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sábado, janeiro 17, 2004
O truque
Durão Barroso veio dizer que o projecto TGV "permitirá gerar um valor acrescentado bruto de 14.500 milhões e que cerca de 90 por cento será da responsabilidade da indústria portuguesa."
O problema é: e os alemães e os franceses, que pagam a conta, deixam?
Entretanto a Bombardier Portugal (antiga Sorefame) corre risco de fechar. A casa mãe tem outras prioridades. A Bombardier Portugal está em concorrência com o resto do grupo Bombardier (que é canadiano), com a Alstom e com a Siemens.
E a Alstrom e a Siemens são de onde? A Alstom é da França e a Siemens é da Alemanha.
Ora, a Alstrom e a Siemens fazem o material circulante e participam na construção das linhas. São estas empresas que est?o em condições de ganhar grande parte dos concursos internacionais do TGV. Segue-se que os 90% de incorporações nacionais são apenas um sonho do nosso primeiro. Grande parte dos 14.500 milhões vão ser utilizados para importar equipamentos e serviços.
O truque é então muito simples. A França e a Alemanha não pagam o TGV porque são solidários. Pagam o TGV porque pretendem subsidiar os negócios das suas empresas.
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