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domingo, setembro 07, 2003
Deficit III
Diz o Irreflexões:
3 - Em tempos de recessão o endividamento do Estado pode e deve aumentar como forma de estimular a retoma económica, com cujos frutos futuros se pagará o endividamento. Esse aumento deve ser moderado e na estrita medida da necessidade (o que não quer dizer que 3% seja um limite racional).
O Irreflexões propõe que, em tempos de recessão, os bancos emprestem dinheiro ao estado para que este estimule a economia através de compras às empresas:
bancos --> estado --> empresas
Isto significa que após a retoma o dinheiro emprestado será pago com juros pelas empresas ao estado via impostos, e pelo estado aos bancos:
empresas --> estado --> bancos
O problema desta ideia é que as próprias empresas, que conhecem a sua situação económica melhor que ninguém, podem elas próprias pedir um empréstimo à banca. Se as empresas o podem fazer, então a intermediação do estado é desnecessária.
Acontece que cada empresa tem a sua própria circunstância e algumas poderão achar racional pedir um empréstimo à banca:
bancos --> empresas
com o argumento de que poderiam pagar o mesmo empréstimo após a retoma:
empresas --> bancos
Outras poderão achar que a ideia é irracional para o seu caso e poderão optar por não pedir empréstimos. Outras ainda, poderão ser empresas inviáveis a quem a banca não concederia empréstimos. Se existem empresas que acham a ideia do empréstimo irracional, porque é que o estado haveria de forçar todas as empresas a entrar num esquema que é equivalente a um empréstimo? Se existem empresas inviáveis, porque é que o estado haveria de lhes conceder benefícios equivalentes a um empréstimo?
Ao actuar cegamente sobre a economia através das compras, o estado compra o que não precisa a empresas em quem a banca não confia. Para fazer as tais compras, que até podem ser investimentos inúteis, precisa de pedir um empréstimo à banca causando a subida da taxa de juro.
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