Liberdade de Expressão

 

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quarta-feira, outubro 01, 2003

 
O Liberalismo e o Crítico Musical MCXXIX

Segundo o Crítico Musical, os liberais preferem o dinheiro ao Homem, ou à cultura ou à ética. Curiosamente, o Crítico não deixa de reconhecer que o dinheiro afinal tem a sua importância e exige que todos paguem impostos para subsidiar as elites que o crítico reconhece como elites. O Crítico parece reconhecer duas fontes de legitimidade política: as elites e a maioria.

Os Liberais, por seu lado, reconhecem que os valores são subjectivos, e por isso não existe nenhuma hierarquia de valores que prevaleça sobre todas as outras hierarquias possíveis. Sendo assim, não pode haver uma hierarquia de valores única. A solução é a coexistência pacifica de várias hierarquias de valores na sociedade, tantas quantas o número de indivíduos. Os valores são incomensuráveis porque o que tem valor para um individuo não pode ser comparado com o que tem valor para outro. O gosto de alguém por carros desportivos não pode ser comparado com o gosto de outrém por viagens. A sociedade deve ser tão livre quanto possível para que cada individuo possa dispor do seu tempo e do seu trabalho para satisfazer as suas preferências.

Não é por isso verdade que os liberais coloquem o dinheiro acima de todas as coisas. Cada individuo deve ser livre de ter a sua própria hierarquia de valores. Se o dinheiro deve ou não ser o valor supremo é uma opção de cada individuo sobre a qual o resto da humanidade não tem nada com isso.

Uma vez que não existe nenhuma hierarquia de valores que se subreponha a todas as outras, também não pode existir nenhuma fonte de legitimidade política que não o individuo. Uma elite não pode ter legitimidade para decidir por toda a comunidade porque a própria existência da elite baseia-se numa hierarquia de valores que é partilhada apenas pelos membros da elite. Pelo mesmo motivo, a maioria também não tem legitimidade para decidir por toda a comunidade.

Os apelos à ética feitos pelo Crítico também não são convincentes porque a ética defendida pelo Crítico não é uma ética universal partilhada por todos. É uma das várias éticas em competição numa sociedade livre. A ética liberal, por seu lado, é uma meta-ética que tem a grande vantagem de permitir a coexistência pacifica na mesma sociedade de diferentes éticas baseadas em diferentes visões do mundo, desde que estas éticas sejam aplicadas apenas a quem a elas adere livremente.

A grande diferença entre a ética do Crítico e a ética dos Liberais é que o Crítico está disposto a usar a força para impor a sua hierarquia de valores particular aos outros e os Liberais não estão interessados em impor nenhuma hierarquia de valores em particular. Os Liberais limitam-se a defender o direito de cada um à sua própria hierarquia de valores contra as imposições das elites, das maiorias ou de quem quer que seja.