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quarta-feira, março 17, 2004
Os países não têm princípios, têm interesses II
Diz Sara Muller:
Mas, também não dúvido que quem governa os países tem interesses próprios, pessoais, por vezes, que não se identificam facilmente com o "interesse" do povo espanhol, francês ou de outro qualquer.
Mais uma razão para não se fazerem julgamentos éticos sobre posições políticas. Se todos tomam decisões com base em interesses, porque é que a Sara apela à nossa civilização, os nossos valores, a nossa ciência, a nossa cultura, os direitos das mulheres, a Liberdade. Esse é um argumento que pressupõe que todos temos os mesmos valores e que a política é regulada pela ética. Quando não é verdade. A política é a ética imperfeita que emerge dos interesses. E já agora, o que os liberais defendem é que a ética que emerge dos interesses é mais justa que as alternativas.
Que, muito francamente, também não me parece que seja perceptível através de um acto eleitoral. Muito menos nas condições de pressão e sugestão em que se realizaram as eleições espanholas.
Qual é a alternativa? Se os interesses colectivos não se determinam em eleições, como e quem os determina?
Que a mim me parece terem reflectido mais a influência de circunstâncias dramáticas e imprevisíveis, que terão sido mal avaliadas por algum eleitorado e bem aproveitadas pela máquina eleitoral do PSOE, do que propriamente o "interesse" do povo espanhol, ou melhor, utilizando uma terminologia que acho mais liberal, os interesses dos espanhóis.
Como é que a Sara sabe que os espanhóis fizeram uma má avaliação?
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