Liberdade de Expressão

 

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sábado, julho 26, 2003

 
Primarismo do Liberdade de Expressão II


O Terras do Nunca resolveu explicar porque é que considera determinadas abordagens do Liberdade de Expressão primárias. Segue-se a minha resposta:

1- O Terras do Nunca afirma que eu tenho horror do contraditório porque eu não concedo espaço neste Blog às posições que podem contrariar as minhas ideias. Claro que o Terras do Nunca ignora todos os argumentos que contrariam as suas teses pré-concebidas. Por exemplo, o Liberdade de Expressão é um dos Blogs da Blogosfera portuguesa que mais participa em debates e cita frequentemente posições de que discorda e publica emails com posições diferentes das suas. O Liberdade de Expressão não pode é ser obrigado a representar as posições do PS que considera fracas. Esse é um problema dos Relativos ou do Linhas de Esquerda.

2 - O Terras do Nunca afirma que o PS desmentiu a notícia do Expresso. Ora isto não é verdade. O PS desmentiu muito pouco. O PS desmente que que membros do anterior Governo teriam tomado conhecimento de factos relacionados com a existência de casos de pedofilia na Casa Pia, através de uma auditoria realizada em 1998 e que que qualquer relatório referente a auditorias desenvolvidas à Casa Pia tenha sido entregue no gabinete do então ministro Ferro Rodrigues.

3 - Ora, nada disto é suficiente para livrar Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso de responsabilidades políticas no caso Casa Pia.

4 - O próprio PS confirma que o relatório levado a cabo pela Inspecção Geral do Trabalho e da Solidariedade assinalou a existência de indícios de irregularidades administrativas e financeiras

5 - Ou seja, na hipótese mais benigna para o PS, o governo PS subvalorizou indícios de irregularidades administrativas e financeiras e não demitiu o provedor.

6 - Na hipótese mais benigna, o ministério de Ferro Rodrigues não foi capaz de detectar os casos de pedófilia.

7 - Na hipótese mais benigna, o PS admite que os serviços do ministério funcionavam mal e que Ferro Rodrigues não foi informado do conteúdo do relatório de 1998.

8 - Para alem disso, o PS não responde aos detalhes relatados pelo Expresso. Não responde, por exemplo, a um dos pontos cruciais: segundo o Expresso, o relatório de 1998 pedia a suspensão do Provedor. Acontece que o Provedor não foi suspenso, o que mais tarde se veio a revelar um erro de julgamento (político). Esse erro de julgamento é da responsabilidade de Ferro Rodrigues.

9 - O Terras do Nunca afirma que o PS desmentiu que Pedro Namora se tenha encontrado com um alto dirigente do PS entre os dias 25 de Novembro de 2002 e 13 de Fevereiro de 2003. O problema é que este desmentido vale muito pouco. A noção de alto dirigente do PS é demasiado vaga para que alguém possa desmentir o que quer que seja em nome de todos.

10 - O Terras do Nunca considera relevante que o PS desminta genericamente as notícias que saem nos jornais e que prometa processar os seus autores e divulgadores (incluindo este mísero Blog). O problema é que os desmentidos são demasiado vagos. Por vezes nem se percebe o que é que exactamente estão a desmentir.

11 - Por exemplo, o que é que este comunicado de imprensa desmente?.
A notícia do Correio da Manhã?

12 - Ferro Rodrigues desmente que esteja a ser investigado ?

13 - Desmente que em 1994 um prof. do ISCTE tenha ouvido uma conversa estranha?

14 - Desmente que esse prof. tenha participado do sucedido ao Procurador?

15 - O Terras do Nunca afirma que eu não vejo a polémica, que envolve juízes, políticos, jornalistas, toda a gente, de todos os quadrantes políticos, que enche os media sobre vários aspectos do funcionamento da justiça. Claro que vejo, mas também vejo que esta é uma polémica estéril e inconsequente e resulta da histeria do momento.

16 - Também vejo, e talvez o Terras do Nunca não veja, péssimos argumentos. Seguem-se dois exemplos.

17 - No caso Paulo Pedroso, foi dito que foi negado o direito ao recurso e a culpa foi lançada para o Juiz da Relação. Acontece que o juiz da relação cumpriu escrupulosamente a lei e não podia ter feito outra coisa. Acontece que a Relação não é a última instância de recurso e os advogados de Paulo Pedroso já recorreram para o supremo.

18 - No caso das escutas a Ferro Rodrigues, foram defendidas coisas absurdas. Por exemplo, Santana Lopes defendeu uma comissão de inquérito parlamentar a um processo a decorrer que ainda está em segredo de justiça. E toda a gente achou bem. O PS pediu à Procuradoria que declare se Ferro Rodrigues está ou não sob escuta violando o segredo de justiça e prejudicando a investigação sobre um suspeito.

19 - O Terras do Nunca ironiza com a minha frase «A máquina da Justiça está finalmente a funcionar». Mas não percebeu que o que eu defendi foi que a hipótese de que «A máquina da Justiça está finalmente a funcionar» é muito mais plausível que a hipótese da cabala. Será que o Terras do Nunca defende o contrário?

20 - Finalmente, o Terras do Nunca diz que o meu raciocínio está turvado pelo ódio e que por isso menorizo e ridicularizo Ferro Rodrigues.

21 - Infelizmente, não sou eu que ridicularizo Ferro Rodrigues. É o próprio que o faz nas suas intervenções.

22 - Eu critico Ferro Rodrigues e sustento as minhas críticas com factos e argumentos. Ferro Rodrigues é aqui criticado por 3 razões fundamentais: abusa das técnicas de vitimização, não age de acordo com a sua própria doutrina e é keynesiano. O Terras do Nunca não contesta nenhuma das críticas que aqui são feitas a Ferro Rodrigues. Em nenhum momento o Terras do Nunca mostra que essas críticas são injustas.

PS- Vejo na televisão que o PS acaba de desmentir a notícia do Independente. Infelizmente, o PS não está em condições de desmentir o essencial da notícia do Independente. Isso só pode ser feito pelo director do CIDEC, por um tal Osvaldo Moleirinha, pelo procurador Joao Guerra ou por Saldanha Sanchez. Mas a encenação dá frutos e é isso que interessa ao PS.