Liberdade de Expressão

 

Comentários para este email

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

sexta-feira, agosto 08, 2003

 
Correio dos leitores

Um leitor, a propósito do post Portugal arde IV, chama-me a atenção para o seguinte:

1. A floresta produz oxigénio. Que tem valor comercial zero por oposto à sua
utilidade. Priceless e insubstituível.

2. A floresta regenera o ar que respiramos, tornando-nos mais saudáveis.

3. A floresta é uma riqueza nacional que melhora o nosso bem-estar: saúde e
lazer.

Estes 3 pressupostos, que mais parecem retirados de um texto de uma criança
de 8 anos parecem-me hoje, como antes, válidos e sólidos.


As coisas não são assim tão simples.

O oxigénio pode ter um preço, e esse preço não é necessariamente infinito até porque o oxigénio está muito longe de ser um recurso escasso. O oxigénio representa cerca de 20% da atmosfera terrestre e esse valor não sofre alterações significativas. Uma floresta não contribui necessariamente para a produção líquida de oxigénio. Isto acontece porque, por um lado as florestas também consomem Oxigénio e por outro a decomposição e a queima da matéria orgânica liberta muito do CO2 de volta à atmosfera.

O Protocolo de Quioto prevê créditos de CO2 transacionáveis a atribuir aos países que contribuam para o consumo de CO2 através da plantação de florestas. Logo, o oxigénio poderá vir a ter um preço. No entanto, esta opção pode não ser viável porque as florestas só consomem CO2 durante a fase de crescimento. Uma floresta madura entra em estado estacionário e passa a produzir tanto oxigénio como aquele que consome.

O leitor afirma que "A floresta é uma riqueza nacional que melhora o nosso bem-estar: saúde e lazer." Mas os factos mostram precisamente o contrário. A floresta portuguesa é uma plantação artificial e insustentável. Existem incentivos para a renovar após cada incêndio, mas não existem condições para que ela se mantenha com as dimensões actuais porque não existem pessoas interessadas em conservá-la. E por isso, a floresta é vulnerável a incêndios e representa um perigo para a saúde e para a vida das populações.