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sábado, setembro 13, 2003
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só que éles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão
Ésse comboio de corda
Que se chama o coração
—Fernando Pessoa
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