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quinta-feira, novembro 13, 2003
Mais uma resposta ao Crítico
O Crítico Musical raciocina como um verdadeiro liberal e informa-nos que os países não têm ética, têm interesses. Eu acrescentaria as pessoas à lista. E depois?
A ética não é mais do que a estratégia evolucionariamente estável que resulta da defesa de cada um dos seus interesses. Nenhuma regra ética sobrevive se não servir os interesses dos membros de uma comunidade.
Mais importante: nem sempre as boas intenções produzem bons resultado e nem sempre uma política de interesses produzem maus resultados. Um país pode prosseguir os seus interesses contribuindo ao mesmo tempo, e sem intenção, para o bem estar dos outros.
O egoísmo do padeiro dá-nos o pão. Vícios privados, virtudes públicas. Tudo ideias liberais.
O Crítico diz-nos ainda que as democracias do Norte da Europa assustam os liberais. Não percebo porquê. As democracias do Norte da Europa não se fizeram num dia. Foram, nos últimos 200 anos, dos países que mais consistentemente respeitaram os princípios liberais. São países que já eram ricos quando Singapura era pobre e já eram politicamente liberais um século antes de Singapura se tornar num regime autoritário. E hoje são dos 12 países com maior índice de liberdade económica.
O que coloca poblemas aos liberais não são os países nórdicos. O problema é Singapura. É que Singapura não é um país liberal. Falta-lhe a componente política. E no entanto, tem um índice de liberdade económica elevado. Como é que os liberais explicam a existência de liberdade económica num regime autoritário?
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