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quinta-feira, julho 10, 2003
Sindicatos III
O Satyricon anda equivocado sobre questões económicas e, apesar de eu ter sugerido este post da Causa Liberal, continua a insistir nos mesmos erros. O que se segue é a minha tentativa de lhe explicar os factos da vida:
1. Numa economia de mercado todas as acções de todos os agentes são livres. Não são coagidas;
2. Isto significa que cada agente compra apenas os bens e serviços a que atribui valor;
3. Pelo que, qualquer agente terá que produzir bens e serviços com valor para os outros para obter bens e serviços com valor para si próprio;
4. Este estado de coisas força cada agente a contribuir para toda a sociedade;
5. Claro que o preço de um determinado bem ou serviço vai depender da oferta e da procura. Quanto mais escasso for um produto maior o seu preço. Quanto mais pessoas atribuírem valor a um determinado produto mais caro esse produto será.
6. Acontece que o trabalho é um serviço cujo preço depende da oferta e da procura;
7. O preço do trabalho é tanto maior quanto mais ele for valorizado pelos empregadores;
8. O valor atribuído pelos empregadores ao trabalho é tanto maior quanto maior for a importância do trabalho para a produção de bens e serviços que as pessoas valorizam;
9. Acontece que o trabalho está em directa competição com o capital;
10. O capital tem o dom de multiplicar o trabalho humano;
10. Quando a oferta de trabalho é elevada relativamente ao capital acumulado, o preço do trabalho é baixo e o preço do capital é elevado;
11. Este estado de coisas estimula a poupança, isto é, a acumulação de capital;
12. A cada momento, o preço do capital e do trabalho reflectem os interesses de todos os agentes, consumidores, empregadores e consumidores na proporção da sua contribuição para a sociedade;
13. Coerção exercida pelo estado para fazer subir o preço do trabalho tem custos elevadíssimos;
14. Em primeiro lugar, quando o preço do trabalho sobe artificialmente, a coerção é distribuída por todos os agentes e grande parte dos agentes são forçados a alterar as suas próprias preferências. Diminui a liberdade de todos os agentes;
15. Em segundo lugar, a eficiência da economia diminui e a acumulação de capital passa a ser menor que aquele que existiria se o estado estivesse quieto. Isto reflecte-se nos rendimentos futuros dos trabalhadores.
16. Em terceiro lugar, os produtores transferem os custos adicionais do trabalho para o consumidor e os bens de consumo ficam mais caros;
17. Em quarto lugar, o lucro de uma empresa é máximo para uma determinada proporção entre o capital e o trabalho. Se o custo do trabalho aumenta, o óptimo desloca-se para o lado do capital. Os empregadores são incentivados a despedir pessoal e a usar o dinheiro poupado para adquirir mais capital. A protecção do trabalho gera desemprego ;
18. Curiosamente, dado que o proteccionismo gera desemprego, nos anos de ouro do sindicalismo, os governos atribuíam benefícios aos trabalhadores e estes benefícios causavam desemprego. Como os benefícios causavam desemprego, os governos geravam inflação para reduzir o desemprego. Entretanto a inflação comia os benefícios.
19. O Satyricon não percebeu que o que conta para o mercado é o preço da hora efectiva de trabalho. Isto significa que determinados benefícios são descontados no salário total pelos empregadores.
20. Se o governo concede férias, 13º e 14º meses aos trabalhadores, o mercado de trabalho reajusta-se e o salário mensal baixa para que o preço da hora de trabalho permaneça constante.
21. O Satyricon acha que todas as correlações implicam causalidade. Não percebeu que o que causa o aumento do poder de compra dos salários é a acumulação de capital e o consequente aumento de produtividade do trabalho;
22. A intervenção do estado no mercado de emprego só contribui para atrasar a acumulação de capital;
23. A fama dos sindicatos é uma ilusão que, na maior parte dos casos, vive às custas da acumulação natural de riqueza;
24. Curiosamente, o Satyricon tropeça numa das vulnerabilidade dos sindicatos: a dificuldade em manterem uma acção colectiva sem recorrerem à coerção;
25. O sindicatos são sempre vulneráveis aos desertores;
26. Por isso é que os sindicatos são a favor de leis que submetam a liberdade dos trabalhadores à vontade colectiva do sindicato;
27. Por isso é que os sindicatos defendem leis que limitam a liberdade do trabalhador para abdicar do direito à greve;
28. Estranhamente, o Satyricon defende que a liberdade contratual do trabalhador deve ser limitada para que a liberdade total do trabalhador possa ser protegida.
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