Liberdade de Expressão

 

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sábado, abril 10, 2004

 
Agora é que vamos ver se todas as entrevistas de juízes merecem a mesma indignação

Entrevista ao juiz do caso de Entre-os-Rios

Juiz Nuno Melo fala da inocência dos arguidos:

a minha profunda convicção é que nenhum dos acusados sobre os quais foi pedida a instrução tinha qualquer responsabilidade penal ou cível.


Juiz Nuno Melo diz que a causa directa da queda da ponte foi natural:

a minha interpretação leva-me a concluir que a causa principal e determinante do colapso da ponte ficou a dever-se à sequência das cinco cheias ocorridas naquele ano hidrológico. Aliás, os relatórios periciais confirmam esta tese.


Juiz Nuno Melo diz que aponte caiu porque o pilar perdeu sustentação:

Em termos técnicos, convém precisar que não foi a base do pilar que se desfez. O que fez ruir a ponte foi a perda de sustentação do pilar n.º 4.


Juiz Nuno Melo diz que filme dos anos 80 é irrelevante:

O filme não revela nada de substantivo. Mostra, essencialmente, que o pilar não tinha enrocamento (protecção), mas o estado do caixão do pilar não teve nenhuma influência da derrocada.


Juiz Nuno Melo diz que não é casamenteiro e que por ele a culpa pode muito bem morrer solteira:

Não compete ao juiz nem ao tribunal arranjar culpados.


Juiz Nuno Melo defende que uma justiça que funciona não é necessariamente popular:

fazem-se julgamentos apressados sobre a conduta de determinadas pessoas, sem saber aquilo que está em causa. Depois, quando os tribunais decidem de acordo com a nossa opinião, achamos que a Justiça funcionou. Em caso contrário, não.


Juiz Nuno Melo diz que só passou a ser demasiado novo depois de dada a sentença. Antes disso ninguém se lembrou de o colocar em causa:

A juventude não pode ser invocada. O importante é o conhecimento técnico do processo. Quando fui nomeado ninguém levantou questões quanto ao meu tempo de serviço na magistratura. Só após a decisão é que algumas pessoas se lembraram da idade. Esta acusação não tem o mínimo de credibilidade.


Juiz Nuno Melo diz que quadros da JAE nunca poderiam ser condenados:

Porque os técnicos da JAE actuaram sempre de acordo com aquilo que lhes era pedido para observar. Convém lembrar que os referidos arguidos eram quadros médios da JAE. Não tinham poderes de decisão.


e que os quadros superiores também não:

Voltamos à questão inicial: mesmo que a causa principal não tivesse sido as cheias, tenho dúvidas que pudesse imputar responsabilidades penais ao presidente da JAE. Duvido que tivesse conhecimento do estado concreto de todas as pontes.



Juiz Nuno Melo destrói o mito dos avisos prévios. Não foi por causa do mau estado do tabuleiro que a ponte caiu:

Que eu saiba, só existiam avisos relativamente ao estado do tabuleiro e condições de circulação. Até ao início das cheias, não havia perigo de queda.