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quarta-feira, janeiro 14, 2004
Mapas racionalistas vs. Mapas evolucionistas
Diz Luís Nazaré :
Em vez das cinco regiões que a direita, as elites urbanas e o povo chumbaram em referendo, teremos mais de vinte, contra os actuais dezoito distritos e a desejável lógica de racionalização administrativa que os tempos recomendam.
[...]
Nem ninguém contesta a irracionalidade e a falta de estética do futuro mapa administrativo da nação?
No fundo, o que Luís Nazaré defende é que o melhor mapa é aquele que é planeado por técnicos qualificados e que torna possível uma administração racional.
O problema é que nenhum técnico, por mais competente que seja, dispõe da informação necessária e capacidade de previsão necessárias para criar um bom mapa. O mapa das 5 regiões é um mapa que ignora completamente as afinidades das populações locais. Limita-se a satisfazer os interesses, o modo de pensar e os vícios dos tecnocratas.
A alternativa ao mapa planeado por burocratas, é um mapa que resulta da evolução ao longo do tempo das relações entre entidades políticas mais pequenas. Se o mapa das 5 regiões é mesmo bom, então os municípios acabarão por descobrir isso mesmo. Mas se for mau, os municípios acabarão por descobrir um melhor.
O que interessa aqui é que não é possível determinar o melhor mapa a partir de Lisboa. Só a experiência dos principais interessados é que lhes poderá garantir, com o tempo, qual o melhor local para os seus municípios.
Mas isto é fácil de compreender. O melhor mapa da Europa não é aquele que seria considerado por um burocrata em Bruxelas como aquele que é mais estético e é mais racional. O melhor mapa da Europa é aquele que foi criado pela História (que ainda não acabou). O que o processo de regionalização precisa é de História.
É curioso que Luís Nazaré chame a este mapa um mapa administrativo. É que o que pode resultar de tudo isto não é um mapa administrativo. É um verdadeiro mapa político em que cada unidade é formada por municípios com afinidades e com interesses comuns. O que pode resultar de tudo isto é um verdadeiro autogoverno.
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