma alguma. A privatização dos recursos naturais é uma alternativa séria, engenhosa e com um potencial extraordinário. Alguns links que demonstram isso mesmo:
O caso a favor da guerra
Esta foi a minha justificação da Guerra contra o Iraque, escrita no dia 9 de Março de 2003 publicada aqui. Publico-a outra vez para mostrar que a existência de armas de destruição maciça no Iraque é para mim irrelevante para a justificação da guerra.
1 - Todo e qualquer ser humano tem o direito fundamental à vida, à liberdade e à participação política numa democracia. Saddam Hussein viola sistematicamente
todos estes direitos dos iraquianos, logo o uso da força para acabar com o regime iraquiano é legítimo.
2 - Saddam Huessein é um apoiante declarado do terrorismo em Israel;
3 - Saddam Hussein violou consecutivamente 17 resoluções das Nações Unidas, incluindo a última. Logo, o uso da força contra o Iraque é legítimo.
4 - Um sitema legal internacional que não possua meios para impor as suas decisões pela força é inútil.
5 - Os EUA e o Reino Unido defendem a única solução não utópica para a violação dos direitos humanos no Iraque e para forçar o cumprimento das resoluções da ONU.
6 - Os pacifistas defendem apenas a continuação do Status Quo o que significa a perpetuação da ditadura, da violação sistemática dos direitos humanos, da violação
de resoluções da ONU e da ameaça militar iraquiana. Nenhum pacifista defendeu até ao momento uma solução para o problema do Iraque. Aliás, para os pacifistas nem parece haver um problema.
Perante esta situação, eu apoio a única solução viável para o problema, como aliás já apoiei a invasão do Afganistão e as intervenções na Bosnia e no Kosovo.
[Nota: antes da guerra já se sabia que o Iraque tinha violado a 17ª resolução do Conselho de Segurança. O Iraque não colaborou activamente com os inspectores da ONU como era obrigado a colaborar e não declarou, como era obrigado a declarar, o destino das armas químicas e biológicas que existiam em 1991. O destino dado a estas armas nunca foi esclarecido.]
Desenvolvimentos do caso Casa Pia
Ferro Rodrigues interrogou o Procurador durante 6 horas consecutivas; O procurador aguentou-se firme e nada disse de importante;
Ferro Rodrigues passou outra vez a acreditar na justiça;
Apesar disso, Ferro disse "Reafirmo todas as posições que assumi, sobre este tema, em momentos anteriores." (estão a ver a contradição entre este ponto e o anterior?);
Será que Ferro Rodrigues reafirma a Cabala? Tudo indica que sim;
Ferro disse "Entrei com a minha convicção inabalável na inocência do deputado Paulo Pedroso. Saí com a mesma confiança. Convicção absoluta e inabalável." Isto faz sentido. Se a convicção à entrada era inabalável, nada a poderia ter abalado;
Ferro Rodrigues diz que ficou mais confiante. Como Ferro Rodrigues é o único que sabe o que se passou lá dentro, nada do que ele diz pode ser confirmado ou desmentido. Não sabemos se ele tem mesmo razões para estar confiante;
A língua portuguesa continua a ser molestada. O uso abusivo está a tornar obsoletas palavras e expressões como "inocente", "convicção", "confiança na justiça", "doa a quem doer", "inabalável";
António Costa reafirma que foi o seu telemóvel que foi escutado.;
Bibi pode tornar-se num "arrependido". Aproximam-se críticas ferozes à figura do arrependido;
O ReporterX parece estar a mudar de táctica. O Reporter prepara-se para explorar os casos de pedofilia que aconteceram noutros países europeus. Nesses países, os famosos safaram-se sempre. Para o ReporterX, os famosos estavam inocentes e foram infundadamente acusados. Há outras explicações.
Wolfowitz e o Público
O "número dois" do Pentágono, Paul Wolfowitz, disse ontem que o principal motivo da acção militar contra o Iraque foi o petróleo.
Não havia necessidade. Como explica o Intermitente o que Wolfowitz disse efectivamente foi que as sanções económicas não são uma arma eficaz contra regimes que nadam em petróleo. Não disse que os americanos invadiram o Iraque para controlarem o petróleo.
quarta-feira, junho 04, 2003
Histórias de irracionalidade económica
O Jaquinzinhos e o Abrupto contam histórias de irracionalidade económica passadas em Moçambique e na ex-URSS. Não é preciso ir tão longe. A Política Agrícola Comum foi inventada cá mesmo na Europa.
O Estado não é perfeito
O Cruzes Canhoto defende em alguns dos seus posts que dado que os portugueses não têm capacidades empreendedoras, então tem que ser o estado a conduzir e a estimular a economia.
Este é um argumento comum que pode ser generalizado desta forma: Os portugueses não têm a qualidade X, logo precisam do apoio do estado para desenvolverem a actividade Y.
Qual é o problema deste argumento? Simples: os portugueses são os mesmos, quer estejam nas empresas privadas quer estejam no governo. Se os portugueses não têm espírito empreendedor, então os portugueses do governo também não o têm. Os portugueses que estão no governo e na burocracia têm em teoria um espírito empreendedor pelo menos tão mau quanto o dos portugueses que trabalham em empresas privadas.
Em teoria, porque na prática as coisas são diferentes. O espírito empreendedor também pode ser desenvolvido. O ambiente burocrático com receitas garantidas pelos impostos e pelos deficits não é propriamente o melhor incentivo ao desenvolvimento do espírito empreendedor dos funcionários do estado. E os subsídios às empresas falidas não são o melhor incentivo ao espírito empreendedor dos privados. Por isso, a razão pela qual Portugal não tem empreendedores é simples. O estado deturpa o mercado e destrói o principal incentivo aos verdadeiros empreendedores: o lucro. Como é que o estado faz isso? Cobrando impostos elevados ao empreendedores eficientes e promovendo a concorrência desleal através dos subsídios aos empreendedores da treta.
Somos todos parvos até prova em contrário
No caso Casa Pia, a defesa dos arguidos está a ocupar o espaço público sem que quase ninguém se lhe oponha.
Mas, felizmente, há excepções.
Ferro Rodrigues convenceu tudo e todos de que vai depor a seu pedido. Parabéns ao Lobo Xavier que no Flash Back desmontou este teatrinho.
O ReporterX tenta convencer-nos que a investigação está a ser dirigida pelos jornalistas. Ontem, Catalina Pestana veio dizer que nenhuma das testemunhas chave apareceu na televisão.
O ReporterX tem tido um comportamento vergonhoso neste caso ao revelar os nomes das fontes de outros jornalistas. A situação é tão vergonhosa que o Expresso já publicou artigos e entrevitas do Jorge Van Krieken em que ele revelava nomes verdadeiros de fontes que a Felícia Cabrita ocultava em artigos no mesmo jornal.
António Costa fez uma barulheira desgraçada por causa das escutas telefónicas de que foi alvo. O problema é que António Costa só foi escutado porque usou o telemóvel de Paulo Pedroso ou de Ferro Rodrigues.
Os problemas que do nosso sistema judicial estão a ser explorados pela defesa. Nunca vi tanta gente tão preocupada com os direitos dos acusados. Do excesso de garantias passamos à falta delas.
A discussão pública está minada por excesso de legalismo, o que favorece a defesa. A regra "todos são inocentes até prova em contrário" está a ser aplicada fora do contexto em que ela de facto faz sentido.
Herman José teve um comportamento parcial ao longo dos últimos meses, usou várias edições do seu programa para defender o Carlos Cruz, mentiu sobre a sua situação no processo, usou os seus programas para se defender e fez piadas com escuteiros estando acusado de abuso de menores. E as pessoas bateram-lhe palmas. Ninguém o contestou.
O movimento de defesa dos arguidos tornou-se expontâneo e irracional. Pessoas inteligentes chegam ao ponto de atacar a roupa e a idade do juiz.
Como vai acabar tudo isto?
Votar é um acto irracional
Ralf Dahrendorf tenta explicar (link via picuinhices) porque é que o nível de participação na democracias ocidentais é tão baixo e tem vindo a diminuir.
A resposta é muito simples: a participação em eleições tem vindo a baixar porque os eleitores estão cada vez mais racionais. Aliás, não é necessário explicar porque é que as pessoas votam cada vez menos. O que é necessário explicar é porque é que elas votam de todo.
Votar é um acto tão irracional como torcer pelo Benfica ou jogar no Totoloto. A probabilidade de uma eleição se decidir por um único voto é mais baixa que a probabilidade de um determinado eleitor morrer num acidente de automóvel a caminho das urnas.
links:
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