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terça-feira, março 16, 2004
Os países não têm princípios, têm interesses
A direita está a ver mal o filme
A direita está a cometer o mesmo erro que a esquerda cometeu após o 11 de Setembro.
A direita está a analisar os acontecimentos em Espanha como se as relações internacionais fossem regulados pela ética. Como se os espanhóis tivessem que obedecer a uma determinada ética universalista que exige a todos o mesmo comportamento em relação ao terrorismo.
Trata-se mesmo de uma atitude profundamente racionalista, que pressupõe que existe uma solução a priori para os problemas de segurança que serve a todos, quaisquer que sejam as suas circunstâncias. Há mesmo quem se arrogue o direito de dizer aos espanhóis o que é melhor para eles, como se os espanhóis não estivessem mais informados do que nós sobre a sua própria circunstância e como se não fossem eles a sofrer na pele as consequências das suas próprias políticas.
Trata-se ainda de uma posição profundamente colectivista que defende que os países têm a obrigação de se sacrificarem pela segurança colectiva. Uma comunidade tem todo o direito ao isolacionismo e à neutralidade. Nada garante que o isolacionismo seja uma estratégia pior que o internacionalismo. A Suiça e a Suécia estão aí para demonstrar que a neutralidade tem as suas vantagens.
Cada país tenderá a participar na luta contra o terrorismo na medida dos seus interesses. Ora nada garante à partida que a participação na guerra do Iraque tenha servido os interesses da Espanha. A maioria dos espanhóis acha que não, e eles são os principais interessados.
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