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quarta-feira, março 31, 2004
E, entretanto, num dos países mais centralizados e litoralizados da Europa ... III
... há quem pense:
1. Que uma região perde poder se se dividir em duas. Apesar de manter a mesma população total e passar a ter 2 lugares à mesa do orçamento em vez de 1.
2. Que meia dúzia de concelhos perdidos no meio do Pinhal deixam de ser meia dúzia de concelhos perdidos no Pinhal se forem integrados numa região maior onde não terão poder nenhum.
3. Que meia dúzia de concelhos têm mais poder reinvindicativo se forem diluídos numa região maior do que se formarem a sua própria região.
4. Que o rendimento per capita de um transmontano aumenta se Trás-os-Montes for integrado numa região maior, mais rica e mais populosa.
5. Que maior é sempre melhor. Maior por maior, o melhor então é criarmos uma única região do Minho ao Algarve. Mas isso já nós temos.
E, entretanto, num dos países mais centralizados e litoralizados da Europa ... II
O simples enunciado da Grande Área Metropolitana do Alentejo, dá que pensar. Que curioso nome para tão improvável, embora grande, coisa. E as outras 22 ou 23 Comunidades Urbanas e Grandes Áreas Metropolitanas e seus sucedâneos? Ao certo, ao certo, trata-se de um desengonçado mapa para responder a que geografia ou arquitectura administrativa? Contém alguma ideia sobre o tal projecto da desconcentração ou da descentralização? (Álvaro Domingues, aqui)
É verdade, o mapa das novas regiões não reflecte ideias. Reflecte os factos locais. Essa é a sua força.
E, entretanto, num dos países mais centralizados e litoralizados da Europa ...
Ao querer deixar o processo ao livre arbítrio dos autarcas, o Governo conseguiu apagar de uma só vez o vasto e importante pensamento que o país produziu nos últimos 40 anos sobre a política regional.
O país produziu pensamento, e centralismo e um deserto no interior. 40 anos de pensamento podem ser destruídos por um ano de acção. Dá que pensar ...
Se a descentralzação fosse totalmente má, não irritaria tanto os centralistas
Hoje no Público pode ler argumentos paternalistas, racionalistas, tecnocratas e centralistas contra a descentralização.
terça-feira, março 30, 2004
Grupo de pressão do dia
demagogia feita à maneira ...
Professores prometem "envergonhar" o Governo durante Euro 2004:
O Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) avançou hoje que irá aproveitar o Euro 2004 para "envergonhar" o Governo com a distribuição de folhetos onde vai revelar que há um milhão de analfabetos no país e 40 mil docentes desempregados.
E claro, para resolver o problema do milhão de analfabetos, o SPRC propõe o ensino obrigatório para idosos.
Com os problemas dos americanos vivemos nós bem
Vital Moreira está preocupado com a forma como o governo americano gasta o dinheiro dos americanos para subsidiar as empresas americanas.
E lamenta que o governo americano não gaste o dinheiro dos americanos para subsidiar as empresas cimenteiras portuguesas. Se calhar, o governo português devia subsidiar as empresas espanholas ...
Megalomanias europeias: ponte projectada para o estreito de Messina
Fossem os portugueses e os europeus tão aguerridos a criticar os governos português e europeus como são a criticar o governo americano e todos viveriamos muito melhor.
Por exemplo, podemos começar por criticar as megalomanas obras públicas em Portugal, que mais não são do que uma forma de o governo português subsidiar as construtoras nacionais.
Ou então, podemos criticar o vasto programa de obras públicas europeias, que mais não são que subsídios à Siemens e à Alstom.
A trégua de Natal
Trégua espontânea, 25 de Dezembro de 1914
Fogo amigo
Re:Liberalismo e Democracia
Concordo com os princípios. Na verdade concordo com quase tudo. No entanto, se não nos cabe a nós ir "libertar" nações que funcionam bem e cuja responsabilidade última de manter ou mudar depende das próprias populações, também não nos cabe a nós impedir os EUA, por exemplo, de irem "libertar" países que funcionam mal. Quanto muito, essa decisão caberia aos habitantes dos EUA, que são quem pagam os custos dessas intervenções. O CN tende a aceitar os problemas das ditaduras como problemas internos, mas pela mesma lógica terá que aceitar que a política externa de uma democracia como os EUA é igualmente um problema interno e que uma guerra entre os EUA e o Iraque é um problema bilateral. Qual é a legitimidade que nós portugueses temos para interferir num problema que só envolve as vidas e a propriedade de americanos e iraquianos? Quanto muito, podemos comentar, apoiar ou criticar, mas sem a força da legitimidade. No entanto, se admitimos o nosso direito à interferência em conflitos entre terceiros, temos igualmente que admitir que os EUA têm o direito de interferir em conflitos entre iraquianos.
Há também aqui uma espécie de paradoxo liberal. Se defendemos que todas as comunidades têm direito à não ingerência nos seus assuntos internos, então temos que aceitar que essa regra é válida para todas as subcomunidades dentro dessa comunidade, e a menor de todas as subcomunidades é o individuo. Segue-se que cada individuo, ou cada subcomunidade, dentro de uma ditadura, tem o direito de se aliar a uma potência estrangeira, formando com esta uma nova comunidade, o que está em contradição com o princípio de não ingerência. O mesmo raciocínio aplica-se no sentido contrário. Se os EUA e o Iraque formam uma supercomunidade, pelo princípio da não ingerência, nenhum país pode interferir nos seus assuntos internos, isto é, nenhum país pode interferir numa guerra entre eles. E nesse caso, as críticas do CN às intervenções americanas perdem a força da legitimidade e não passam de meras opiniões.
segunda-feira, março 29, 2004
As emissões de CO2 são boas para o ambiente
World getting 'literally greener'
Se dois terços dos portugueses não vissem televisão, a televisão não tinha poder nenhum
Dois Terços dos Portugueses Pensam Que a TV Tem Demasiado Poder
Abismo cultural
Eurodeputados Portugueses Denunciam Tráfico de Órgãos em Moçambique
É uma crença comum a várias tribos: comendo, por exemplo, um coração de uma pessoa, a gente fica corajosa:
Conheço uma tribo que, quando há sucessão do régulo, escolhe-se um, que é coroado, mas não é verdadeiro. O régulo verdadeiro surge depois, durante a festa do falso. O primeiro é imolado para a entronização do segundo e este, para mostrar que é capaz de governar, deve abrir a barriga do falso régulo, já no terceiro dia de decomposição, chupar-lhe o sangue e atravessar o rio com o corpo a servir de jangada.
[...]
Ainda hoje existem tribos de vientes na província de Nampula. O viente (aquele que veio) não pode ter uma sombra de cajueiro, uma planta, ser proprietário. Existe um grupo que chegou primeiro, os senhores, quando se lembra solta os cabritos para devastar as machambas dos vientes e eles não podem reclamar. Nesse contexto, não custa nada o tal senhor ir buscar um filho do viente para vender. Tranquilo, porque é um escravo.
Kerry promete, o ciclo económico cumpre
Kerry Promete Dez Milhões de Empregos
Santos de casa ...
Guterres Propõe "Nova Ordem Mundial"
Se não tens condições para resolver os pequenos problemas da tua própria terra, propõe-te resolver os grandes problemas do mundo.
A seguir: Guterres propõe "Nova Ordem Galáctica".
Eleitorado penaliza déficite francês
Estou a tentar ser original.
Obrigado
O Liberdade de Expressão agradece ao Barnabé o interesse tardio pela Liberdade de Expressão dos iraquianos.
É impressão minha, ou interesse dos Barnabés pela liberdade de expressão, e pelos direitos humanos em geral, aumenta sempre que há americanos envolvidos?
sábado, março 27, 2004
O paradoxo da duna de areia III
O despacho do juiz do caso Entre os Rios tem 140 páginas.
A opinião pública reteve uma ideia: causas naturais.
A esmagadora maioria dos comentadores opinou com base nessa ideia.
A indignação está mais à mão que a razão, é o que é.
A indignação é uma espécie de atestado de pessoa de bem. Quem não se indigna não pode ser pessoa de bem.
Tudo o resto que consta do despacho não merece uma única reflexão.
Grupo de pressão do dia
Ver esta posta do Blasfémias
Então não havia ligações entre a família dele e a família Savimbi?
Segundo o Mar Salgado, Mário Soares terá dito à TSF "então não havia ligações entre a família dele (Bin Laden) e a família Bush?".
O raciocínio por detrás disto é este:
- Bin Laden não presta
- Logo todos os membros da família Bin Laden não prestam
- Logo todos os que têm ligações com os Bin Laden não prestam
- Logo, alguns membros da família Bush não prestam porque têm ligações com alguns Bin Laden
- Logo George W não presta porque é um Bush
Nota: Osama Bin Laden tem 51 irmãos.
Razões europeias para votar nas eleições europeias
José Saramago, candidato da CDU, apela ao voto em branco
Cereja no topo do bolo:
Entretanto, Ilda Figueiredo, cabeça-de-lista da CDU para o Parlamento Europeu, acusa os partidos da coligação governamental, PSD e CDS, de «estarem a desvalorizar, propositadamente, a importância das eleições europeias para, deste modo, evitarem que os portugueses vão às urnas votar contra as suas políticas». A eurodeputada disse que as «forças de direita» serão as grandes responsáveis caso haja um cenário de grande abstenção, algo que, no seu entender, assume foros de enorme gravidade dado que «mais de 50% das decisões e políticas pelas quais se guia Portugal passam pelo Parlamento Europeu».
sexta-feira, março 26, 2004
Este post não tem título
beneficiários do Rendimento Social de Inserção (antigo Rendimento Mínimo Garantido) vão ser mobilizados para acções de prevenção de fogos florestais.
Este post não tem título. Fiquei indeciso entre:
Subsídios públicos, florestas privadas.
Beneficiários do Rendimento Mínimo metem baixa.
Governo manda milhares de potenciais incendiários para as "florestas".
Pedidos de rendimento mínimo diminuem, pobreza baixa em Portugal.
Governo paga salários abaixo do salário mínimo.
Governo transporta citadinos para as "florestas".
Industriais do Vale do Ave também requisitam trabalho gratuito.
Belmiro requisita trabalho gratuito para as zonas florestais da Sonae.
Governo reconhece inviabilidade da "floresta" nacional.
Oskar Schindler salva milhares do holocausto.
Governo institui Gulag.
Na foto, Gulag na Taiga
Grupo de pressão do dia
Dia Mundial do Teatro: SPA quer mais textos de autores portugueses em cena
Notícia com o alto patrocínio da Sociedade Portuguesa de Autores.
O paradoxo da duna de areia II
Diz o Cruzes Canhoto:
Quando é que uma duna deixa de ser uma duna?
Fácil, quando o número de grãos de areia da duna deixa de ser suficiente para sustentar uma ponte e esta cai.
Pois, mas eu não estou a falar apenas dessa duna de areia. Estou a falar também da duna de areia burocrática. A responsabilidade sobre o que aconteceu encontra-se dispersa por mais de uma dezena de anos e por várias entidades distintas.
quinta-feira, março 25, 2004
Sucessos da economia planificada
Menor produção de leite nos Açores afasta cenário de multas
O paradoxo da duna de areia
Uma duna de areia tem triliões e triliões de grãos de areia.
Uma duna de areia sem um grão de areia continua a ser uma duna de areia.
Uma duna de areia sem dois grãos de areia continua a ser uma duna de areia.
Uma duna de areia sem três grãos de areia continua a ser uma duna de areia.
...
Quando é que uma duna de areia deixa de ser uma duna de areia?
E quem é mais responsável, quem tirou o primeiro grão, ou quem tirou o último?
Era este o problema que o juiz do caso Entre-os-Rios tinha que resolver. O juiz disse que nunca o conseguiria resolver , e não poderia nunca dizer outra coisa.
É curioso como a frase "Se houve culpas, foram causas naturais" se transforma em "Juiz decide que queda da ponte de Entre-os-Rios se deveu a causas naturais".
Que bom! Eleitores poderão votar à hora do França - Inglaterra
Europeias: Políticos debatem alargamento do horário de voto "a solução poderá passar por permitir que os eleitores possam votar até às 21 ou 22.00 horas, em vez das 19.00 horas actuais."
Saudades das democracias de leste
"A democracia ocidental está ferida de morte" (Saramago)
quarta-feira, março 24, 2004
Portugal tem falta de estádios
A polémica sobre onde se deve realizar a final da Taça só se resolve com mais um estádio. Fica toda a gente contente, quer os que defendem que a taça se deve realizar num estádio nacional, quer os que defendem que o actual estádio nacional não tem condições. Faça-se então um novo estádio nacional, em Oeiras, claro, com o único objectivo de lá se realizar a final da taça uma vez por ano.
Excesso de prisão preventiva
Em Espanha, os supeitos de terrorismo podem ficar em prisão preventiva durante 2 anos. Para se ser suspeito não é necessário que se seja culpado.
Grupo de Pressão do dia
IVA prejudica famílias numerosas
Notícia com o alto patrocínio da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Nota: O número de filhos prejudica gravemente a economia familiar.
Al Qaeda perde eleições espanholas
Spain's New Leader May Send More Troops to Afghanistan
Isto saiu no New York Times. O link pode deixar de funcionar.
terça-feira, março 23, 2004
What’s in a name? That which we call a rose / By any other name would smell as sweet
Chame-se guerra ou chame-se terrorismo, a verdade é que nenhuma destas actividades é particularmente bonita e nenhuma delas é regulada pela ética.
E por isso, os julgamentos morais e as recriminações de parte a parte são inúteis. Os terroristas não são sensíveis a argumentos morais. E os cabos de guerra também não.
Até porque estes senhores já andam nisto há 50 anos, durante os quais as respectivas claques até tiveram tempo para mudar de lado.
O mundo está de pernas para o ar
Porque é que na guerra israelo-palestina, alguns liberais apoiam uma república espartana financiada de forma coerciva pelos contribuintes americanos, os conservadores apoiam um estado artificialmente criado por uma ideologia e a esquerda apoia a facção que menos respeita os direitos da mulher e que mais usa a miséria e bomba demográfica como arma política?
Pergunta do dia
A discussão sobre a guerra israelo-palestina não se parece demasiado com essa mesma guerra?
Serviço público
Vários blogueadores (Adufe, Aviz, Bloguítica e Ideias Soltas) manifestaram o seu interesse em apoiar o projecto de Belgais. Aqui fica o NIB:
003 502 220 007 442 253 023
Este número deve ser confirmado no site oficial do projecto
Sentença do dia
Na guerra e no terrorismo não há ética.
Dresden 1945
segunda-feira, março 22, 2004
Ferro Rodrigues tem a solução para o deficit
Aumentar os funcionários públicos em 10%: «Se o aumento for para superar as perdas de 2003 e 2004, ficamos à espera de aumentos de 8, 9 ou 10 %...»
Razões europeias para votar nas eleições europeias
no DN:
Ferro Rodrigues fez ontem pela primeira vez um apelo directo ao voto útil no PS nas próximas europeias. O líder socialista defendeu que a direita só perceberá o «cartão amarelo», que o partido defende «se perder». «E só perderá para os socialistas. Há uma utilidade na concentração do voto no PS: é ganhar à direita.»
É por estas e por outras que se diz que o PS é o partido da Europa.
Se tens medo da Al Qaeda vota PSOE
Se tens medo da ETA vota PP.
Onde está a Ansar al-Islam ?
O Cruzes Canhoto pergunta Cadê os terroristas da Al-Qaeda a que o Saddam dava abrigo?
As respostas nos lugares habituais:
O essencial está nos detalhes
A Al Qaeda atacou a Indonésia e a Indonésia nem sequer participou na guerra do Iraque ... Só que o ataque foi contra um bar cheio de australianos ... e a Austália participou na guerra do Iraque.
A Al Qaeda atacou em Marrocos, e Marrocos não participou na guerra do Iraque ... Só que um dos alvos era espanhol ...
A Al Qaeda atacou na Turquia e a Turquia até impediu que os EUA entrassem no Iraque pelo Norte ... Só que atacou interesses britânicos ...
sábado, março 20, 2004
Mas têm 10 estádios novos
Um milhão de portugueses sem água canalizada em casa
Estas guerras também merecem uma manif
Quit threat at Somali peace talks
Alarm at Liberian ritual killings (Olha! Tráfico de órgãos)
Thousands flee Burundi fighting
Ivorian leaders debate civil war
Uganda villagers killed in raids
Refugees killed in Sudan riots
Mass rape atrocity in west Sudan
A Espanha foi aos Açores e ao Iraque defender os seus interesses
Interesses que tinham mais a ver com a posição da Espanha na Europa, com uma hipotética entrada para o G8 ou com o acesso a "intelligence" sobre a ETA do que com o combate à Al Qaeda.
Se o governo espanhol achasse que a Al Qaeda era um problema, não teria ido para o Iraque. Teria gasto os seus recursos a infiltrar os grupos islâmicos em Espanha.
Falta saber se a política externa espanhola foi realista ou se Aznar não vivia ele própria na sua fantasia ideológica.
Os Estados Unidos foram ao Iraque defender os seus interesses
Foram lá criar um regime lhes fosse favorável, que não use o petróleo para se armar, que não se meta no tráfico de armas, incluindo no tráfico de armas de destruíção maciça, que não mantenha boas relações com terroristas, que não esteja pronto para invadir os vizinhos quando puder, que não ameace controlar 40% das reservas mundiais de petróleo e que venda o seu petróleo no mercado mundial.
A relação disto tudo com a Al Qaeda é indirecta e probabilistica. Qualquer país pária é um potencial santuário da Al Qaeda. Só isso. A curto prazo, a intervenção no Iraque não evitaria um único atentado da Al Qaeda. A longo prazo poderá ter evitado um dos grandes porque Saddam se não tinha armas de destruíção maciça gostaria de ter acesso a elas e não se importaria muito de se aliar à Al Qaeda.
Os Estados Unidos foram ao Iraque defender os seus interesses. Mas se o objectivo tivesse sido apenas e só combater a Al Qaeda teriam ido para o Norte do Paquistão que é lá que ela está.
O TGV, o governo, a Alemanha e as empresas dela
O governo vai fazer um TGV com o dinheiro da Alemanha. Como o dinheiro é da Alemanha, o governo não pode subsidiar a Bombardier através das encomendas de material circulante. Vai acabar por subsidiar a Siemens. Ou seja, a Alemanha paga a Portugal, para Portugal subsidiar a Siemens.
Tráfico de órgãos em Moçambique parece ter mais a ver com feitiçaria
Tradição utiliza órgãos humanos para fins obscuros
«Ninguém pode negar esta realidade. Existiu e vai continuar. Há crianças que são traficadas para fora, mas o tráfico de órgãos de que se fala é para magia negra e as autoridades nunca deram muita atenção a isso, abriu-se uma brecha na sociedade. Os casos estão a aumentar e há que fazer alguma coisa rapidamente», defendeu ao DN Alice Mabote, presidente da Liga dos Direitos Humanos.
Claro que é muito mais fácil culpar os estrangeiros brancos e ricos do que a nossa própria cultura. Curiosamente, cá em Portugal foi o Público que alimentou o mito do tráfico de órgãos para transplante e foi o Correio da Manhã quem defendeu a tese da feitiçaria. Não é jornal de referência quem quer ...
sexta-feira, março 19, 2004
Soluções centralistas para problemas descentralizados
União Europeia Vai Ter "Senhor Terrorismo"
Soluções imaginárias para problemas secundários
Portugal já ultrapassou a sua quota de carbono, e no entanto:
Governo Permite Aumento das Emissões Poluentes Até 2008
E assim vamos ter um mercado de emissões sem procura porque quem precisa de emitir tem direito, de borla, aos créditos de que precisa.
Os países não têm princípios, têm interesses IV
O Picuinhas respondeu ao primeiro texto desta série:
João Miranda chama a atenção dos que têm criticado a Espanha dizendo que adoptam uma atitude "profundamente colectivista". Acho que se engana. A maioria dos críticos da vitória de Zapatero não põem em causa a sua eleição perfeitamente democrática e legítima. Limitam-se a observar como, aos olhos da Al Qaeda, os atentados terão o efeito pretendido: retirar as tropas espanholas do Iraque. Para a Al Qaeda, e para muitos potenciais terroristas, tornou-se evidente que os massacres funcionam, mesmo que ninguém individualmente possa ser acusado de negociar com terroristas. O problema é justamente que a relação causa-efeito (massacre - futura retirada do Iraque) surgiu por intermédio de uma decisão "colectiva" feita de um agregado de decisões individuais, que provavelmente tiveram mais em conta as supostas ocultações da verdade por parte do governo de Aznar do que o desejo de retirar do Iraque para sair da atenção dos terroristas. Não discuto, ao contrário do próprio João Miranda, quais são os interesses da Espanha. A Espanha não tem interesses, quem os tem são os espanhóis. Foi a soma destes interesses individuais e divergentes que resultou na vitória de Zapatero. Estou firme e democraticamente convencido que foi um mau resultado, com péssimas consequências no combate ao terrorismo, e que muitos espanhóis o virão a lamentar.
Há algumas contradições neste texto. Por um lado, o Picuinhas fala dos críticos da vitória de Zapatero, por outro diz que os críticos "limitam-se a observar como, aos olhos da Al Qaeda, os atentados terão o efeito pretendido: retirar as tropas espanholas do Iraque. " Mas nesse caso, não há nada para criticar. Os factos não podem ser criticados, aceitam-se e pronto. Nenhum espanhol pode ser criticado pelas conclusões que um bando de fanáticos possa tirar. Mas observar o óbvio, isto é, que os fanáticos tiram as conclusões que mais lhes agradam, é diferente de acreditar no mesmo que os fanáticos acreditam. E a seguir o Picuinhas já diz que " para muitos potenciais terroristas, tornou-se evidente que os massacres funcionam". Ora, uma coisa só é evidente se for verdadeira. Quanto muito, poderia dizer-se que aos terroristas lhes parece evidente que os massacres funcionam. Mas isso eles já pensavam que sabiam. Os fanáticos tenderão sempre a interpretar qualquer resultado como a vontade de Deus e a confirmação da sua fé. Depois o Picuinhas sugere que existe uma relação de causa e efeito entre o massacre e a futura retirada do Iraque. Ora, os terroristas podem acreditar nisto. Mas nós não deviamos porque não se pode concluir que A causa B só porque B aconteceu depois de A. Se o Picuinhas aceita que a vitória de Zapatero resultou das decisões de milhões de pessoas, também tem que aceitar como plausível a ideia de que cada uma dessas pessoas teve as suas razões e fez as suas interpretações. O que significa que a vitória de Zapatero teve bilhões de causas e que da próxima vez um ataque semelhante não terá necessariamente os mesmos efeitos nem terá sequer efeitos previsíveis. Ou seja, se os terroristas acreditam que os massacres funcionam, estão iludidos, mas eles iludem-se facilmente. A Direita é que não devia acreditar na engenharia social nem no controlo das sociedades pela bomba. Não funciona.
O Picuinhas termina concluindo que está " firme e democraticamente convencido que foi um mau resultado, com péssimas consequências no combate ao terrorismo, e que muitos espanhóis o virão a lamentar." Ora, há aqui dois problemas. O primeiro é que as sociedades não são previsíveis e nenhum de nós sabe exactamente como é que vai ser resolvido o problema do terrorismo. Até porque o terrorismo da Al Qaeda coloca problemas de tipo novo que não podem ser resolvidos pelos meios e pelas ideias tradicionais. O segundo é que o terrorismo coloca poblemas desiguais a sociedades desiguais e não existe "o combate ao terrorismo". Cada sociedade terá que adequar os seus recursos às suas necessidades. A questão que os espanhóis devem colocar é se a participação na guerra no Iraque foi uma alocação adequada dos seus recursos, ou se esses recursos não seriam melhor alocados se fossem aplicados em "intelligence". Para quê preocuparmo-nos com aquilo que os espanhóis vão lamentar no futuro se eles já foram atacados e já têm muito a lamentar no presente?
Sampaio dos polacos diz que o Iraque está muito melhor sem Saddam
Poland was 'misled' on Iraqi weapons, president says
quinta-feira, março 18, 2004
O artigo de Pacheco Pereira merece um post ...
mas agora não tenho tempo.
O terrorismo da Al Qaeda não é a política por outros meios II
Grupo radical islâmico anuncia suspensão de operações em Espanha
Este é o mesmo grupo que na Sexta-Feira passada não era credivel por ter uma história de revindicações oportunistas. Mas é muito curioso que sejam as potenciais vítimas a dar destaque e importância a este tipo de discurso. Os atentados da Al Qaeda não têm sentido, são incompreensíveis por natureza mas são os próprios media ocidentais a dar-lhe "sentido" e a criar a "estratégia" da Al Qaeda.
Mas se este comunicado fosse a sério, a conclusão que se devia tirar é que, para a Espanha, retirar do Iraque pode ser uma boa estratégia.
O terrorismo da Al Qaeda não é a política por outros meios
Al Qaeda’s Fantasy Ideology
Ou porque é que, em relação à Al Qaeda, não vale a pena raciocinar em termos de culpa, cedências ou incentivos.
quarta-feira, março 17, 2004
Os países não têm princípios, têm interesses III
O Manuel de Direita apresenta argumentos éticos contra a estratégia da neutralidade. Mas o que interessa não é se a estratégia da neutralidade (ou mesmo do colaoracionismo) é ética, mas se ela compensa. E a verdade é que compensou. Os suíços não só não pagaram os custos da guerra, como enriqueceram com ela e no fim Hitler perdeu. Vitória total. Considerações sobre "o que aconteceria se" não mudam o facto de existirem situações em que a estratégias da neutralidade ou do colaboracionismo compensam. E por isso a tese de Tony Blair que o Manuel apresenta está por demonstrar. Nada garante que, para determinados países,essa não possa ser uma estratégia melhor do que as outras. Até porque, os perigos do terrorismo estão a ser sobrevalorizados por todos. O terrorismo não é o mal absoluto, e por isso não deve ser a prioridade absoluta. Compete com outros problemas por recursos escassos.
Utopias de fachada
Diz o Terras do Nunca (já cá fazia falta):
Zapatero diz que retira as tropas espanholas do Iraque se, até 30 de Junho, o comando das operações não passar dos EUA para a ONU. Ora, para essa data, está prevista a passagem de soberania da coligação para os iraquianos e a Espanha não está sozinha na exigência de que - como os americanos não aceitaram que fosse antes - a ONU passe a ter nessa altura um papel central em todo o processo.
O Gabriel já tinha dito isso . O sr Zapatero consegue agradar aos seus eleitores com a bravata "vou sair do Iraque", quando na realidade, até os americanos gostariam de sair a partir de Junho, até porque no Outono há eleições. Em Junho logo se verá. Mais mês, menos mês, mais negociação, menos negociação, mais cedência, menos cedência, os espanhóis acabarão por sair. Depois de já não serem necessários. Quando isso acontecer, a ONU é irrelevante, nunca representará papel central nenhum, porque o governo Iraquiano é que vai controlar a situação. E assim se consegue compatibilizar uma fachada de utopia com os interesses de estado.
Os países não têm princípios, têm interesses II
Diz Sara Muller:
Mas, também não dúvido que quem governa os países tem interesses próprios, pessoais, por vezes, que não se identificam facilmente com o "interesse" do povo espanhol, francês ou de outro qualquer.
Mais uma razão para não se fazerem julgamentos éticos sobre posições políticas. Se todos tomam decisões com base em interesses, porque é que a Sara apela à nossa civilização, os nossos valores, a nossa ciência, a nossa cultura, os direitos das mulheres, a Liberdade. Esse é um argumento que pressupõe que todos temos os mesmos valores e que a política é regulada pela ética. Quando não é verdade. A política é a ética imperfeita que emerge dos interesses. E já agora, o que os liberais defendem é que a ética que emerge dos interesses é mais justa que as alternativas.
Que, muito francamente, também não me parece que seja perceptível através de um acto eleitoral. Muito menos nas condições de pressão e sugestão em que se realizaram as eleições espanholas.
Qual é a alternativa? Se os interesses colectivos não se determinam em eleições, como e quem os determina?
Que a mim me parece terem reflectido mais a influência de circunstâncias dramáticas e imprevisíveis, que terão sido mal avaliadas por algum eleitorado e bem aproveitadas pela máquina eleitoral do PSOE, do que propriamente o "interesse" do povo espanhol, ou melhor, utilizando uma terminologia que acho mais liberal, os interesses dos espanhóis.
Como é que a Sara sabe que os espanhóis fizeram uma má avaliação?
Se os espanhóis sairem do Iraque, isso é um incentivo para quê?
Se os espanhóis sairem no Iraque, isso é um incentivo para quê? Para mais um atentado em Espanha? O que é que mais um ataque em Espanha conseguiria? De onde é que a Espanha vai sair a seguir? Da Andaluzia? Se não é um incentivo para mais um ataque em Espanha, porque é que os espanhóis haveriam de ficar no Iraque?
Desde quando é que a Al Qaeda precisa de incentivos?
Se se aceita como boa a teoria segundo a qual a Al Qaeda age em função de incentivos especificos, como se ela não tivesse já motivos suficientes para fazer atentados onde puder e quando puder, então tem que se aceitar como boa a teoria segundo a qual a participação de Espanha na guerra do Iraque foi um incentivo ao atentado de 11 de Março.
terça-feira, março 16, 2004
Os países não têm princípios, têm interesses
A direita está a ver mal o filme
A direita está a cometer o mesmo erro que a esquerda cometeu após o 11 de Setembro.
A direita está a analisar os acontecimentos em Espanha como se as relações internacionais fossem regulados pela ética. Como se os espanhóis tivessem que obedecer a uma determinada ética universalista que exige a todos o mesmo comportamento em relação ao terrorismo.
Trata-se mesmo de uma atitude profundamente racionalista, que pressupõe que existe uma solução a priori para os problemas de segurança que serve a todos, quaisquer que sejam as suas circunstâncias. Há mesmo quem se arrogue o direito de dizer aos espanhóis o que é melhor para eles, como se os espanhóis não estivessem mais informados do que nós sobre a sua própria circunstância e como se não fossem eles a sofrer na pele as consequências das suas próprias políticas.
Trata-se ainda de uma posição profundamente colectivista que defende que os países têm a obrigação de se sacrificarem pela segurança colectiva. Uma comunidade tem todo o direito ao isolacionismo e à neutralidade. Nada garante que o isolacionismo seja uma estratégia pior que o internacionalismo. A Suiça e a Suécia estão aí para demonstrar que a neutralidade tem as suas vantagens.
Cada país tenderá a participar na luta contra o terrorismo na medida dos seus interesses. Ora nada garante à partida que a participação na guerra do Iraque tenha servido os interesses da Espanha. A maioria dos espanhóis acha que não, e eles são os principais interessados.
Multipla escolha
Luís Delgado comemora a vitória do PP e elogia a coragem do povo espanhol:
Os resultados das eleições espanholas [...] são uma lição inequívoca de uma maioria que quer segurança, determinação e força contra os grupos fanáticos que matam indiscriminadamente em nome de reivindicações messiânicas e políticas extremistas.
Os espanhóis, felizmente, não vergaram ao terror, à ideia de cedência, em nome de uma paz que não existe ou de um mundo intolerável, onde vingaria o terror, a loucura, e o fanatismo. E não vergaram acorrendo às urnas [...]
Luís Delgado lamenta vitória do PSOE e critica cobardia do povo espanhol:
Os resultados das eleições espanholas alteraram o mapa europeu na sua componente mais dramática, que é a do indício de medo e cedência ao terror, mesmo que a maioria dos espanhóis, pela sua coragem e resistência ao infortúnio, não tenha desejado dar essa impressão. Mas é o que é.
Quem cometeu o massacre de Madrid atingiu o que desejava, derrubando um Governo e mudando um estado de espírito, que agora é de recuo, de cedência, de medo e de contemporização com o terror. Mais vale ceder, do que morrer, foi essa a mensagem saída das eleições de Espanha[...]
Sentença inútil do dia
Nada justifica o terrorismo.
Todos parecem concordar com isto. Nem todos concordam é com a definição de terrorismo.
Pior. Os terroristas discordam e acham que o terrorismo é justificável. E o terrorismo é feito ... pelos terroristas ...
Nada justifica o terrorismo? Nem a ocupação estrangeira? Nem um regime opressivo?
V. exa poderia serenar um bocadinho?
O Presidente da República, Jorge Sampaio, acredita que o terrorismo é uma "ameaça geral sobre a Europa" e defende o reforço das medidas de segurança durante eventos como o Euro 2004, que Portugal acolhe no Verão.
PS - Sempre quis apelar à serenidade.
Pianista procura-se
Pedro Burmester demitiu-se da Casa da Música.
O que é a Casa da Música?
Teoria dos jogos, o dilema do prisioneiro e a luta contra o terrorismo
Roubado do Mar Salgado:
"In the end, collective security fell prey to the weakness of its central premise - that all nations have the same interest in resisting a particular act of agression and are prepared to run identical risks in opposing it. Experience has shown these assumptions to be false. No act of agression involving a major power has ever been defeated by applying the principle of collective security. Either the world community has refused to assess the act as one which constituted aggression, or it has disagreed over the appropriate sanctions. And when sanctions were applied, they inevitably reflected the lowest denominator, often proving so ineffectual that they did more harm than good." Kissinger, in Diplomacy, 1994.
A credibilidade conquista-se VIII
Um leitor pergunta:
Se 30 anos de atentados, perto de 1.000 mortos, ameaças constantes, acordo de tréguas na Catalunha há 1 mês, várias tentativas abortadas pelas forças de segurança nos últimos meses…..não permitem apontar em 1º lugar para a ETA , então o que é a lógica ?
logic is the study of prescriptive systems of reasoning, that is, systems proposed as guides for how people [..] ought to reason.
O raciocínio apresentado acima é um raciocínio indutivo. Procura-se generalizar para o futuro um padrão detectado no passado. Se choveu a semana toda, amanhã vai chover.
Este tipo de raciocínios tem dois problemas. Em primeiro lugar, os raciocínios indutivos produzem resultados com um baixo grau de fiabilidade. Um dia a chuva pára. Em segundo lugar, quando se comete a falácia da exclusão, os resultados de um raciocínio indutivo são mesmo muito maus. Foram excluidos dados conhecidos desde a primeira hora e que mudariam a conclusão: a dimensão do atentado, o número de combóios atingidos, a falta de reivindicação e o número de bombas colocadas. Nenhum destes dados apontava para a ETA.
O mundo não é uma aldeia em ponto grande IV
Diz o Manuel de Direita
Segundo a Teoria dos Jogos*, o candidato vencedor Zapatero deverá manter ou intensificar a política anti-terrorista de Aznar, sob pena de a sua vitória constituir um incentivo para a repetição do mesmo tipo de assassinatos que foram cometidos em Madrid.
Repetição em Espanha e nas restantes Democracias.
A manutenção ou intensificação da política anti-terrorista enviará um sinal aos terroristas que o assassinato é um comportamento não-recompensado, eliminando os incentivos para que este se repita.
Teoria dos jogos: um bom jogador tentará beneficiar das políticas anti-terroristas dos outros, tentará passar os custos da luta anti-terrorista para os parceiros e tentará estar mais protegido que alguns dos restantes alvos portenciais.
Um bom jogador preocupa-se pouco com a repetição do terrorismo na casa dos restantes jogadores. Sempre que isso for tolerado pelos outros parceiros, tenderá a ter uma política dupla. Uma política pública de conciliação com os terroristas e uma política secreta de contra-terrorismo. Ou vice-versa: uma política pública de contra-terrorismo e uma política secreta de conciliação.
A estratégia óptima depende de cada país, das suas circunstâncias, das suas vantagens competitivas e da sua vulnerabilidade.
segunda-feira, março 15, 2004
O mundo não é uma aldeia em ponto grande III
Diz o CN da Causa Liberal:
As marchas: talvez a melhor forma de como lutar contra o terrorismo, pela expressão voluntária da humanidade que existe em cada um de nós e que rejeita a lógica das mortes indiscriminadas por qualquer que seja a causa - pelo menos gostava de acreditar nisso.
Este é o tipo de estratégia que poderia resultar numa pequena comunidade em que todos se conhecem, os valores são mais ou menos uniformes e a pressão social é eficiente. Numa comunidade maior, esta estratégia é vulnerável aos "free riders".
PS - E os terroristas são free riders por excelência.
E agora ... a realidade III
E se foi mesmo a Al Qaeda, nem a Dra Ana Gomes defenderá uma política de paz e amor e compreensão para com as "causas do terrorismo".
E agora ... a realidade II
E se foi mesmo a Al Qaeda, o PSOE não fará uma política de paz e amor nem tentará compreender e muito menos resolver as "causas do terrorismo". Alinhará ao lado de quem tiver de alinhar, trocará informações com quem tiver que as trocar, procurará aliados onde eles estiverem e fará a guerra se for preciso.
domingo, março 14, 2004
E agora ... a realidade
Zapatero prometeu retirar os soldados espanhóis do Iraque se ganhasse as eleições.
Só que essa é a principal reivindicação da Al Qaeda.
A credibilidade conquista-se VII
O voto é individual e intransmissível e por isso não adianta psicanalisar os povos pelo voto de cada um dos seus membros. O povo espanhol não tem intenções, cada espanhol tem as suas, o que é perfeitamente legítimo. Dito isto, também tenho que dizer que um governo não pode brincar com a verdade. Não acho que a vitória do PSOE seja uma vitória do terrorismo. O voto é um direito pessoal e cada um usa o seu voto como entender. Cada um tem todo o direito de usar novas informações da forma que entender.
A unanimidade é burra
Discussão Sobre Luto Acaba com Assassínio em Pamplona
O mundo não é uma aldeia em ponto grande II
Numa aldeia, um assassino é uma ameaça real para todos, porque todos são poucos.
No mundo, um atentado terrorista parece uma ameaça real para todos. Porque é amplificado pelos media e parece um evento local.
Mas a verdade é que o terrorismo continua a ser um evento raro. (link via jaquinzinhos)
E, claro, os terroristas esperam que as vítimas reajam ao terrorismo como se ele fosse uma ameaça prioritária. Não é.
A credibilidade conquista-se VI
O CAA do Blasfémias diz que pensar na ETA era lógico e natural.
Natural, sem dúvida, mas não era nem lógico nem racional. E o que se espera de um goveno é que ele pense bem e não que pense aquilo que é natural a maioria pensar. Os governos estão lá para pensarem de forma lógica e racional. Não estão lá para pensarem o óbvio. Existem para tomarem decisões racionais e não para tomarem medidas com base em achismos. Neste caso, o lógico e racional era investigar primeiro e acusar depois.
sábado, março 13, 2004
A credibilidade conquista-se V
Lições do dia:
1 - as conclusões tiram-se no fim das investigações, nunca no início;
2 - os governos credíveis nunca falam do que não sabem.
A credibilidade conquista-se IV
O Ministro do Interior acaba de confirmar o essencial do post anterior. Foram presos 5 suspeitos, 3 de origem árabe e 2 de origem indiana.
A credibilidade conquista-se III
Mais uma ligação islâmica:
El ministro del Interior, Ángel Acebes, va a anunciar la detención de al menos cuatro ciudadanos árabes vinculados con la tarjeta telefónica prepago hallada en la mochila bomba que la policía desactivó junto a la comisaría de Vallecas horas después de los atentados de la capital.
Árabes com "pasamontañas"?
Un testigo vio a tres jóvenes en la furgoneta encontrada en Alcalá:
El testigo afirmó que se acercó a la estación hacia las siete de la mañana, "entre dos luces", y que le sorprendió ver junto a la furgoneta a tres hombres con la cabeza cubierta con pasamontañas, a pesar de que esa mañana no hacía frío.
Esta foi a carrinha onde foi encontrada uma cassete com versículos do Corão.
A credibilidade conquista-se II
Concentración frente a la sede del PP en Génova para exigir 'más información antes de votar'
ETA nos últimos tempos
24-12-2003 One powerful 25-kilo (50 lb) bomb was placed on a train travelling from San Sebastian to Madrid, Interior Minister Angel Acebes said.: One of bombs seized was timed to go off around 1555 local time (1455 GMT) in a central station which would have been packed with travellers, she added.
29-2-2004 Spanish Police Stop Van with Explosives If the bomb had gone off, Acebes said, it would have caused a 115 foot crater, serious damage in a 328 foot radius and could have hurt people one mile away.
O mundo não é uma aldeia em ponto grande
Em Espanha, milhões de pessoas protestam contra o terrorismo. Os terroristas intimidam-se e pedem desculpa.
Não? Pois não ...
Mas na aldeia dos meus avós este tipo de pressão social funcionava muito bem.
Entretanto, a blogosfera aderiu ao patrulhamente ideológico, mas como não há ninguém que seja pelo terrorismo, não há nada para patrulhar.
Mas na aldeia dos meus avós este tipo de vigilância funcionava muito bem.
O mundo não é uma aldeia em ponto grande. É outra coisa, para a qual os instintos humanos não estão preparados.
A credibilidade conquista-se
Abrupto em tom irónico: Não credível, como de costume, é o governo espanhol que aponta para a culpabilidade da ETA.Se calhar até foi ele que fez o atentado para o PP ganhar as eleições. (Pensam que inventei esta, ou a “forcei”? Vários intervenientes no programa “Opinião Pública” na SIC Notícias telefonaram para lá a dizer isso mesmo, e outras coisas típicas da “má fé” que existe hoje no pensamento , denunciada, por exemplo, por Fernando Gil. Quase todos também estavam muito indignados por se dizer que a responsabilidade era da ETA. Interessante analisar porquê este afã de desresponsabilização.)
Noruegueses apresentam ligação da al-Qaeda
La Policía Científica concluye que los explosivos y detonadores no son los habituales de ETA
Una llamada al diario 'Gara' y a ETB en nombre de ETA niega la autoría de los atentados
Chefe da diplomacia espanhola instruiu embaixadores a defender tese da ETA
sexta-feira, março 12, 2004
A Liberdade não é um bem colectivo
menos liberdade vs. mais segurança:estarão os cidadãos europeus, depois do que ontem sucedeu, dispostos a prescindir de algumas das suas liberdades fundamentais, em troca do reforço da sua segurança física?
A pergunta devia ser: depois do que ontem sucedeu, terá cada um dos cidadãos europeus legitimidade para forçar os outros cidadãos europeus a prescindir de algumas das suas liberdades fundamentais, em troca do reforço da sua segurança física?
Explosivo habitualmente usado pela ETA
Esta frase foi ouvida durante todo o dia de ontem. "O explosivo habitualmente usado pela ETA".
O Google diz que a ETA usa "Tytadine"
O El Pais hoje já diz que las bombas ocultas en mochilas llevaban dinamita que no era Tytadine.
O terrorismo também mata a objectividade. Não era necessário.
quinta-feira, março 11, 2004
Ministro espanhol do Interior não exclui pista islâmica
No El Pais:
Ángel Acebes, ha anunciado la apertura de "una nueva línea de investigación" sobre la autoría de los brutales atentados en Madrid tras el hallazgo en Alcalá de Henares, de donde partieron los trenes con las bombas, de una furgoneta robada en cuyo interior la policía ha encontrado siete detonadores y una cinta en árabe con versículos del Corán.
O terrorismo serve para se promover
Há quem pense que o terrorismo é a política por outros meios. Às vezes é.
Eu pensava que o terrorismo serve para ... aterrorizar. Agora penso que serve para promover a ideia de terrorismo.
Um atentado não reivindicado serve para quê? Não serve objectivos políticos porque as vítimas não sabem o que fazer para satisfazer os eventuais objectivos políticos.
Que objectivos políticos serve o 11 de Setembro? Quais são as reivindicações dos terroristas? Ninguém sabe.
Ou antes, foram os próprios simpatizantes das vítimas e os anti-americanos que deram sentido ao 11 de Setembro. Foram os próprios simpatizantes das vítimas e os anti-americanos que atribuíram as intenções políticas aos terroristas.
Discute-se se o atentado em Espanha foi causado pela ETA ou pela Al Qaeda. O que pode ser um falso dilema. A Al Qaeda é aquilo que ela diz que é: a Rede. E a Rede pode muito bem incluir a ETA.
A Rede é uma coisa informal, sem centro e sem objectivos definidos. Cada nodo tem os seus.
Para cada nodo da Rede, um atentado é um acto publicitário que garante doadores de dinheiro, adeptos candidatos a operacionais e status entre os pares. Os objectivos políticos são irrelevantes. E tanto melhor que o sentido do atentado seja criado por cada doador, por cada adepto e por cada par.
Ataque súbito de cepticismo
Uns australianos acham que há uma correlação entre cancro e aborto.
Os media, sempre prontos a divulgar estudos alarmistas sobre tudo e mais alguma coisa, de repente tornaram -se cépticos. Questionam a correlação, questionam especialistas, dizem que não há consenso científico...
Francisco Louçã, cujo partido defende a homeopatia no serviço nacional de saúde, fala em mentira científica.
Bem vindos ao cepticismo. Por onde têm andado?
quarta-feira, março 10, 2004
E qual é a causa da quebra da procura interna?
Produto Interno Bruto contraiu-se 1,3 por cento em 2003
Citação: "O INE justifica a quebra da riqueza com a redução da procura interna".
Pois, mas isso não explica nada. A quebra da pocura interna é a crise. A causa da crise é outra coisa e não se encontra nas estatísticas de variáveis macroeconómicos. As estatísticas macroeconómicas são o sintoma da crise. Uma crise económica é causada por um conjunto vasto de desajustes entre a prática dos agentes económicos e a realidade.
Mapa semi-racionalista: condados do estado do Texas
E a capital do estado do Texas é ...
Houston Dallas San Antonio Paris Austin
Recebi duas respostas certas por email (obrigado!).
O J Cruzes Canhoto resolveu dar-me razão.
terça-feira, março 09, 2004
Razões europeias para votar nas eleições europeias I
«na altura própria serei candidato a uma autarquia e, se vencer essa autarquia, terei de abandonar o Parlamento Europeu (PE)» (Francisco Assis, número 4 da lista do PS nas eleições para o Parlamento Europeu). Via Cruzes Canhoto.
O candidato do resto do mundo
Kerry claims foreign leaders hope he defeats president
Kerry Ahead in International Online Caucus : This is the ongoing, informal, nonbinding, nonvoting, probably meaningless, "beauty contest" occasion in which brassy foreigners offer unsolicited advice on who should lead what is arguably the world's most powerful nation.
Rogue Governments Support Kerry, Republican Leader Notes
Kerry's French side
Não privatizar as Lezírias, Um Risco Ambiental
Manuel Carvalho consegue dizer no mesmo editorial contra a privatização da Companhia das Lezírias que:
se o estado "desviar para a esfera privada um património ambiental e agrícola de grande sensibilidade, o Governo abre portas à especulação imobiliária numa área que foi resistindo à expansão urbana descontrolada. "
e que:
[...] a Companhia das Lezírias, que, através de um negócio sobre o qual se fez um silêncio ensurdecedor, se viu desapossada, entre 1990 e 1996, de 507 hectares de montado de sobro, a poucos quilómetros da Ponte de Vasco da Gama, vendidos na época a 78 escudos o metro quadrado!
Ou seja, Manuel Carvalho quer manter a posse pública da Companhia das Lezírias porque essa posse pública pode impedir no futuro aquilo que não impediu no passado. Pois ...
A educação de um presidente estúpido
Vital Moreira pergunta se George Bush seria capaz de mencionar três grandes pensadores europeus (para além de Lutero e de Calvino).
Bem, Bush tem um bachelor em história por Yale, um MBA por Harvard e foi piloto na Guarda Nacional. Alguma coisa deve ter aprendido.
Mas quantos portugueses conseguem responder à minha pergunta do dia?
Pergunta do dia
Qual é a capital do estado do Texas?
Dia internacional da mulher
À noite, os restaurantes estão anormalmente cheios.
Na televisão, pede-se mais estado na educação, nas relações entre os sexos, no mercado de trabalho, na saúde, na família, na vida privada.
segunda-feira, março 08, 2004
Onde? Quem? Quando? Como?
Parece que a polémica do panfleto SOS vida já passou e ainda não sabemos:
- onde em concreto foram distribuídos os panfletos
- quem em concreto os distribuíu e quem em concreto os recebeu
- quando em concreto foram distribuídos
- como em concreto foram distribuídos
Acho que é a isto que chamam pseudo-facto.
Pergunta do dia
Se uma mulher abortar às 16 semanas deve ser presa?
domingo, março 07, 2004
O Marcelo já acabou
Vamos lá começar a postar!
A abstenção é racional
As eleições para o Parlamento Europeu têm um valor subjectivo, como tudo o resto.
Têm valor para os candidatos. Nada de estranho.
Têm valor para quem se interessa por política. Nada de estranho.
Mas na escala de valores da maior parte dos portugueses, as eleições estão depois da praia e do futebol. Nada de estranho. A probabilidade de um eleitor conseguir com o seu voto influenciar uma votação decisiva no Parlamento Europeu é muito, muitíssimo baixa.
Primeiro, porque são poucas as votações decisivas no Parlamento Europeu. Depois, porque os eleitores portugueses elegem uma fracção reduzida dos deputados ao Parlamento Europeu. E finalmente porque a probabilidade de um voto ser decisivo para a eleição de um deputado é muito baixa.
Por tudo isto, não é estranho que as pessoas não votem nas europeias. O que é estranho é que as pessoas votem nas europeias.
As casas novas não são nossas, e as casas que são nossas estão a cair de velhas II
Ainda segundo o Expresso, Portugal é o país da União Europeia com maior percentagem de segunda habitação. Para o Expresso todas as 900 000 habitações sazonais são segunda habitação. Estamos a falar de tudo, incluindo de casas de emigrantes, casas para turistas, casas de campo no interior desertificado e casas para estudantes. Portugal tem ainda 500 000 casas vazias, e mais uma vez estamos a falar de tudo, incluindo casas de emigrantes, casas degradadas no interior e nos centros urbanos e casas compradas para fins especulativos.
Ao contrário do que sugere o Expresso, estes números podem não implicar que o PIB real seja maior que o PIB oficial. Podem implicar outras coisas. Que a habitação nas cidades do litoral está a ser subsidiada directa ou indirectamente. Que as universidades estão a ser abertas onde não existem alunos. Que Portugal é um país de emigrantes, turistas, sol e praia. Que a lei das rendas ainda está a estimular a especulação imobiliária e a duplicação de esforços. Que os lisboetas ainda têm saudades da sua terrinha. Que somos pobres por causa da lei das rendas que nos leva a desperdiçar recursos e a construir casas de que na realidade não precisamos. Que os trolhas ucranianos são baratos. Que os impostos municipais afinal são baixos. Que valorizamos mais os bens materiais que a saúde, a educação ou a cultura. Que estamos à beira de um crash do mercado imobiliário. Que devemos dinheiro ao banco. Que estamos a viver de rendimentos futuros. Que preferimos construir casas novas a reconstruir as antigas.
As casas novas não são nossas, e as casas que são nossas estão a cair de velhas
Como Portugal tem o parque habitacional mais novo da Europa, o Expresso tenta convencer-nos que somos ricos. Não será bem assim. As casas novas não são nossas, são dos bancos, alguns dos quais estrangeiros. E, graças à lei das rendas, as casas que são nossas estão a cair de velhas.
Amor de Perdição do Eça
Pedro Santana Lopes comprou o edifício errado para instalar a futura Casa Eça de Queirós.
sábado, março 06, 2004
A constituíção protege a Liberdade de Expressão II
Ao Terras do Nunca:
A SIC-Notícias ora diz que as escolas são privadas, ora diz que elas são públicas e privadas. Diz ainda que os folhetos foram distribuídas sem conhecimentos dos pais e dos professores (?). Sendo assim, o que se espera do Ministério da Educação? Que defina os conteúdos leccionados nas escolas privadas? Que defina os conteúdos leccionados nas escolas públicas? Onde fica a liberdade de cada escola para adoptar o seu projecto educativo? O que acontece à liberdade de ensino?
Não há nada de contraditório na minha posição. Eu defendo a liberdade de cada escola para escolher os conteúdos que pretende leccionar e a liberdade dos pais para optarem pela escola da sua preferência. Sou contra a intervenção do ministério em situações desta natureza.
Os pais que estão descontentes com a forma como os seus filhos são ensinados devem reclamar na respectiva escola, ou, em último caso, devem poder mudar de escola.
sexta-feira, março 05, 2004
A um argumento não se responde com censura, responde-se com um contra-argumento
Conteúdo de um folheto distribuído em algumas escolas portuguesas pela associação SOS Vida: "no hospital de Taiwan até se compram bebés mortos a 50/70 dólares para churrasco!!!". Ao lado, uma imagem de um alegado feto num prato, numa mesa onde um oriental (o artista chinês Zhu Yu), com os talheres na mão, se prepara para comer.
Aborted Babies are Being Sold For Food in Taiwan and China-Fiction!
Rumors of Fetus Eating in Taiwan Traced to Mainland Performing Artist
One of the downsides of a burgeoning Internet is it fosters the delirious spread of misinformation as revealed fact in the blink of an eye. That was the case when a widely-circulated photo which showed a large Asian man eating what appeared to be a cooked baby was taken by many at face value. ( As for the "baby," it was most likely constructed by placing a doll's head on a duck's carcass.)
This book focuses on the belief in Taiwan that the spirit of an aborted fetus can return to haunt its family.
A constituíção protege a Liberdade de Expressão
Ministério da Educação investiga folhetos sobre aborto distribuídos nas escolas
Indignação do Dia
Lisboa e McDonald's acusados de deixar crianças deficientes fora do Euro 2004
São muito giras aquelas criancinas que se vestem como os grandes e animam os momentos que antecedem os grandes jogos de futebol. Por vezes entram de mão dada com os grandes. Essas crianças estão lá para correr, saltar e jogar à bola. Não costumam aparecer deficientes entre elas. Podiam aparecer, mas a verdade é que nunca aparecem.
Existem razões práticas: o futebol joga-se com os pés. Não pode ser jogado de cadeira de rodas. E existem razões estéticas. As massas esperam ver crianças saudáveis, de estatura uniforme, bonitinhas, equipadas a rigor, a jogar à bola.
Quem se indigna contra a McDonalds ou contra a UEFA, devia indignar-se contra a natureza humana, a qual determina as nossas preferências estéticas e lúdicas.
Barnabés querem nacionalizar o Liberdade de Expressão
O Barnabé, via Rui Tavares, quer comprar o Liberdade de Expressão. Sim, este mísero Blog. Como bom esquerdista que é, o Rui Tavares até já definiu o preço a que eu devo vender: B$24,111.58. Dólares? Não! Dólares Blogshares. Dinheiro de brincar. Ou seja, trata-se de mais uma tentativa de compra unilateral e forçada em tudo semelhante a uma nacionalização.
O Rui não percebeu que num mercado livre só há transação por mútuo acordo. O vendedor só vende se achar que o dinheiro vale mais que a propriedade e o comprador só compra se achar que a propriedade vale mais que o dinheiro. Ou seja, o proprietário das rádios Voxx e Luna só vendeu porque achou que o dinheiro vale mais que as rádios. Se achasse o contrário não teria vendido. O Rui opta por pedir responsabilidades ao comprador (Nobre Guedes), como se uma compra fosse um acto hostil e unilateral. O Rui devia pedir responsabilidades ao anterior proprietário que é o principal responsável pela venda.
Boas notícias: governo sem instrumentos para destruir a economia
Ministra das Finanças Diz Que o Governo Não Tem Instrumentos para Animar Economia
quinta-feira, março 04, 2004
Diferença entre facto e interpretação
Realidade é quando eu digo que Jean-Bertrand Aristide, Kumba Yala e Allende são três presidentes eleitos democraticamente que foram derrubados pela força.
Interpretação é quando o Daniel Oliveira daí conclui que eu quis dizer que os três são iguais.
Limitei-me a mostrar que a eleição democrática só é o argumento supremo quando são os nossos filhos da puta que estão em causa. É um argumento que vale tudo para os casos de Allende e Hugo Chavez, mas não vale nada para os casos de Jean-Bertrand Aristide e Kumba Yala.
Seja como for, não é verdade que os três sejam exactamente iguais. É certo que nenhum deles teve demasiado respeito pelos limites constitucionais que devem sempre limitar a acção de uma maioria eleitoral transitória. Mas também nem todos representavam uma maioria eleitoral. Jean-Bertrand Aristide foi eleito com 91% dos votos e Kumba Yala foi eleito com 72% dos votos. Mas Allende foi eleito a la Bush por um colégio eleitoral depois de ter conseguido uns meros 36% dos votos.
Abismo cultural II
Algo que colocaria os Banabés em pé-de-guerra. O movimento Homeschooling. Qualquer coisa como 2 milhões de crianças americanas não vão à escola pública nem sequer seguem os programas das autoridades escolares locais. São educadas em casa pelos próprios pais, onde, dependendo das opções de cada pai, tanto podem aprender biologia pela Bíblia como pela "Origem das Espécies".
Abismo cultural
O presidente Bush pretende conceder às autoridades escolares a lierdade de optarem (ou não) por turmas e escolas em que há separação dos sexos. A legislação garante que a opção por turmas de sexo único será sempre dos pais e que a opção por turmas mistas deverá estar sempre disponível.
No Barnabé, uma medida claramente liberalizadora do sistema de ensino transforma-se em: Oh tempo, volta p'ra trás:A administração Bush decidiu abrir a porta a escolas públicas só para rapazes ou raparigas.
Bem, se o tempo voltar para trás, é porque as pessoas querem que ele volte para trás. O estado federal não tem nada que limitar as liberdades das comunidades escolares locais em nome de uma determinada ideia de "progresso".
Actividades culturais alternativas III
Hoje vou ler um puzzle: The Book of Sand
O que já se sabe, acabaria sempre por se saber
Acabou o segredo no processo Casa Pia
Força Portugal versão Valentim Loureiro
“Força Portugal!” é um slogan que pretende associar a campanha do PSD para as europeias à campanha da selecção nacional no EURO2004.
quarta-feira, março 03, 2004
Força Portugal versão Pacheco Pereira
“Força Portugal!” é um slogan oco, anti-europeu, nacionalista, onde se nota a mão do PP e a influência de Berlusconi.
infomercial
Insurer warns of global warming catastrophe
Estado de futilidade indesculpável
Como é que se distingue um aborto em estado de necessidade desculpante de um aborto em estado de futilidade indesculpável?
Como é que se distingue um aborto questão de consciência de um aborto questão de insconsciência?
Livra-te da parka
Bibi bem pode mudar o nariz, o rosto, os lábios ... Mas se não se livra da parka vermelha não há miúdo de 10 anos que não o reconheça.
Síndrome de Peter Pan
Parece que Francisco Louçã defende aos 50 anos aquilo que Paulo Portas defendeu aos 19.
Senilidade precoce
Parece que Paulo Portas já defendia aos 19 anos aquilo que Francisco Louçã defende aos 50.
terça-feira, março 02, 2004
Fusionismos
Blasfémia
A Paixão de Cristo
Já me leram o livro em fascículos semanais. Repete todos os anos numa igreja perto de si. Ainda não vi o filme. Não tenho mais nada a dizer.
Avelino Ferreira Torres
Cacique é um homem adorado na sua terra e destestado na terra dos outros. Pelas mesmas razões.
segunda-feira, março 01, 2004
Estados Unidos derrubam líder democraticamente eleito
Mais um para a galeria dos líderes democraticamente eleitos derrubados pela força: Jean-Bertrand Aristide.
E os serviços secretos servem para ... espiar III
Em breve neste Blog:
- As forças armadas servem para fazer a guerra;
- As prisões servem para prender pessoas;
- As bombas servem para matar pessoas e destruir infraestruturas;
E os serviços secretos servem para ... espiar II
Vital Moreira pergunta será que os serviços secretos britânicos também espiam o Presidente Bush, por exemplo?
Resposta: só não espiam se o custo de serem apanhados for superior ao valor das informações adquiridas.
Os valores são subjectivos:harmonização implica coerção II
O Blog Liberal Social respondeu ao meu último post sobre este assunto. Seguem-se alguns comentários a essa resposta:
O Blog Liberal Social diz que:
Relativamente ao ponto em questão, não podemos colocar a questão simplesmente em termos de “valores”. A realidade é que em mercados sem fronteiras, como é o da União Europeia, bastaria um país optar por normas ambientais mais fracas, para em termos económicos se colocar em vantagem.
O que é uma vantagem económica e como é que se determina o que é uma vantagem económica sem se discutirem valores?
Num mercado é suposto que todos os agentes sejam diferentes e que todos os agentes tenham vantagens competitivas numa ou outra área. Se todos os agentes económicos fossem iguais e se todos tivessem os mesmos valores não havia comércio.
O Blog Social Liberal não respondeu ao meu argumento: numa área económica em que as leis ambientais de cada comunidade estão de acordo com os seus valores todos ganham. Ganham os que têm leis rígidas, porque têm o ambiente que querem e podem importar produtos mais baratos, e ganham os que têm leis mais fracas porque têm o ambiente que querem ter e podem exportar produtos para as regiões com normas mais rígidas.
O Blog Social Liberal diz ainda:
O país com normas ambientais mais fracas seria o que se chama em termos teóricos um Free Rider,
Nope. Um país com normas ambientais mais fracas só é um Free Rider se a poluir países terceiros. A esmagadora maioria das normas ambientais só tem implicações locais.
O problema do CO2 é uma excepção. Só que este é um problema mundial, não é um problema europeu. Não há um único problema ambiental que afecte todo o espaço comunitário e não afecte o resto do mundo.
E ainda:
Todos os assuntos devem ser tratados ao nível mais próximo das populações (Princípio da Subsidiariedade), no entanto, muitos das questões ambientais mais importantes, devido ao princípio do “Free Rider”, não podem ser resolvidas pelas comunidades locais, mas apenas por instituições internacionais.
O problema do "Free Rider" resolve-se através da atribuíção de direitos de propriedade a entidades tão pequenas quanto possível e não pela atribuíção de responsabilidades a comunidades cada vez maiores.
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