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sábado, agosto 02, 2003
Portugal arde
Portugal arde porque o estado subsidia a plantação de florestas que ninguém tem recursos para cuidar;
Portugal arde porque o país tem uma área florestal artificialmente elevada;
Portugal arde porque o estado funciona como seguradora gratuita de empresas florestais inviáveis;
Portugal arde porque os portugueses vivem na ilusão de que a floresta é uma riqueza, quando é um custo pago através de subsídios às empresas florestais e dos recursos dispendidos no combate aos fogos;
Portugal arde porque as empresas florestais inviáveis não têm nem os conhecimentos nem os incentivos para estarem num negócio tão complexo como o da produção florestal;
Portugal arde porque os portugueses vivem na ilusão de que a floresta é uma riqueza, quando a floresta é acima de tudo uma ameaça à segurança pública;
Portugal arde porque as cãmaras municipais não enfrentam os problemas de segurança que representam florestas próximas das zonas habitacionais;
Portugal arde porque os serviços de segurança contra incêndios são prestados por empresas cujos ganhos são proporcionais à área ardida, quando deviam ser prestados por empresas cujos ganhos são proporcionais à área não ardida;
Portugal arde porque o estado premeia com subsídios e isenções as autarquias e os privados que não tomaram as medidas que poderiam ter evitado os incêndios;
Portugal arde porque os nossos empresários florestais acham que a limpeza, os seguros e o combate aos fogos não são da sua competência;
Portugal arde porque a floresta é a única "riqueza nacional" conhecida que precisa de subsídios para sobreviver.
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