Liberdade de Expressão

 

Comentários para este email

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

quarta-feira, agosto 27, 2003

 
Quais são os sentimentos dos iraquianos ? IV

PG do Bloguitica Internacional comentou o meu ultimo post sobre este tema.

Eu não defendo que a manipulação das massas pelas elites seja um exclusivo das ditaduras. Também acontece nas democracias. As democracias são, como todas as instituições humanas, imperfeitas. Não há instituições perfeitas nem soluções perfeitas neste mundo, nem é isso que nos interessa. O que nos interessa é atingir a perfeição possível.

A minha análise é bastante clara. Eu não acredito na atribuíção de caractrerísticas humanas às sociedades. E acredito ainda menos quando essas características são atribuidas a sociedades sob ditadura. Não defendo que podemos atribuir sentimentos aos povos em democracia. As sociedades democráticas também são alvo de manipação. Mas numa democracia a manipução é muito mais dificil. E é tanto mais dificil quanto mais a sociedade civil for independente do estado.

E claro que este é um caminho perigoso. Os caminhos da verdade são sempre perigosos. É verdade que a opinião é manipulada, mesmo em democracia. É verdade que as elites têm os seus próprios interesses egoístas e não existem para defender as massas. É verdade que a confiança cega seja em quem for é um erro. É verdade que a desconfiança em relação às elites dirigentes é uma excelente estratégia. É verdade que o ónus da prova está do lado das elites, e as elites têm falhado sucessivamente todos os testes.

Penso que neste ponto o PG é que está a defender um preconceito. Eu nesta matéria não tenho preconceitos, e como não tenho preconceitos exijo em primeiro lugar a prova da bondade e da capacidade das elites, não pressuponho essa bondade nem essa capacidade. Tal como exijo que a posição dos palestinos ou dos iraquianos seja expressa pelos próprios e não por intermediários que a procuram interpretar. E estou interessado nas posições expressas por cada palestino ou por cada iraquiano numa sociedade livre e não numa hipotética expressão do povo palestino ou do povo iraquiano. Os povos não são pessoas e não se exprimem. É por os povos não serem pessoas nem poderem exprimir-se em nome dos individuos que as constituem que defendo sociedades liberais nas quais a vontade da maioria ou de uma elite não se possa impor.

Por desconfiar da bondade e da capacidade das elites para tratarem da minha vida é que prefiro ser eu a fazê-lo. Acho que conheço melhor os meus problemas e conheço melhor as soluções que qualquer membro de qualquer elite que não me conhece a mim nem às minhas circunstãncias.