Liberdade de Expressão |
|
Comentários para este email |
terça-feira, agosto 26, 2003
Ou seja, ASL defende como boa uma linha de raciocínio que se serve como uma luva ao líder da oposição, mas não serve a verdade, o que devia ser o objectivo do jornalista. Um jornalista devia seguir outra linha de raciocínio completamente diferente: 1- É mesmo verdade que morreram 1316 pessoas por causa da vaga de calor? 2 – Como se chegou a este número? 3 – Porquê 1316 e não 1315 ou 1317? A casa das dezenas e a casa das unidades são estatisticamente significativas? Se não são, porque não noticiar “aproximadamente 1300 mortos” em vez de uns taxativos 1316? 4-Estes 1316 mortos são o desvio em relação à média de igual período de anos anteriores? Se são, quanto é que costuma ser esse desvio? Ou seja, até que ponto é que estes 1316 mortos são estatisticamente significativos? 5- Quem são estes mortos? São doentes terminais? São idosos? São doentes crónicos? 6 – Poderiam estas mortes ser evitadas? Como? Como é que o estado salva idosos que vivem em casas particulares e ninguém sabe quem são? 7 – Com campanhas de informação? Mas se as vítimas do calor foram idosos, será que as campanhas informativas os poderiam ajudar? São estes idosos informáveis? Qual seria a eficácia de uma campanha dessas? Antes da vaga de calor não foram lançados aviso? Acho que foram. Qual foi a eficácia desses avisos? 8-Existem outros meios que poderiam ter salvo vidas? Poderiam esses meios ter sido accionados em cima do acontecimento, ou são meios que requerem investimentos a médio prazo? 9 – E os tais investimentos a médio prazo justificam-se? Ou seja, qual é o custo de oportunidade desses investimentos? Vale mesmo a pena investir numa protecção ineficaz contra eventos raros? Não existem problemas muito mais frequentes onde os investimentos teriam mais retorno? Estas são realmente as perguntas que interessam e à quais os artigos de jornal que li não deram resposta. Porquê? Porque, aparentemente os jornalistas resolveram substituir os actores políticos e fazer oposição ao Ministro da Saúde em vez de esclarecerem os seus leitores. Outra questão que deve ser levantada é a da iliteracia matemática, um problema que não serve só para que se escrevam bonitos editoriais sobre educação. A forma acrítica como as notícias sobre os 1316 mortos foram divulgadas revela desconhecimento da estatística elementar, o que em jornalistas é grave. JoaoMiranda 3:40 da tarde
Comments:
Enviar um comentário
|