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segunda-feira, abril 28, 2003
O filho do jardineiro
O Cruzes Canhoto comentou uma das minhas bocas sobre propinas: "E como é que se vê o rendimento dos alunos? Pela declaração de IRS dos pais. Logo um filho de um pequeno e médio empresário tem as propinas pagas e o filho de um jardineiro municipal não. Pois..."
Este é um argumento interessante: como a declaração de IRS não é um bom indicador de riqueza não é possível destinguir quem precisa de isenção de propinas e quem não precisa. Sendo assim, é melhor que o ensino público seja pago pelos impostos do que pelas propinas. Mas pera lá, os impostos não se baseiam precisamente na mesma declaração de IRS? E pela mesma ordem de razões, não era mais justo que os impostos fossem iguais para todos e independentes da declaração? É justo que o jardineiro pague muito mais impostos que o pequeno e médio empresário? O mundo, infelizmente, é imperfeito e não existem métodos perfeitos para avaliar a riqueza de cada um, mas se o objectivo é a chamada justiça social, então os métodos imperfeitos são muito melhores que método nenhum.
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