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terça-feira, setembro 02, 2003
anti-keynesianismo fundamentalista
Diz o Manuel do De Direita
O The Economist descreve de forma simples, natural e descomplexada porque é que um défice não é assustador em períodos de recessão, antes pelo contrário pode ser uma óptima medida.
Algo que me parece só poder ser negado por fundamentalismo de uma determinada corrente académica que vê em John Keynes a suprema encarnação do Mal e ao qual associam tudo quanto tenha a ver com a palavra "Défice".
Infelizmente, não tenho acesso aos artigos do Economist, e por isso só posso fazer comentários gerais.
O Manuel chama fundamentalista à corrente académica anti-Keynesiana. Mas o que é que isto significa exactamente. O que significa chamar fundamentalista a um cientista? Das duas uma, ou um cientista está certo, ou está errado. E os keynesianos, ou estão certos ou estão errados. Não há meio termo possível. E há quem ache que eles estão errados, da mesma forma que os keynesianos acham que estão certos. Porque é que uns são chamados de fundamentalistas e os outros não? O que é um fundamentalista em ciência?
Os argumentos contra as políticas keynesianas parecem-me bastante sólidos e normalmente nem sequer são discutidos em debates públicos. Normalmente, keynesianos nem sequer apresentam argumentos que respondam às objecções dos ainti-keynesianos. Isto acontece porque enquanto o keynesianismo é intuitivo, os anti-keynesianismo é contra-intuitivo.
Os keynesianos defendem políticas de contra-ciclo. Intuitivamente, isto faz sentido. Quando a economia está em recessão, o estado injecta dinheiro na economia impedindo que as falências e os despedimentos. E não duvido que resulte. E por isso é que o keynesianismo é tão popular.
O anti-keynesianismo não é tão intuitivo. Não é intuitivo porque enquanto as vantagens do keynesianismo estão concentradas e têm vantagens de grande visibilidade, as desvantagens estão dispersas no tempo e no espaço e não têm visibilidade.
O keynesianismo serve para esconder os sintomas da doença. As falências de empresas, os despedimentos e a queda da taxa de lucro são uma consequência das más decisões que causaram a crise. As medidas keynesianas impedem que esses sintomas se manifestem. Ao impedirem os sintomas, as medidas keynesianas impedem o mercado de se auto-corrigir perpetuando os comportamentos que geraram a crise. A doença continua lá, mas podemos fingir que não está. Quando a crise acaba a doença traduz-se em crescimentos mais lentos.
Por outro lado, quando o deficit do estado terá que ser pago um dia. Os deficits elevados causam custos a médio prazo. Se o estado aumenta agora o deficit, terá que aumentar os impostos ou reduzir as despesas mais tarde. Esta política acaba por se reflectir em crescimentos mais lentos a médio prazo.
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