Liberdade de Expressão

 

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quarta-feira, agosto 13, 2003

 
O Ambientalista Liberal I

Esta série de artigos é uma resposta a este e aeste posts da Causa foi Modificada e a este da Sombra. Os leitores interessados em aprofundar este assunto devem ler o artigo de Garrett Hardin The Tragedy of the Commons, The evolution of cooperation de Robert Axelrod e as entradas na Wikipedia Prisoner’s Dilemma e
Tragedy_of_the_commons


1 – Quando os recursos naturais são propriedade de privados existem poucos incentivos para que o proprietário procure lucrar desse recurso destruindo-o.

2 - A gestão sustentável de um recurso próprio é sempre mais lucrativa que a gestão destrutiva desse recurso porque se a gestão for destrutiva, a propriedade desvaloriza-se.

3 – Por exemplo, o dono de uma floresta ganha mais se vender a floresta a quem a gerir melhor do que vendendo todas as árvores destruindo a sua fonte de rendimento e o valor da propriedade. Ou, dito de outra formar, ninguém mata a galinha dos ovos de ouro para tirar lá de dentro um único ovo.

4 – Os problemas surgem quando a propriedade dos recursos naturais é colectiva.

5 – Neste caso pode ocorrer a chamada “Tragédia dos Comuns” ou “Tragédia dos Baldios”.

6 – Antigamente, em Inglaterra, as aldeias tinham pastagens comunitárias. Cada aldeão podia colocar nessas pastagens quantas ovelhas tivesse;

7 – Nesta situação, cada aldeão perguntará a si próprio o que tem a ganhar e o que tem a perder por adicionar mais uma ovelha às pastagens comunitárias.

8 – Cada aldeão chegará depressa à conclusão que embora só ele ganhe por adicionar mais uma ovelha, as perdas correspondentes à erva comida em excesso são a dividir por todos os aldeões.

10 – Dado que todos os aldeões seguirão o mesmo raciocínio, todos tenderão a consumir cada vez mais recursos comunitários o que resultará na destruição das pastagens comunitárias por um número excessivo de ovelhas.

11 – Quando os recursos naturais não são propriedade de ninguém ou são propriedade de todos, não existe nenhum incentivo para que os agentes individuais moderem o consumo e a exploração sustentável é impossível.

12 – Na Tragédia dos Comuns todos têm um incentivo para consumir mais do que a sua parte da propriedade pública. Todos têm um incentivo para roubar recursos aos restante.

13 – O exemplo dado pelo maradona “Mas se se plantar à volta de Ferreira do Alentejo dez mil hectares de eucaliptos ou de pinheiros” é um exemplo da Tragédia dos Comuns.

14 - Tal plantação só é viável se forem utilizados bens comuns como a água. Os promotores de tal projecto não têm o direito de usar a água que é de todos para fins privados sem dar nada em troca. O projecto tornar-se-ia inviável a partir do momento em que a água tivesse que ser paga à comunidade ao seu preço de mercado.

15 – O maradona diz ainda: “É urgente sintetizar as condições geológicas dos solos que temos e as caracteristicas bio-climáticas de cada parcela do território nacional para com isso decidir quais são as espécies floristicas e os tipos de povoamentos que permitirão que este país de serranias estéries e erodidas se desvie por mais uns aninhos do percurso que há anos leva em direção ao deserto.”

16 – Mas o problema é que o caminho em direcção ao deserto tem vindo a ser promovido pelo estado. O estado, ao subsidiar actividades economicamente inviáveis está a incentivar a sobre exploração dos recursos naturais. Os subsídios do estado desviam o mercado, incluindo o mercado de capitais, daquilo que seria o seu ponto de equilíbrio e atraem demasiados investidores a uma actividade que de outra forma não seria lucrativa.

17 – O maradona defende que as actividades comerciais são incompatíveis com a conservação da natureza porque os investimentos comerciais têm que ser recuperados a médio prazo enquanto as políticas de conservação exigem investimentos a longo prazo.

18 – Mas isso não é verdade. Uma empresa florestal bem gerida terá sempre que possuir uma gama variada de investimentos. A carteira de activos que maximiza o lucro é aquela que contém terrenos férteis com árvores de crescimento rápido e terrenos inférteis com árvores de crescimento lento.

19 – Um investidor não precisa de esperar 30 anos para que um sobreiro dê rendimento. Uma empresa que plante uma grande quantidade de sobreiros hoje, verá o valor das suas acções subir à medida que os sobreiros crescem porque o valor dos sobreiros depende da sua idade. Os investidores iniciais podem recuperar o seu investimento através da venda de acções a novos investidores e os novos investidores também não precisam de esperar pela maturação dos sobreiros, podendo venser as suas acções passados poucos anos.

20 – Na realidade, empresas como a Portucel ou a Amorim têm bons motivos para plantar novos sobreiros que respondam à procura futura de cortiça porque o valor destas empresas e das suas acções depende desse investimento.

(continua)